Luanda -   Sebastião Martins, ministro legalista do bastão, veio ao actual e passageiro programa vedeta da TPA, “Espaço Público”, dar o seu parecer sobre o parecer dos seus superiores hierárquicos. Para o interveniente antigamente directo e agora indirecto, mas sempre em cima dos polícias que estão no terreno, todas as acções policiais ocorridas no dia 3 de Setembro, em que foram presos 21 manifestantes, dos quais 18 foram condenados a pelo menos 45 dias de prisão, foram ajustadas ao momento.

 

*Sílvio Van-Dúnem & Arlindo Santana
Fonte: Folha8


O ministro tem razão, tudo tinha sido programado de antemão e mal apareceram aqueles estudantes dantes a dizer que eram de hoje e a fazer confusão entre os verdadeiros, a polícia interveio, como estava programado. E foi mesmo mais longe, ao declarar que a acção policial foi “imparcial e isenta”, como competia ao cumprimento da sua missão.

 

Pouco faltou para o ministro justificar que partir a cabeça aos manifestantes foi um dever revolucionário, das forças policiais contra todos quanto lutem e se manifestem para criticar a política discriminatória e a má gestão do governo do MPLA. Mas não disse e negou tudo o que tinha sido veiculado pela imprensa não estatal, segundo a qual o que se passou foi mesmo uma provocação policial dos seus agentes à paisana para provocar a intervenção da polícia fardada. “Tudo balelas”, disse sem o dizer Man Sebas, que negou a pés juntos a possibilidade de a Polícia Nacional ter infiltrado no seio dos manifestantes efectivos seus com o intuito de causar distúrbios, coisa que toda a gente presente na manifestação presenciou e até mesmo aconteceu uma senhora de sessenta e tal anos ter sido presa como arruaceira simplesmente porque se encontrava na trajectória taurina, sim taurina, cega, a investir de cabeça baixa, sem olhar onde fazia desgastes e a quem agredia. Toda a gente presente, ou quase, pôde ver as agressões de pessoas civis, autênticos agentes da Segurança de Estado e da Investigação Criminal que, depois de cometê-las, pactuavam sem pejo com elementos fardados da Polícia Nacional.

 

 Toda a gente, ou uma parte significativa pôde ver que o correspondente da RTP, Paulo Catarro, a quem foi atirado gás lacrimogéneo à figura e que presenciou  os elementos da segurança a impedirem câmaras de filmar, não foi entrevistado. (Circula que terá  pactuado na versão das autoridades na sequência de acertos  mantidos  com o jornalista presidencial Gonçalves Inhanjika)Toda a gente que por perto estava viu, mas ninguém conseguiu ver que a acção dos agentes de segurança à civil foi feita na presença do  comandante da polícia do Rangel, leram bem, estamos a referir-nos ao Mateus André  que não mexeu uma palha quando as verdadeiras arruaças e agressões foram cometidas nas sua barbas por elementos desconhecidos, mais que provavelmente da Secreta.

 

Viu, sorriu, não chegou a aplaudir, mas mostrou-se peremptoriamente neutro, deixando todos os autores desses actos, impunes, em vez de actuar como o seu papel de comandante da polícia lhe impunha.Não aconteceu nada, a não ser a violenta manifestação dos estudantes. Portanto, tudo se encadeando deste modo, Sebastião Martins, de facto o responsável da ordem pública, negou que tenha visto os seus colegas do ministério do Interior a procederem de forma violenta contra os jornalistas. Podera. Os manifestantes não faziam apologia a política governativa, nem ao líder do MPLA, elevado a condição de Chefe Supremo e divino, que nunca erra… e faz milagres em tudo que faz e pensa.

 

Por seu lado, a reportagem da TPA sobre a última manifestação do dia 25.09 passado, visou  minimizá-la, primeiro, pela imagem, ao escolher ângulos de filmagem que minorassem a importância do número de manifestantes, segundo, apresentando-a como um acto marcado de “insultos” , de “violência” e  de  perturbação aos  moradores.  Mas esse trabalho jornalístico medíocre foi contrariado pela própria filmagem, pois não se viu no vídeo programado nenhuma violência nas imagens transmitidas; aos insultos idem; nas imagens os manifestantes, só podiam ser pseudo manifestantes, pois eram claramente direccionados pela polícia.Nada, toda a gente viu e ninguém viu nada, pelo que o ministro do Interior, com toda a razão, frisou que a polícia agiu para garantir a segurança das pessoas, aqui as do MPLA e seu exército de bajuladores, e salvaguardar a ordem e a tranquilidade públicas.


Parafraseando sem parafrasear o optado Ismael Mateus, que comentou algures que a intervenção do jornalista Paulo Catarro, ao praticamente não dizer nada contra a intervenção policial, tinha sido “correctíssima” e que os pseudo manifestantes eram apenas peseudo-pseudo manifestantes, e que, apesar de toda a gente ter visto, ninguém viu, esses duploto que poderá acontecer muito em breves pseudos só podiam ser identificados pelos manifestantes, “ pelo cheiro ou pelo olhar”, mas que o jornalismo não é isso, o mínimo (talvez seja o contrário, o mais que) se pode dizer é que são pessoas não identificadas. Obrigado Ismael, não precisas de tanta banha para justificar o tacho que te deram, pois tens capacidade intelectual e académica para sobreviver sem aquela!


  Prisão arbitrária da ex-direcção do Comando Provincial da Polícia de Luanda

 

 Para Sebastião Martins está tudo feito, quer dizer, agora é só puxar a linha e pôr o peixe no balde, o comandante e o seu staff estão completamente controlados e agora é só esperar o  julgamento, que poderá ser agendado a muito breve trecho. Ao que parece e a julgar por uma fonte de F8, “não haverá julgamento, mas uma encenação, uma farsa, porquanto tudo já está decidido e programado com os juízes e procuradores militares, superiormente, instruidos para condenarem a antiga direcção provincial da Polícia de Luanda, mesmo sem provas blindadas do cometimento dos crimes pelos quais estão a ser acusados, por orientações expressas do Presidente da República, tal como o fez no «caso Miala»”, asseverou A. António Josué.

 

Por outro lado, este analista político, que abandonou o “in circle”, presidencial por acreditar estar “o regime a definhar, tudo é claro quanto as injustiças, pois o líder da actual situação de divisão nas Forças Armadas, na Polícia e no país tem um nome: José Eduardo dos Santos, concentrador de todos os poderes, o homem das orientações clarividentes, para os seus bajuladores e seguidores, então que ninguém tenha dúvidas ser ele o responsável por todas estas barbaridades, que, no fundo, estão a minar os órgãos de soberania”.


 Em função disso, o político não tem dúvidas. “Por iguais práticas  impensadas, nos órgãos policiais e das forças armadas, regimes como os da Tunísia, Egipto e Líbia foram derrubados sem contemplação, pois os discriminados e injustiçados de todos os lados uniram-se ao clamor popular contra a casta no poder”.Bom, por esta razão, esta de o julgamento da antiga direcção do Comando e da Investigação Criminal de Luanda, segundo o ministro Sebastião Martins, poder ser agendado para muito brevemente há mais de um ano que a cantiga é a mesma, mas o que acontece é que os atropelos à lei são tantos que o que mais faz atrasar a ida à barra da ex-equipa capitaneada pelo comandante Quim Ribeiro, é o facto de se temer a justo título que não possa haver julgamento, por não ter “havido correcção, imparcialidade, rigor na gestão do processo policial.

 

 É a maior incoerência de instrução preparatória, pois os suspeitos, não são suspeitos tal como os arguidos, mas réus previamente condenados por Dos Santos, que em boa verdade está a ficar somente com bajuladores e, estes, quando o barco estiver a afundar serão os primeiros a saltar, tal como os ratos e apontar-lhe os maiores defeitos. Mas esta é a sina de todos os ditadores; não conseguem enxergar os momentos de agir com ponderação, como se os seus umbigos, fossem o universo do mundo”.  Em boa verdade, todo o processo está podre, e o ministro sabe. De maneira que o melhor é eliminar as escorregadelas e exacções cometidas por via de um remédio santo, o passar do tempo, capaz de fazer tudo apodrecer, mesmo a verdade não históricaDito de outro modo, o ministro deu a entender que o processo do comandante Quim Ribeiro é uma encomenda que pouco ou nada tem a ver com justiça.