Luanda - A crise agudiza-se na Europa. Os países do velho continente afligem-se, pois o cenário para os próximos tempos não é dos melhores. Prognosticos traçados ontem por jornalistas portugueses no programa da SIC Notícia "Eixo do Mal", entre muitos, é que grande parte da população jovem portuguesa, intelectual, e com "know How" vai acabar por imigrar para países mais atraentes.


Fonte: Club-k.net



Sendo África um continente onde ainda há muito por se explorar, e no caso particuilar de Angola, um país potencialmente rico, não é difícil advinhar para aonde muitos desses jovens europeus irão aportar, dentro de pouco tempo. E, quem fala de Portugal, fala de outros países que estão a passar por uma situação económica muito difícil, e que vai acabar por se alastrar por todo mundo, segundo analistas.


O que me preocupa não é a vinda massiva de quadros europeus bem preparados, que numa situação normal, representaria, simplesmente uma mais-valia para os países que os receberão, mas sobretudo, a falta de política dos países africanos, salvo raras excepções, que continuam a pensar que vivem alheios ao que se passa em outros pontos do globo, ignorando o factor globalização, e não estão a criar políticas para lidarem com esta onda imigratória que poderá afectar o nosso continente.



Nessa nossa velha ignorância, e Angola está incluída, os países não se estão a preparar para receber essa massa intelectual, e não só, que acabará por "invadir" os nossos países, situação próprias das fases cíclicas que o mundo está a viver (lembrem-se, que Angola também já assistiu a emigração em massa da juventude, só que, diferente do que acontece no nosso país, por exemplo, os países de eleição, como Portugal, embora tenham se sentido apertados, tiveram de criar políticas urgentes para lidarem com a situação. E, no nosso caso não há, e não vejo preocupação, pelo menos nos discursos que vou ouvindo da classe política, e principalmente, de quem governa).


Como será inevitável essa vinda de estrangeiros à procura de melhores condições de vida, bem como oportunidades de emprego, e de negócios, em mercados praticamente virgens como o africano, e em particular angolano, o que acontecerá, uma vez que grande parte da nossa população é analfabeta e iletrada, e os recursos humanos nacionais, e um pouco por toda a África não tem grandes conhecimento tecnologicos, certamente que gerará graves conflitos sociais.



Devo também salientar, que nesta onda imigratória, se juntarão emigrantes de África, a muito imigrados para outras paragens que agora sentem necessidade de regressar, uma vez que a crise parece ser mais violenta que as anterior, e o anterior "oásis" deixou de oferecer melhores oportunidades para esta população, e não devemos ignorar que o número de angolanos na diáspora, já não é tão reduzido, como de há uns anos. 


Portanto, caso os governos africanos, não se preparem para este momento que acabará por chegar, não tarda muito, e nem sei se ainda vamos a tempo, prevejo para os próximos tempos, o agravamento da tensão social nos países africanos.



Esta distracção dos governos africanos, e volto a ressaltar, com raras excepções, demonstra bem a caducidade de grande parte dos governos em África, que neste momento debatem-se com graves problemas internos, e não mostram capacidade de resposta aos novos desafios que o mundo está a enfrentar. Com isso concluo que teremos, igualmente nos próximos tempos grandes desafios, e chego a clara conclusão que é urgente e necessário que se renove os governos dos países do continente negro. Caso não, Áfica poderá ser novamente engolida pela potencias europeias, e viver mais uma fase de neo-colonialismo, ou endo-colonialismo, como diz o meu amigo Luís Araujo.



Apenas lembrar que países como o Brasil, que em determinada fase da sua existência foram assolados por uma grande vaga imigratória, fruto de boas políticas governamentais, souberam tirar proveito desta situação, e hoje vão colhendo os bons frutos, pois estes imigrantes, europeus, e japoneses, na sua maioria, ajudaram este país sul-americano a crescer. África pode e bem seguir o exemplo brasileiro.



É preciso estarmos atentos a nova fase que o mundo está atravessar e acompanhar as pegadas.


Ana Margoso