Luanda - O povo angolano estava expectante sobre o discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, enquanto Chefe do Executivo, junto do órgão legislador e fiscalizador que, não foi tido e nem achado. Pois, após a leitura do seu longo discurso, o Presidente, como se diz na gíria, tirou o pé sem dar cavaco a ninguém. Nem deu tempo que as bancadas parlamentares da oposição através dos seus presidentes, questionam-se ou não sobre alguns aspectos do seu lacônico, e habitual, discurso que quase, ou nada, diferenciou-se dos anteriores.


Fonte: Club-k.net

Porque vejamos:

Numa altura em que os problemas sociais de varia ordem tendem a se degravar, o balanço apresentado pelo PR é extremamente positivo. Pois, não falou da mediocridade do ensino que crianças, adolescentes e jovens com 12 anos de escolaridade, não sabem ler muito menos escrever devidamente.


Sobre A SAÚDE falou com substância da SIDA, passando ao lado à malaria que mata em cada minuto um angolano. Uma vez que, ele sabe que a única forma de combater e erradicar a malaria e/ou paludismo, é acabar com o lixo e as águas residuais que cada beco campeia, sobretudo nas cidades capitais das províncias.


Em relação HABITAÇÃO, o PR falou na construção de fogos em alguns municípios do país na ordem de dezenas, e não falou de um milhão de casas prometidas por ele mesmo durante a campanha eleitoral de 2008, muito menos falou das cerca de um milhão e meio de empregos.


Enquanto a JUVENTUDE falou da sua participação na luta de libertação do país, sua afirmação e do diálogo entre as instituições. Mas sabe que, há menos de uma semana alguns jovens que no dia 3 de Setembro do corrente, foram encarcerados, torturados e condenados. Como dizia, precisamente há menos de uma semana foram libertados.


O diálogo pronunciado pelo PR é um termo que, o mesmo, nos habituou a ouvir em todos seus discursos ao longo do seu consulado que data a 32 anos (1979/2011). Que diálogo ou reconciliação advoga o PR se a Fundação 27 de Maio enviou um Dossiêr de Entendimento sobre o passivo, sem nunca ter recebido resposta ou dialogado com ele e/ou com as instituições de direito?


Ainda assim, há quatro meses através do ex-governador de Luanda, José Maria dos Santos, a Fundação 27 de Maio compilou todas as correspondências, formando um dossiêr e fez a entrega ao referido então governador. Por outro lado, há uma semana voltou está instituição a enviar um documento circular, na qualidade de PR e do MPLA, pelo que aguardávamos ansiosamente de um pronunciamento sobre a questão do 27 de Maio de 1977, cujo desentendimento surgiu no seio do MPLA, que ele dirige há 32 anos, e mais, é conhecedor de tudo que andou em volta dos acontecimentos que estamos aludir.


Pois, ele foi o Presidente da Comissão do Inquérito sobre a existência, ou não, do fraccionismo no seio do MPLA, por um lado, e por outro, ele foi o Presidente da Comissão da Liquidação da DISA (polícia política do MPLA), cujos autores materiais e morais pertenceram a tal instituição repressora (a DISA). Por isso, acrescido com a responsabilidade de Presidente do MPLA e da República, ele é a única entidade que pode, usando estas faculdades, pôr termo a este passivo que criou recalcamentos e frustrações as famílias, aos sobreviventes e povo em geral, cujo medo está formatado nas suas mentes.


Para terminar, deixamos aqui um recado ao senhor Presidente da República e do MPLA. Os grandes homens são aqueles que dirigem mantendo o seu povo unido, coeso, sem recalcamentos e ódios, criando políticas que promovem o desenvolvimento humano. Porque, ao que tudo indica, o PR pretende deixar o país onde uns poucos têm tudo e a maioria pobre e miserável, muito embora o seu balanço, sobre o estado da nação, nós dá um resultado fora do alcance dos olhos dos angolanos.
 

Gostaríamos ainda apelar, e lembrar, ao Presidente da República e do MPLA que implemente na prática o diálogo que advogou passando da teoria à prática, para permitir que os feridos na sua condição de cidadão, saram as suas feridas. Pois, mais de um milhão de angolanos usados para guerra fractricida entre irmãos, assim como os pais que perderam seus filhos, rusgados para servir-vos, que não recebem o subsídio de sangue consagrado na legislação do país, sejam contemplados pelos feitos realizados.


Só com a unidade e reconciliação seremos unidos e beneficiaremos dos recursos naturais do país, terra dos nossos antepassados que verteram o seu sangue para o resgate da pátria. Enterro condigno aos mortos precisa-se, para que as almas descansem em paz. Pois está acção é apenas uma dádiva pelos seus feitos e para repararem parte das atrocidades cometidas ao longo dos 36 anos da independência. Exige-se uma campa memorial aos heróis da pátria no Largo da Independência.


Por último, apresentaram na TV todas as imagens dos deputados e ministros, menos a do deputado Makuta Nkondo e a terminar apareceu à imagem do presidente da UNITA, dr. Isaías Samakuva e o mais triste quando, o Presidente estava a falar sobre o registo eleitoral apareceu a sigla do MPLA. Que batota eleitoral. Tudo está na cara que os camaradas estão atrapalhados, a título de exemplo na actualização dos registo eleitoral pelo facto de apresentarem figuras do MPLA e do governo, apelarem o voto, mostrando as siglas do MPLA e apenas esses, que vergonha! Deixem o povo conscientemente escolher sem manipulação. Basta!


Enquanto ao dialogo o Presidente advogou não será o silenciamento dos mais activos, como aconteceu com os manifestantes do dia 3 de Setembro e do povo de Kaxicane.
Agora responde: Monopolizar os órgãos de comunicação social estatais, rádio, jornais e televisão não é ditadura? Também não é ditadura a polícia travar a marcha da juventude estudantil a favor do jornalista e defensor do povo, William Tonet, quando se dirigiam a estatua de Agostinho Neto no Largo da Independência?

*Activista cívico