É verdade que corrupção também pode ser combatida com uma decisão eleitoral, mas não é, de maneira nenhuma, o instrumento mais eficaz e muito menos o único instrumento. Eu mencionei anteriormente  a expressão <<problema cultural>>, isso significa muito. Incluindo o fato de que a corrupção, em Angola e mundo afora, não será combatida simplesmente com mudanças de governos. O combate a corrupção deve estar inserido numa escala maior, que no caso é a existência de um projeto social e nacional, que com o fim da guerra estará  caracterizado, não só na implementação das Políticas Públicas. Mas também na  conclusão efetiva de cada uma dessas políticas que, classicamente,consiste   no comprimento de cada um de seus passos: planejamento, elaboração do programa, execução, conclusão e, finalmente, resultados e impactos sociais que deverão ser aprovados pelos agentes sociais.  Tudo isso deve ser feito num clima de Paz e de Democracia; tudo isso exige  que a sociedade promova os seus melhores líderes  na pele dos políticos e dos partidos que representarão esses líderes e vice-versa.

Induzir  o pacato cidadão, o leigo, o sujeito  de  entendimento  ou nível  intelectual médio  a direcionar seu voto erroneamente com o pretexto de que a corrupção se combate com a mudança de liderança é cair no engano.  É atentar contra um projeto Nacional e Social que só o partido no poder, ainda, tem para oferecer a nação angolana. O MPLA , comprovadamente, é   a peça fundamental nesse projeto, e o objetivo da elaboração do mesmo não é a perpetuação desse partido no poder, muito menos a dos seus líderes. O objetivo é livrar, precisamente, o povo angolano da miséria social e cultural em que agora estamos atravessando, e que o fator   guerra fez questão de nós impor. O objetivo é preparar a nação para que a democracia não esbarre futuramente, a curto prazo ou mesmo a longo prazo, em crises que possam atrapalhar uma evolução normal daquilo que  já se vem construindo há seis anos atrás, e do que pretendemos construir daqui em diante.

Com relação à miséria cultural, isso inclui todas as formas possíveis de corrupção, inclui, por exemplo, todas as formas de discriminação, entre elas o racismo. É mesmo chato no seu próprio país ter que provar por mundos e fundos de que você é, ou não é, por causa da cor da sua pele. Se num projeto do MPLA, que está no poder governando, já encaramos coisas daquelas que você descreveu. Imagine você  se o projeto Muangai  por infelicidade e desgraça for executado. Camarada e amigo Pula do BO, o projeto Muangai está em evidência e nos seus estatutos, além de outras truculências e burrices, diz: que o objetivo dos homens do Galo Negro é a construção de um Regime Socialista Negro Africano [ver artigo de José Ribeiro, Jornal de Angola].

Com relação ao socialismo não duvidamos muito, mesmo por que ele existe, ainda, e é possível, apesar das derrotas que andou  sofrendo. Mas  Regime Negro, isso deve ser complicado, eu arrisco mesmo a dizer que é quase impossível -ou melhor- certamente, e para sua execução possivelmente será a troco de muito sangue, baionetas e com o barulho das AK-45. E, ainda, serão mais outros dois milhões de angolanos a morrem por um ideal velho e caduco em que seu autor já tem seu lugar bem reservado nos confins do inferno(Jonas Maleheiro Sidónio Savimbi) !

Africano? Nada contra, mas a africanidade não pode ser a custa de fechar o país, ou até mesmo o continente ao mundo. Ao contrário, a àfrica está na situação em que está, precisamente, porque sempre foi isolada do mundo, é tido como um continente solitário.

Amigo BO, estou há muito tempo fora do país, e é triste. Você deve sofrer tanto racismo quanto eu sofro, com a pouca diferença que você está no seu próprio país. E não adianta dizer que racismo existe por que é normal. Não! Não é! As pessoas são racistas, precisamente, porque têm maus vícios, entre eles a corrupção. Qualquer vício pode gerar outros vícios. As pessoas são racistas, porque, precisamente, são egoístas, mal educadas, oportunistas, narcisistas, tribalistas,  vivem longe da simplicidade e a beira da vaidade excessiva. São racistas porque não querem cumprir ordens, a lei e os bons costumes, mesmo quando se lhes oferecem oportunidades para se viver e construírem uma sociedade democrática. E há o caso até de pessoas desiquilibradas!

É por estes e vários motivos, por mil e um motivos, que se torna  perigoso votar num partido como a UNITA; é perigoso e irracional, é inadequado. E a questão não é simplesmente ideológica ou política, a questão é cívica, é sobre moralidade e ética.

Uma análise histórica e  profunda sobre esse movimento ou partido, como insiste em ser chamado, chegamos a conclusão que ela está além de ser um partido de ex-trema direita –se a convenção para contagem for adotada- ela ultrapassa os limites do que significa ser de direita indo mais além. Identificando-se mesmo com qualquer coisa, menos do que com uma organização política. Assim, fica difícil convencer ao cidadão de que para se combater a corrupção qualquer coisa vale.

Pois bem, amigo BO, você agora tem chance de escolher, chance  e liberdade, tanta liberdade que nem na época  salazarista você se sentia com tal liberdade. Hoje você tem um país livre e democrático, o problema é só saber escolher: Aquele projeto, o  de Muangai,  concebido  há mais de  quarenta anos atrás, ou a liberdade de um povo com  a missão de manter um país coeso e indivisível, sem racismo, sem preconceito, sem tribalismo e o melhor  ainda direcionado por um partido que fez de sua existências as causas (por últimas)  mencionadas, o MPLA.

Fonte: WWW-a.patria.net