Brasil - Como terminou Kadafi? Já todos  sabemos: humilhado e morto, como um cachorro perseguido pelo deserto, o deserto que  bem ele conhecia, mas não pode proteger  o fugitivo, que nos últimos anos  não soube lidar nem com o seu povo e muito menos com os bandidos do Ocidente que vão atrás do petróleo como  iam os homens do faroeste atrás do ouro.


Fonte: Club-k.net


Kadafi  serve de alerta para muitos que estão aí, que se sentem  seguros e vitalícios e não entendem  que a hora deles  pode chegar, mesmo quando  não desejam.  Kadafi é a prova de que não existe legitimidade sem contestação, não existe revolução popular  exitosa que não possa terminar como uma contra-revolução  que para continuar a sobreviver negue suas origens ou aquilo que lhe deu causa.

 

A Confusão que derrubou Kadafi, se assim quiserem chamar -e é mesmo uma Confusão- , mesmo sendo absurda, ganhou legitimidade o suficiente para transformar nosso beduíno do deserto num sujeito ignóbil, que será enterrado sem glorias e sem as lágrimas do seu Povo. Porque estes, diante da Confusão, não sabiam mais se valeria apena  se sacrificarem por um “ditador”  há 42 anos no poder, ou apostar numa verdadeira democracia.  Mesmo   com valores e sentimentos falsos e retrógrados como a nossa, onde só os bandidos dão-se bem, e no fim apresentam-se como os novos ricos aplaudidos pelo novo regime “democrático” e corrupto.

 

Não se esqueçam que o homem aqui mencionado foi um herói enquanto existiu, porque derrubou uma monarquia  e soube enaltecer a dignidade dos povos africanos, mesmo que de maneira controversa  e extravagante. Mas Kadafi esbarrou no oportunismo,  na cegueira e na corrupção. Se pelo menos soubesse usar os bilhões de dólares do petróleo para transformar seu país numa potência militar, lá mesmo no mediterrâneo, região estratégica  que permitisse barganhar  respeito aos adversários,  talvez teria condições de resistir os bombardeios da OTAN.  Kadafi  e o regime que dirigia nunca souberam  se preparar para guerra. Ele e sua família, filhos, fizeram do regime  um estandarte para promoverem  e avivarem   seus estilos de vidas de salvadores  de um país que melhores índices sociais na região tinha. E quê?

 

Se a Líbia era assim, país africanos com melhor distribuição de renda, imagina o nosso país ( Angola) arrasado pela eterna miséria, protagonizado pelos atuais dirigentes que aí estão. Assim, a suposta democracia dinâmica e viva propalada no último discurso do chefe do executivo  angolano jamais seria  suficiente para agradar um povo miserável como nosso, cansado de um governante  repetitivo nos seus discursos e atos.  Um sujeito que talvez esteja caminhando em direção a  uma sorte pior  que a do próprio povo que ele dirige e vive enganando. Se não sabia José, seu discurso foi um fracasso, cheio de omissões e mentiras, cheio de “esperanças” que refletem a sua própria imagem: um retrato do passado, que se apresenta diante do Povo ou  da  Nação como um fantasma. Um fantasma que já não surpreende, nunca trás nenhuma novidade que não seja a sua própria existência inerte e inútil, diga-se. Até onde eu sei, você é um fracassado que sempre viveu das vitórias dos outros. E que agora pretende se “perpetuar” no silêncio e na ignorância de um povo. Mas até isso você não conseguirá!


Por isso estamos aqui para alertar, o MPLA pode merecer nosso voto por mais 30 (trinta) anos, mas  Angola, como o partido no poder, não merecem os atuais dirigentes que têm. É preciso  a reestruturação e a renovação de tudo que há aí. Não queremos guerra, sim. Mas chegou a hora destes dirigentes se demitirem, aposentarem-se  e transferirem o poder para quem tem competência  e dinamismo para continuar a governar. O próprio MPLA precisa de uma direção dinâmica, que saiba corresponder as exigências  atuais da sociedade  angolana: um país jovem que exige dos seus dirigentes  a meritocracia e o empreendedorismo, e não mais os anos de guerra que tal ministro, general ou fulano enfrentou nas frentes de batalha.

 

Por isso, essa Confusão nas ruas, chamada, estupidamente  e de forma ignorante, de Revolução pelo vandalismo que se identificam como lutadores de uma causa nobre, tem razão de existir e se  justifica. Não adianta dizer que a Confusão deve ser combatida. Quem deve ser combatida  é a corrupção, que não tem moral para combater os confusos manifestantes –verdade diga-se estão no seus direitos de reclamarem o que nunca tiveram: dignidade, emprego, saúde e boa educação; quem deve ser combatido é a corrupto que ainda está no poder, e que finge, com os seus discursos, que  pode mobilizar ou sensibilizar as massas.

 

Acabou José, sua era de fingir e enganar, ou ao menos de mostrar que deveria ser um  militante comunista a altura, está no fim. O único que você pode fazer e merece fazer é  se retirar de maneira organizada como exige a honra e a dignidade. Os comunistas ( se alguma vez você foi ou tentou ao menos imitar Agostinho Neto) também são derrotados ou podem sofrer  derrotas, mas a diferença deles  com o resto dos  abutres  que aí estão rondando a coisa pública estes  não matam a sua postura de homens diante dos dólares que você aprendeu a cheirar, e agora a valorizar diante do Kwanza.


Se toca ( balumuka!),  José!  Que a existência  de um  Homem não  se define simplesmente  pelo poder que  este tem. E Angola em particular não nasceu contigo e nem vai morrer contigo. E vê se antes de chegares ao fim aprenda a ser igual a todo mundo, pelo menos uma vez na vida. A vida é bonita e  linda  quando  nos demos por conta que somos mais simples do que imaginamos. É na nossa simplicidade  onde reside a autêntica beleza de nossa existência.

 

*Nelo de Carvalho