Qualquer eleição é sempre uma escolha entre as opções disponíveis. Portanto, e além do tipo de eleição, a conjuntura e o contexto são factores decisivos a levar em conta pelos eleitores. Nas democracias consolidadas, por exemplo, é comum os eleitores votarem num partido nas legislativas, no candidato de outra formação, nas presidenciais, e ainda numa terceira organização, nas autárquicas. Em todas essas eleições, as melhores opções podem variar consoante o partido.

As actuais eleições em Angola são para escolher os deputados ao parlamento e, consequentemente, o futuro governo do país. Embora, constitucionalmente, caiba ao presidente da República a escolha do governo, ele fá-lo sempre de acordo com o partido que vencer as legislativas. Não é à toa que o presidente José Eduardo dos Santos é o cabeça de lista do MPLA.

Para simplificar, pode concluir-se, pois, que as actuais eleições se destinam a escolher o partido que governará Angola nos próximos quatro anos.

Ora, sabendo-se isso, qual é a melhor opção para Angola, de acordo com a conjuntura e o contexto presentemente vividos no país?

Na minha opinião, é o MPLA. Não o digo apenas por ser do MPLA. Há dias, um auto-declarado membro (talvez seja melhor dizer simpatizante, pois não lhe conheço nenhuma militância orgânica) do MPLA declarou que vai votar na FpD e, por certo, nada lhe irá acontecer pessoalmente. Como diz o povo, com a sua enorme sabedoria, “o MPLA é grande”.

A melhor opção para Angola, neste momento, é o MPLA, por se tratar do melhor partido do mundo? Não. É apenas, presentemente, o melhor partido angolano. Estamos em Angola e não em qualquer outro país. Entre as 14 opções disponíveis, o MPLA é a única força realmente nacional, com um projecto de país moderno, onde todos se poderão rever, e que, além de tudo, é experiente e viável.

Como nunca é demais insistir, o seu principal adversário, em que pese todo o verniz, mantém-se fiel ao seu projecto histórico de características violentas e excludentes, inspiradas na mitologia jaga. Lamento-o por vários quadros e militantes dessa formação que conheço e considero disponíveis para partilhar uma visão aberta de Angola. Mas se não forem capazes de mudar realmente a organização (ou então, como outros já o fizeram, de se demarcar da mesma), correm o risco de, a médio prazo, afundar-se com ela.

Quanto aos outros partidos concorrentes, são todos eleitoralmente inviáveis. Isso inclui a FpD, com a qual me sinto mais próximo, do ponto de vista cultural, mas que se revelou um fiasco completo, em termos político-eleitorais.

O MPLA já resolveu todos os problemas do país? Obviamente que não. Mas só a má-fé, o ressentimento cego ou, no mínimo, a dificuldade – própria de alguns intelectuais, na sua relação formal com as ideias - de “entender e viver a tempo” pode ignorar duas coisas: o impacto da guerra, em especial a guerra pós-eleitoral desencadeada pela UNITA em 1992, na situação geral do país; os enormes avanços realizados pelo governo do MPLA, em várias frentes, desde que este último conseguiu pacificar o país, em 2002.

Na minha opinião, a prioridade política, neste momento, é derrotar claramente o projecto savimbista mantido pela actual direcção da UNITA, por detrás de toda a sua retórica. Isso está a ser compreendido por centenas de figuras do referido partido que, só neste mês de campanha, aderiram ou apelaram ao voto no MPLA. Em contrapartida, não se conhece uma única figura do MPLA que se tenha passado para a UNITA, o que diz tudo.

Por outro lado, neste momento, o comboio da reconstrução, do desenvolvimento e da modernização de Angola já começou a subir o morro. Pará-lo significa voltar para trás, talvez irremediavelmente. Com efeito, e a avaliar pelos resultados de 1992, a outra força eleitoralmente viável, além do MPLA, não só não mudou de natureza ideológica, como tem uma série de compromissos, em especial com os seus aliados externos, que poriam em causa, inevitavelmente, todo o trabalho que está em execução.

Em suma, a hora não é para experiências. No nosso contexto e na actual conjuntura do país, nacional e internacional, o voto certo é o voto no MPLA. Para isso, não é preciso ser do MPLA. Os próprios militantes ou simpatizantes da UNITA poderão fazê-lo. Como se sabe, o voto é secreto.

O que foi feito nos últimos seis anos – a começar pela mão fraterna que o governo estendeu à UNITA, quando esta foi militarmente derrotada, em 2002 – demonstra, para quem quiser ver, que o MPLA governa para todos os angolanos.

* João Melo, jornalista e escritor angolano, é diretor da Revista África21 e assina coluna no Jornal de Angola Comentar Enviar por e-mailImprimir Download PDF     Enviar por e-mail
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Fonte: Africa21digital.com