Luanda - Realizado no Cine Atlântico, em Luanda, sábado último, 22 de Outubro, o espectáculo do grupo de música kuduro Os Lambas, esteve rodeado de medidas de segurança pouco habituais neste tipo eventos. Apesar de a sala onde se realizou o show comportar pouco menos de mil pessoas, a Polícia Nacional montou um fortíssimo dispositivo de segurança, segundo constatou no local o MakaAngola.

 

Fonte: makaangola.org


Além de inúmeros agentes, sargentos e oficiais da Polícia de Ordem Pública, no local havia também em número elevado elementos da Unidade Canina, que actua com cães altamente adestrados e capazes de acabar e controlar qualquer desordem em poucos minutos. Patrulhas móveis da polícia comum e da de Intervenção Rápida rondavam as cercanias do Cine Atlântico com o intuito de inibir qualquer pretensão de desordem.


Uma semana antes, no Estádio dos Coqueiros, também na capital angolana o show designado “Dia da Amizade Angola-Brasil”, em que intervieram músicos de ambos os países, reuniu perto de 10 mil espectadores. As medidas de segurança foram absolutamente proporcionais à grandeza do espectáculo realizado a menos de meio quilómetro da residência oficial do Presidente da República, José Eduardo dos Santos.


Entendidos em segurança disseram ao nosso site que a desproporção de meios usados na apresentação d’Os Lambas tem a ver com o facto de esse grupo ser da periferia da cidade, área de origem da maior parte dos jovens que contestam com manifestações públicas o longevo mandato de 32 anos de José Eduardo dos Santos, a quem consideram complacente com a corrupção.


Desde a primeira manifestação a 7 de Março passado, entretanto abortada pelas  chamadas forças da ordem, o policiamento em Luanda tem sido mais ostensivo. Seguiram-se outros protestos públicos e houve manifestantes presos, julgados e condenados. Será provavelmente por isso que está a tornar-se comum ver-se, por exemplo, até carros da Brigada de Trânsito carregados de agentes com armas de guerra.


Assinale-se, que apesar de ter descurado investimentos em áreas fulcrais da vida do país como a Educação e a Saúde, o governo de José Eduardo dos Santos investiu seriamente em meios de repressão e vigilância para controlo e combate de contestações populares.


*Carlos Duarte