Luanda - Recentemente tivera sido levado de surpresa ao constatar nas redes sociais informações que davam a razão da ausência notória do Vice-presidente de Angola, Dr. Fernando Dias dos Santos “Nando” nas Sessões da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, para representar o Presidente da República, naquele acto, de extrema importância, que congregava todas Nações do Mundo num propósito comum da paz, da coexistência pacífica e do desenvolvimento económico global.


Fonte: baolinangua.blogspot.com


Naquela ocasião, quem discursou em nome de Angola, naquele momento histórico, foi o Ministro das Relações Exteriores, Dr. George Ribeiro Chicoti. Achei um pouco estranho, pela dimensão e significado do acto, a ausência da hierarquia mais elevada do nosso Estado.

 

Afinal o Vice-presidente da República tivera mesmo deslocado à Sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, para juntar-se a outras entidades, de alto nível, com fim de nos representar condignamente na sua qualidade. Infelizmente, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Nova Iorque foi informado pelas Autoridades Americanas de que o nome dele constava da “lista negra” da CIA (Central Intelligence Agence) e por este motivo de segurança nacional não podia permanecer no solo americano.


A razão evocada era de que, as Empresas do Vice-presidente Angolano estejam em joint-ventures com as Empresas estrangeiras que operam em Angola que têm uma ligação aos Grupos Terroristas do Médio-oriente. Nesta questão precisa, já tivera havido denúncias de algumas Empresas estrangeiras em Angola de estarem directamente ligadas ao financiamento dos Grupos Terroristas Árabes. Esta questão tivera sido repudiada categoricamente pelas Autoridades Angolanas. Mais tarde, perante os factos indesmentíveis, as Autoridades Angolanas tiveram que consentir-se.


Não obstante, o facto de esta questão não estar devidamente confirmada e esclarecida, fiquei indignado por dois aspectos éticos e morais:


a) Não nos fica bem figuras de proa, como do Vice-presidente, Fernando Dias dos Santos, que deu seu melhor por Angola e que devia servir de garante da nossa segurança nacional e da probidade, se encontrar numa situação deste género. Ter o seu nome associado aos Negócios ilícitos que põe em causa o bom nome e a integridade do nosso País junto da Comunidade Internacional. Quem conhece bem o circuito de Negócios em Angola, não deixa dúvida nenhuma do alcance desta lista negra que deve incluir muitos nomes dos nossos altos dirigentes.
 

b) Acho que, estamos perante um paradoxo ou uma hipocrisia. Não é justo acusar alguém por aquilo que você esteja efectivamente a fazer. Es muss nicht sein! Isso equivalente ao Maquiavelismo. A UNITA passou por uma perseguição internacional, através das Sanções compreensivas, indiscriminadas e desumanas, levadas acabo pelo Comité de Sanções das Nações Unidas, sob o pretexto de “Diamantes de Sangue.”

 

Isso fazia parte duma estratégia global do MPLA para denegrir e diabolizar a UNITA junto da Comunidade Internacional como uma Organização terrorista. Até a data as Nações Unidas não saíram a terreiro para divulgar os resultados do Comité de Sanções a fim de dissipar as dúvidas que pairaram sobre a Guerra-civil Angolana.

 

Há um provérbio em Inglês o qual: “King today, nothing tomorrow”. Em Português, “o mundo dá muitas voltas, ou hoje tudo, amanhã nada”. Saber esperar é a maior virtude da vida, como diz na gíria: “Remenda o teu pano, chegar-te-á ao Ano”. Pois, neste mundo, em constante transformações, nada pode ficar inalterável e encoberto definitivamente. Sempre chegará a hora da verdade em que tudo vem à superfície.


Por tanto, este acontecimento infeliz deve-nos despertar da incerteza em que o nosso país se encontra. Eu fui sempre daqueles que defende a política da integração regional do nosso continente. Sou defensor acérrimo de uma política equilibrada de maior integração de Angola nos países produtores do petróleo. Além da nossa cooperação com as economias industrializadas, defendo igualmente a política de estreitamento de relações de cooperação bilateral e multilateral com outros países em desenvolvimento e com as economias emergentes como, África do Sul, Nigéria, Brasil, China, Índia, Japão, Canada, Argentina, Austrália, etc.


Aliás, a Directora-geral do FMI, Christine Lagarde, durante sua visita recente à Pequim, caracterizou a crise económica mundial como sendo:


“Há nuvens negras a formarem-se sobre a economia global e que todos países deviam actuar conjuntamente para contrariar as ameaças ao crescimento”.


Todavia, não por tudo que devíamos arriscar, abrir todas as portas até às empresas e às pessoas duvidosas introduzirem-se no nosso mercado. Constata-se, por exemplo, inúmeras Lojinhas e Cantinas semiformais que estão espalhadas em todos cantos dos bairros e das comunas, em todo país, com jovens estrangeiros menos credíveis neste sector. 


Não será que amanhã seremos apanhados desprevenidos, com calças na mão? Será que os jovens Angolanos não seriam capazes de fazer esses pequenos negócios se tivessem uma oportunidade igual? Com que facilidades esta gente duvidosa tem este acesso de se implantar em todos cantos do país, sobretudo nos centros urbanos? Quem estará por detrás destas actividades? Será mesmo por interesses comerciais, ou afinal alguma coisa se esconde aí?

 

Na verdade, se trata de uma situação que preocupa muitos angolanos. Não interessava ninguém fazer especulações infundadas só para agitar o meio ambiente. Quem vive no seio da população e escutar os clamores populares, saberá que algo existe nesta fumaceira. Como diz, não há fumo sem fogo.