Luanda - Com vários golpes de faca em diversas regiões do corpo, a cambista informal, Bibiana Joaquim, Tia Mimas, para os mais próximos, de 37 anos, foi encontrada morta, na terça-feira, 26, Outubro,  num apartamento em obra, sito na rua Luís Mota Fêo, ao município da Ingombota. Até ao fecho da presente edição, a Polícia ainda não possuía pistas dos possíveis autores de mais este crime.


*Mariano Brás
Fonte: A Capital


Há nove anos a trabalhar como kínguila, Mimas já dava mostras de algum cansaço com a actividade que exercia, uma vez que, segundo a sua primogénita, a mãe confessou que pretendia abandonar o trabalho, por cansaço e, sobretudo, pelo perigo que encerrava a mesma.

 

Estava ciente que se devia dedicar a uma outra coisa e, por isso, nos últimos tempos, regressou aos estudos, com a perspectiva de concluir o ensino médio e atingir tal desiderato, não se coibindo de percorrer longas distâncias.

 

Ou seja, sair do município de Cacuaco, onde vivia, por volta das cinco horas da manhã, até à Ingombota, onde montava o seu posto de venda de dinheiro. Por volta das 13 horas, regressava à casa, para às 18 horas ir à escola, mas sem antes confeccionar as refeições para o marido e os filhos.


Sabe-se que, ao longo desses anos, conquistou clientes com forte poderio financeiro, sobretudo ao nível do empresariado, que lhe confiava avultadas somas em dinheiro, para manusear ou cambiar.

 

E foi assim até à fatídica terça-feira, 26, quando por volta 11 horas recolheu dinheiro das colegas, alegando que tinha um cliente que pretendia comprar dois mil dólares. Sem mais qualquer pronunciamento, foi, misteriosamente, 24 horas, encontrada morta com vários golpes de faca no corpo, no 2°andar de um apartamento na rua Luís Mota Fêo, mas já sem a pasta do dinheiro.

 

Luís Jeremias, esposo da vítima, lamentou a perda prematura da mulher e a forma vil como a mesma aconteceu. Defende que se o efectivo da polícia afecto à 2„ Esquadra, ao município da Ingombota, fosse mais sério, a sua mulher ainda estaria viva.

 

E explicou: “tão logo ligamos para ela, ainda na terça-feira, 26, quem atendeu o telefone era um homem desconhecido. Apresentamos queixa na referida esquadra, dando a conhecer a ocorrência”, revelou.


Quando se esperava uma atitude imediata e profissional por parte dos policiais, o marido, agora um homem, visivelmente, desesperado com o desaparecimento da esposa, viu, espantosamente, o investigador a transformar-se em adivinho, tentando acalmar os familiares preocupados.


“Ele dizia para nos acalmarmos, porque, na opinião dele, ela estava bem e que quem estava a atender o telefone era o namorado dela, sugerindo que regressássemos a casa e que a Polícia a encontraria”, contou.


Naquele instante, Luís não fez outra coisa, se não regressar para casa. No dia seguinte, porém, a mulher voltou a não aparecer. Ligaram para o seu número, mas, do outro lado da linha, a voz que atendia era de um homem, que, desta vez, aconselhava os familiares a procurarem pela mesma a partir das morgues hospitalares.


Desta vez, o marido sentiu que alguma coisa de muito grave se estava a passar. No dia 27 de Outubro, regressou ao local, onde a mulher exercia a sua actividade de cambista de rua, mas recebeu das colegas a informação de que a sua esposa não tinha ainda aparecido.


Perante tal quadro, decidiram acatar o conselho do homem que atendia o telefone da esposa. Isto é, procurar por ela nos hospitais. Porém, quando se preparavam para entrar no Hospital do Prenda, receberam o telefonema de alguém a dar conta que num dos prédios do local onde Mima trabalhava, foi encontrado o corpo de uma mulher.


Já no local, para a sua tristeza, era o corpo da sua mulher, mas já sem vida.  “Ela foi espancada e esfaqueada”, lamentou o marido. E de tanta selvajaria, os seus carrascos arrancaram-na ainda um dos olhos.


“Isto não pode ficar assim. Sei que a minha mulher não tinha dívidas com ninguém, nunca fez mal a ninguém, para ser morta daquela forma cruel”, afirmou, apelando, seguidamente, à justiça.


Os suspeitos


Este jornal contactou algumas fontes da Polícia, mas estas disseram não poder falar sobre este caso, por encontrar-se em segredo de justiça, adiantando apenas que as investigações decorrem e estão no bom caminho, mas que ninguém ainda se encontra detido.

 

Uma outra fonte ligada ao processo revelou que, entre os suspeitos, estão os pedreiros que realizam obras de restauração no referido apartamento e os guardas do prédio que trabalharam naquele dia, mas que dizem não ter visto nenhum movimento estranho no local.
A informação detida pela Polícia é que o crime foi cometido naquele local.