Lisboa –   José Eduardo dos Santos, opõem-se ao modelo de uma    Comissão  Nacional Eleitoral   que funcione a  “full time”  fora da  dependência do    executivo.  Faz saber a entidades  competentes que  o abordam, que aceita algumas alterações permitindo  os partidos políticos da oposição   a terem  um papel  “fiscalizador”  do processo através de equipas.

 

Fonte: Club-k.net

Situação difícil para JES

A oposição   de JES   ao modelo da  CNE Independente  do executivo   advêm do precedente dos procedimentos  anteriores que facilitava-lhe  ter controle de todo   processo eleitoral e de  influenciar  os “output” do escrutínio. Dois meses antes das eleições de 2008, colocou no CNE, um engenheiro informático do seu gabinete, Brigadeiro Rogério para substituir  o então director do departamento de tecnologia de informação, Francisco Domingos.

Foi também o gabinete presidencial  que forneceu à Valley Soft (empresa que preparou a logística eleitoral) um mapeamento eleitoral diferente do mapeamento produzido pela CNE, o que gerou a desorganização “organizada”  ,  a que  os seus opositores consideram ter sido propositada.


A dificuldade  que JES   enfrenta em controlar a   CNE, é por força  da  conduta da oposição política parlamentar que acusa-lhe de pretender   violar   o artigo 107 da constituição angolana. Em forma de protesto, estes  rejeitaram participar  do  acto em que o MPLA iria aprovar, na Assembléia,  o seu pacote eleitoral. Antes o principal partido da oposição,  a UNITA,  ameaçou    realizar uma manifestação generalizada por todo país, caso JES avançasse com  uma   proposta de lei que violasse o artigo 107. 


Em reação as “ameaças”, das oposição, o líder angolano orientou o Presidente  da Assembléia Nacional   Paulo Kassoma, para estabelecer  contactos com os lideres das bancadas parlamentares da oposição no sentido de  se criar  consenso dando o dia 15 de Dezembro como data destinada a votação final do pacote eleitoral.  


De acordo com consultas feitas, o presidente José Eduardo dos Santos,  “aceitou”, por via,  da sua bancada parlamentar, fazer algumas concepções  a oposição quanto ao pacote eleitoral: Aceitou por exemplo que alguns pontos da proposta do MPLA, onde se atribui tarefas do  MAT – Ministério da Administração Territorial  que se mudasse para a CNE.

 

JES quer também  que os cadernos eleitorais sejam distribuídos  20 dias antes das eleições. A oposição é contraria a este ponto alegando que a distribuição a nível nacional pode provocar atrasos como aconteceu em 2008, e sugerem 60 dias.  Ainda sobre questão de  tempo, a  oposição reclama,  que  o  tempo estabelecido na proposta do MPLA quanto a entrega dos subsídios  para a campanha eleitoral é  “bastante curto” . (Se o Estado entregar os subsídios,   20 dias antes das eleições, a oposição  não  terá  tempo de encomendar o matéria de propaganda, e distribuir pelos mais de 119  municípios no país.)


 
Por outro lado, o presidente  JES  mostra-se renitente em outras particularidades  tidas como  chave, mas que causam reservas a oposição.  Quer o “voto antecipado”  que permite os soldados (cerca de 200 mil)  votar  (nos quartéis)  um dia antes das eleições e rejeita  a inclusão do sistema de  controle biométrico das pessoas no dia da votação.

 

Nos encontros que ocorrem com a oposição,  os seus porta-vozes ,   alegam que descartam o uso do sistema biométrico por ficar muito  “caro”  acrescentando  que para isso teriam de usar computadores em todas as Assembléias de  voto.

 

O controle biométrico é um sistema usado mundialmente (já usado  em Angola pelo SME)  que permite controlar a identidade das pessoas através das impressões digitais  ou do   ires dos olhos. Sem o uso dos mesmos a presença dos cadernos eleitorais   fica sem valor   visto que o sistema informático angolano  não detecta se a pessoa votar  em   dois locais diferentes.


Com a entrada da nova constituição em Angola,  foi introduzido  o conhecido  artigo (107) que determina a independencia do CNE do executivo. A proposta do pacote eleitoral do MPLA,  é referenciada como senso contraria a tal modelo. Embora tenha sido aprovado  pela maioria parlamentar do partido no poder, o artigo 107, foi uma  proposta da UNITA que terá passado sem  que as  autoridades  dessem  conta. Na altura, o MPLA  mostrava-se centrado no artigo referente ao modo de  eleição do presidente, tendo o artigo passado sem resistência.

 

José Eduardo dos Santos, o líder do partido do partido veio a dar conta do pormenor 10 meses depois,  a margem de uma reunião do Conselho da República realizada em Dezembro de 2010. Ao abordar  sobre o   futuro pacote eleitoral, foi-lhe refrescado que a nova constituição estabelece que o processo eleitoral é agora conduzido por uma   administração eleitoral independente do executivo.  JES ficou  mostrou-se  “surpreendido” e solicitou  ao ministro da administração territorial, Bornito de Sousa,  que também fazia  parte da reunião na qualidade de responsável acompanhante do processo eleitoral, para lhe fazer a leitura do artigo em referencia

 

O “desconhecimento”  que  JES tinha  quanto a independência da CNE do executivo é evidenciado no seu procedimento ou reajuste governamental  que  efectuou logo após aprovação da nova constituição. Dentro das estruturas do executivo  nomeou  um Vice- Ministro do MAT para as questões eleitorais e  uma direção de eleições no mesmo ministério.

 

Adão de Almeida que era o  Porta voz do CNE, passou  a  Vice-Ministro do MAT para as eleições  e   José Lima que fora  o director do Conselho provincial eleitoral de Luanda foi chamado para dirigir a direção de eleições do MAT.  Em condições normais (em cumprimento com a actual constituição),  os peritos em Angola,  alegam  que o  MAT  não teria  que  ter um “vice”  para a área em referencia e  a  sua   direcção de eleições  teria de estar na  CNE, como  foi de 1992 a 2005.


Com as duas  estruturas nomeadas dentro das estruturas do executivo, JES terá feito na pretensão de ter o controle do processo eleitoral. É  Adão de Almeida, o Vice Ministro do MAT, a quem o presidente convoca para apresentar-lhe pareceres  sobre o processo eleitoral.