Ao
Senhor director do Semanário Angolense
Salas Neto 

Com respeitosos cumprimentos;

A Fundação 27 de Maio vem por este solicitar do senhor director no sentido de publicar esta carta com o mesmo destaque, em resposta à crónica «contemplação das coisas», de Kajim Bangala «Kiayxaxi», sob o título «No 27 de Maio BB ainda não era Mangas», fazendo alusão a uma notícia veiculada na internet, cuja fonte é a Fundação 27 de Maio.
Assim, o Presidium da Fundação 27 de Maio vem pela mesma via responder, sem equívocos, como é sua característica, nos termos seguintes:


A crónica em referência cheira a bajulação exagerada, pois até os leitores menos atentos se aperceberam. Que é próprio de lambe-botas e, sobretudo, quando se trata de desempregado.


Temos conhecimento de que este tal Kajim-Bane Gala (Kajim-Bangala), que se escuda no pseudónimo, que é próprio dos «COBARDES», laborou no gabinete do vice-ministro da Comunicação Social, Miguel de Carvalho «Wadinjimbi», que exterminou a inteligência da época numa das escolas em Malanje, pois os que sobreviveram, só Deus é quem sabe como. O iluminado Afonso Van-Dúnem «Mbinda», apercebendo-se da carnificina, prontamente interveio, tendo evitado a morte de muitos mais jovens malanjinos.

 
Afinal, o que significa a palavra «Mangas»? Para nós, mangas são o plural da fruta manga, cuja planta se chama mangueira. Nas entrelinhas, Kajim Ban-Gala pretendeu, na sua triste defesa, enganar o público, ao defender que Bento Bento (BB) era adolescente, com «apenas» 19 anos, conforme nos confidenciou o director deste órgão, quando, insistentemente, pedia, quase de joelhos, ao Silva Mateus para que pedisse desculpas a BB, que se recusou a fazê-lo, tendo reafirmado, com veemência, a participação de BB, aquando dos acontecimentos que marcaram indelével a página mais sangrenta da história da nossa pátria, dirigida, há 34 anos, por indivíduos maioritariamente com mãos manchadas de sangue, e não só.


Quanto aos milhões que o BB movimenta, para nós, não tem nenhum valor, porquanto tais milhões a que o Kanjim Bangala refere, são pessoas intimidadas e para não perderem o seu pão de cada dia, fazem enormes esforços para agradar os dirigentes do MPLA, mobilizando crianças e adolescentes, sobretudo nas escolas. Por arrasto, seguem-se os jovens que o próprio regime empurrou para as bebedeiras diárias, e, como é obvio, com as maratonas que se seguem durante e depois dos comícios.


Se o general Silva Mateus tivesse “kangunfu” conforme Kajim Ban-Gala acha na sua bajuladora crónica, teria pedido desculpas e não reafirmaria. Quem está tonto é  Kajim Ban- Gala, que está a bajular para convencer o seu patrão BB a arranjar-lhe um tacho como director do gabinete de Comunicação e  Imagem do GPL.


Em relação à divulgação da lista dos matadores, que não saiu na manifestação do pretérito sábado, preferimos fazer um compasso de espera. Ela já está compilada e foi enviada às instâncias internacionais de direito, razão pela qual não foi divulgada, aliás, não foi precisada qualquer data.
 

Já agora, aproveitamos para informar que a lista atingiu o triplo da que fora divulgada no dia 27 de Maio de 2002, ou seja, contém nomes de 170 indivíduos, incluindo, como é óbvio, o de BB, que, oportunamente, vai estar frontalmente com as mães das vítimas, a xingilarem.

 
E quando advoga que o BB era «cabola» e fraques, se não sabia, saiba que as FAPLA da época eram compostas por indivíduos com idades compreendidas, maioritariamente, entre os 14 e os 20 anos.
Por outro lado, todo individuo que tivesse contacto com as 13 teses, elaboradas por Nito Alves, em sua defesa, e publicadas num livro lançado em Maio do corrente, era morto sem culpa formada. Na ressaca, os matreiros passaram para a barricada dos matadores, denunciando outros que sabiam da sua existência para salvar a pele, que é o caso do BB e, talvez, o seu também.


Na verdade, Kajim Ban-Gala demonstra muita coragem ao defender um homem que feriu corações que teimam em não sarar, sendo você o primeiro indivíduo que aparece publicamente a defender um algoz. Aconselhamo-lo a ler o artigo de Pepetela, que, ele também, foi grande carrasco, em que alerta o presidente José Eduardo dos Santos, dizendo: «nós estamos em cima de um vulcão, isto porque o país tem crescido economicamente, mas as desigualdades sociais são enormes, porque há uma pequena minoria que é muito rica e uma grande maioria pobre.»

Pois, foram esses males que têm causado manifestações e poderão, segundo Pepetela, degenerar em conflito, alertando ainda que os exemplos exteriores são preocupantes.


Para terminar, gostaríamos te informar, porque tem memória curta e cabeça pequena, que o único morto que foi vítima do lado da «seita» do Mateus, como advoga, foi  Saidy Mingas, morto por Luís dos Passos, cujo nome também consta na lista dos matadores.


Outros foram assassinados pela ala presidencialista. Mas, seja como for, é abismal a diferença entre sete indivíduos cerca de 80 mil. Tenha cuidado, pois existem mais de 800 mil famílias com feridas insanáveis.
Que defesa pretende você fazer, se indivíduos que se encontravam a estudar no exterior foram repatriados e alguns barbaramente assassinados?


Bajular, sim, mas, acima de tudo, está o respeito pelos mortos, tenha um pingo de sensibilidade, senhor Manuel da Costa «Costinha», porque é assim em Catete e é assim em qualquer parte do mundo. Se assim não fosse, as famílias pobres e miseráveis, não gastariam dinheiro para a compra de caixão para enterrar condignamente os seus entequeridos.
Por fim, informamo-lo que estamos a investigar a sua implicação na matança dos melhores filhos de Angola, que dariam melhor contribuição ao país.

 
Passe bem. Respeite os mortos. Bajule, mas sem ferir sensibilidade, porque não é comportamento da família, sabemos bem! Logo você, que há tempos aparentava ser um homem sério.


Kajim Ban-Gala kiayxaxe (bengala de milheiro que nem sequer dói...)

 

O Presidium
Dr. José Fragoso