Luanda - O XI Congresso da UNITA em Viana serviu única e exclusivamente para encerrar o tumulto provocado por uns quantos militantes de boas intenções, que sem maldade, exigiam o cumprimento da agenda política da UNITA. A política nunca é feita de boas intenções mais sim de planos estratégicos e maquiavélicos cujos objectivos são muitas vezes ocultos para o simples militante, aderente ou simpatizante.


Fonte: Club-k.net


Este XI Congresso da UNITA veio confirmar o quão os maninhos são bons na manipulação e fortes em excursos populistas e demagógicos. Senão vejamos:


1. A UNITA conseguiu afastar o fantasma que pesava sobre Isaías Samakuva como líder permissivo e apegado ao poder exercendo a política como profissão;


2. Afastou da corrida presidencial o Dr. Abel Chivukuvuku impondo a cláusula barreira de 40% de apoio entre os membros da Comissão Política e mil e tal assinaturas de militantes, 17 dias antes da realização do conclave nunca antes visto em anteriores Congressos;


3. Apostou em José Pedro Catchiungo, um “bom vivant” farto de ser garimpeiro académico, viu e agarrou a oportunidade que lhe escapara desde a sua exoneração do cargo de Secretário Provincial da UNITA para ascender a deputado nas próximas eleições;


4. A vingança é um prato quente que se serve frio. Os Samakuvistas conseguiram uma maioria qualificada ante o olhar seco dos reformadores. O falso Eng.º Zé Pedro, deu um pontapé ao Dr. Maluca, que usurpara a posição de chefe da UNITA em Luanda, o cargo de responsável pelos assuntos eleitorais e de deputado. Agora é a vez do licenciado em Ciência Política Zé Pedro! Dez anos depois, finalmente, há-de chegar o momento de vida que ele sempre gostou – dinheiro, poder e mulheres, por fazer, fica o mestrado ou engenharia;


5. Este Congresso demarcou-se de todos os outros, pelas agendas pessoais dos concorrentes. Serviu para domesticar o Dr. Abel Chivukuvuku. Serviu para confirmar que os conservadores tradicionalistas são quem têm o poder no aparelho. Curiosamente, os militaristas. E reforçou o plano do agendamento económico em detrimento do político.


Com o XI Congresso, a UNITA saiu mais fraca para a corrida eleitoral de 2012 porque do ponto de vista político não foram aprofundadas nem dirimidas os conflitos essenciais que fragilizam o Partido do Galo Negro. A UNITA tem de se inovar, renovar e reformar. E isso não acontece com criação de governos sombras que, sabemos, não vai dar em nada. Veja-se o caso do Instituto de Desenvolvimento para a Democracia (IDD) criado com igual pompa e circunstância. Aliás, a sua agenda é económica. A UNITA é hoje um partido político que tem como prioridade a gestão de empresas por ela criadas. Assim;


a. O MPLA reforça a sua convicção de que a UNITA é um Partido com vocação ao poder pelo poder e aponta para 2014 as eventuais eleições autárquicas exactamente após o XII Congresso dos maninhos para daí tirar os respectivos dividendos.


b. A UNITA enquanto acreditar que é preciso fazer uma agenda económica para realizar a sua agenda política vai entrar em contradição com os seus valores ideológicos. O dinheiro corrompe e a UNITA está a reforçar a sua parceria económica com o MPLA através dos seus empresários ou através das empresas estatais que vão dar ao mesmo.


c. Onde fica o tal Partido defensor dos pobres? O tal partido do projecto de Muangai? O tal partido que condena a corrupção? O tal partido que diz ser democrata?


Quando têm como prioridade, a manipulação dos pobres e a ofertas de promessas de sonho em troca de lealdade por uma indiferença total pelo seu sofrimento. Quando jogam com as frustrações dos cidadãos menos capacitados em troca de uma Angola Nova quando são inconfessos admiradores de si mesmos. Quando criticam o MPLA pela megalomania e ostentação de luxos e têm os seus filhos nas escolas portuguesas, vão ao dentista na Europa e negoceiam com os maiores contrabandistas ocidentais. Afinal o que podemos esperar dos famosos Congressos da UNITA?