II- O MPLA está no Governo há 33 anos; a Democracia e a Economia de mercado, como disse o seu próprio presidente, lhes foram impostas. Afi rmou ainda, depreciativamente, que os direitos humanos «não enchem barriga»! A longa governação do MPLA tem beneficiado principalmente os seus próprios dirigentes e vários militantes, escolhidos a dedo! Os negócios são distribuídos entre os mesmos empresários simpatizantes e amigos, através de vários esquemas clientelistas corruptos, de abusos de poder, de inúmeras injustiças sociais e uma generalizada discriminação imoral, como denunciam até instituições especializadas internacionais.
III- A UNITA quer introduzir mudanças transversais, começando pelo estilo de governação deste país, com o objectivo de melhorar as condições de vida de todos os angolanos e defender a sua dignidade como seres humanos, seja ele quem for, esteja o angolano e ou angolana onde estiver nesta imensa Angola, multi-étnica, multicultural, multirracial e multipartidária. «Primeiro os angolanos, segundo os angolanos, terceiro os angolanos... os angolanos sempre!», no centro das mudanças da UNITA.
IV- O MPLA quer uma mudança na continuidade das mesmas políticas e dos mesmos comportamentos e atitudes gananciosos, megalómanos, totalitários, prepotentes e egoístas, a que sempre habituaram os angolanos. Tudo continuará praticamente na mesma, porque para eles Angola «sempre a subir», já está boa assim mesmo como está!
V- A UNITA quer trazer para Angola estabilidade baseada na paz política e social, com uma sólida reconciliação nacional, ao invés da paz político-militar que temos hoje, sem uma abrangente e dignificante reconciliação nacional.
VI- Afinal, quantos angolanos somos, realmente? Qual é a verdadeira dimensão demográfica deste país? Quantos homens e mulheres, crianças, jovens, adultos e velhos? E quanto vale o patrimônio económico de Angola? O MPLA, que governa há 33 anos este país, não sabe responder a estas perguntas? Porque nunca se preocupou em fazer um censo populacional, nem elaborar e apresentar Contas de Estado!
VII- A UNITA quer trazer para Angola um Governo dialogante, de pessoas que sabem conversar com as populações, ouvir e respeitar as suas opiniões; que procura consensos com os empresários, com os sindicatos dos trabalhadores, com as igrejas, as autoridades tradicionais e ONG`S. Enfim, com todas as forças vivas da sociedade, para decidir de forma abrangente, equilibrada e equitativa em benefício de todos. Um Governo com poder desconcentrado e com gestão descentralizada, mais próximo dos cidadãos. Um Governo que facilita e motiva a vida económica e social dos cidadãos, através de normas realistas, claras, objectivas e viáveis, ao invés de complicar tudo e todos, num emaranhado de decretos e leis que raramente se cumprem e numa complexa e morosa burocracia, como acontece actualmente!
VIII- O MPLA sempre concentrou e centralizou o poder nas mãos de apenas algumas pessoas e instituições sedeadas nos centros urbanos. Por causa disso, Luanda parece Angola e o município das Ingombotas a sua capital! A governação do MPLA sempre esteve baseada em estatísticas pouco fiáveis, em programas económicos e sociais recheados de promessas irrealistas, que nunca se cumprem! Seus dirigentes não vêem a realidade da vida difícil da maioria das populações, não ouvem, nem atendem as suas principais reclamações! Decidem quase sempre sem consultar as populações; impõem «agendas de consenso», «movimentos espontâneos», «comités de especialidade » e criam o medo! No essencial, excluem e discriminam, «dividem para reinar»! E o resultado esta aí: Angola está no grupo dos 15 países com mais baixo desenvolvimento humano do Mundo! (PNUD- IDH, Relatório 2007 ). Estamos pois, perante um «Apartheid social», de assimetrias revoltantes!
IX- O Governo do MPLA conseguiu o crescimento econômico somente porque o preço do petróleo quintuplicou, atingindo níveis altíssimos nunca antes alcançados. Com as elevadas receitas e altíssimos lucros arrecadados, qualquer governo teria conseguido a estabilidade macroeconómica actual (vejase o caso da Guiné Equatorial) e promover investimentos de reconstrução nacional com «canteiros de obras» muitas delas de emergência eleitoralista! Mas o maior desafio, que é transformar o actual crescimento económico do país em desenvolvimento social, o governo do MPLA não conseguiu e nem conseguirá! Porquê? Por causa da ganância dos seus dirigentes, do fundamentalismo do mercado livre, do monetarismo glorifi cado e da insensibilidade humana características do Modelo económico neo-liberal sub-desenvolvimentista (miserabilista) que aplicam em Angola! Por isso, a economia é exageradamente dependente do petróleo e diamantes, cresce com altas taxas de desemprego, e funciona com mecanismos exógenos, num enclave elitista e obstrucionista do desenvolvimento das demais forças produtivas nacionais!
X- A UNITA, por sua vez, quer introduzir em Angola um Modelo Desenvolvimentista (sócio-liberal) baseado na diversificação das exportações, com ênfase nos sectores agrícola, pecuária, pescas, turismo aliados à industria transformadora e serviços que criam valor acrescentado e sejam capazes de provocar um crescimento económico endogenamente sustentado! Um crescimento alimentado pelo pleno emprego, que combate seriamente a pobreza e dignifica a vida dos angolanos com mais e melhor educação, saúde, habitação, assistência e segurança social. Um crescimento equilibrado por todo o país, que elimine assimetrias regionais e sociais através de políticas distributivas (rendimento e preços), redistributivas (fiscais) e regionais que sejam respectivamente mais justas e dignificantes, economicamente racionais e territorialmente estimulantes e descongestionantes! Há por isso, razões de sobra para votar na UNITA!
*Economista, mestrado em Estudos Africanos, pós-graduações em Gestão Financeira e Gestão de Empresas, professor universitário, antigo Vice-Ministro das Finanças para Impostos; actual Vice-Presidente da Assembleia Nacional, candidato a Deputado pela UNITA nas Eleições legislativas de 2008
Fonte: Semanário Angolense