Luanda - “Há aqueles que falam irreflectidamente como que com as estocadas de uma espada, mas a lingua dos sábios é uma cura”. – Provérbios 12:18


Fonte: Club-k.net


Provavelmente não é sem razão que JES em particular e várias pessoas do seu séquito, seguida de alguns sectores da população em geral, afirmam sem pejo de que: o Angolano é um povo especial. Se analisarmos apenas tal no contexto do mero nacionalismo ou patriotismo é capaz que tal afirmação tenha ‘alguma’ razão de ser, mas se analisarmos no contexto de comparação com o desenvolvimento e a realidade de outros povos vizinhos da região da SADC, de África ou mesmo do planeta, duvido muito que tal faça um mínimo de sentido ou de razão lógica, a não ser no sentido inverso e portanto perverso.


A par do facto de que Angola, ter sido um dos últimos povos de África a libertar-se das garras do colonialismo (seria interessante indagar as causas) e de ser o país que levou a cabo a mais longa guerra de libertação colonial, e de obviamente não poder participar na formação da organização pan-africana, é dos povos que sempre teve serias dificuldades de unir toda a esplendorosa diversidade do seu tecido humano, politico e cultural, a semelhança de países africanos tais como; o Botswana (só para cita-lo como exemplo) que a todos os títulos é uma nação especial.


Os movimentos de libertação colonial


Angola não conseguiu unificar os seus vários extratos ou movimentos guerrilheiros na luta contra o colonialismo, estes movimentos dilaceraram-se mutuamente tendo como consequências o desagravo na luta contra o domínio colonial, para beneficio e durabilidade deste último, cada um dos protagonistas ou movimentos de libertação queria egoísta e egocentricamente reivindicar para si a exclusividade do ónus da luta de libertação colonial, em nítido detrimento do sábio ditado Africano/popular; “ a união faz a força”, e na prossecução deste (a irracional exclusividade do ónus), ‘malhava’ com “toda a raiva” na organização-movimento (tida infantilmente como) ‘rival’ tanto ou mais, quanto malhava no sistema colonial, para delícia e legitimado aplauso deste.


Por outro lado cada um destes movimentos, tinha graves dificuldades de unir as diversas franjas internas de opinião, prevalecia o ditame; “quem manda, manda! Quem não manda, Cumpre!.. E ponto final.” Democracia interna?! Nunca existiu, para o círculo dito ‘presidencial’ (chefia de cada um dos movimentos), democracia significava obediência cega ao círculo presidencial, e como prova disso, temos no historial oculto (não propositadamente escrito) de cada um destes movimentos de libertação, várias purgas violentamente sangrentas e exílios insanos e forçados cujas vítimas tiveram o único sacrilégio de emitir “opinião contraria a do presidente”. Acho que, não é necessário citar nomes e acontecimentos/factos, na qual todos os movimentos de libertação são culpados, com especial ênfase ao movimento popular de libertação de Angola, por este constituir-se em movimento ou partido governante desde 11 de Novembro de 1975 e “transportar” para a governação todos os crassos erros do passado, para agravo extremamente danoso das condições de vida das populações que constitui o povo Angolano e de Angola. A chamada guerra de libertação colonial durou ‘somente’ 14 anos.


O proclamar da independência foi proferida entre o troar dos canhões e no cruel dilacerar de vidas de milhares e milhares de angolanos em todas as direções, que se transformou numa ‘evitável’ (se tão somente os lideres dos movimentos de libertação conversassem seriamente, tendo Angola e os Angolanos como objetivo supremo) luta fratricida que durou quase 30 anos, ceifando a vida de mais de um milhão e meio de angolanos, danificando quase irreparavelmente as infraestruturas do país e o tecido cultural de Angola.


Os atributos da governação


Angola hoje é ‘desenhada’ no contexto internacional com os piores ‘traços’ e o ‘estado atual da nação’ assim o comprova. O povo Angolano tem os piores indicadores de desenvolvimento humano do universo; cerca de 42% da população analfabeta, 60% da população sem acesso a água potável, 0,5% da população cada vez mais ‘estupidamente’ milionária, e 99,5 da população cada vez mais incompreensivelmente miserável, Angola (um país rico) localiza-se entre os países mais pobres do mundo (?!),o país cuja governação é considerada ano-após-ano como localizada entre os mais incapazes, e composta de competentes e exímios predadores do erário publico, o país com a maior taxa de mortalidade infantil, Angola entre os países mais sujos do mundo, entre os 10 mais corruptos do planeta, e o mais corrupto de Africa (ultrapassando a ‘veterana’ Nigéria e o Congo – dito - democrático), enfim Angola está no topo de tudo que é podre e depravado a nível mundial e na cauda de tudo que é honesto, honroso, transparente, saudável e louvável para Angola os Angolanos e o resto do mundo.


“Angola o melhor país do mundo”


José Ribeiro (JR) o comissario chefe dos bajuladores, afirmou ‘com muita baba e ranho’ de que nenhum governo do mundo teria a capacidade de organizar uma ‘centralidade’ como a do Kilamba. Prontos! Angola (na opinião de JR e dos bajuladores) é o melhor país do mundo e tem naturalmente o melhor governo do mundo, e que a centralidade do Kilamba é a melhor ‘centralidade’ do universo… um governo que não ‘consegue’ criminosamente combater o lixo que inunda e imunda a capital (na qual esta inserido o Kilamba) e que JES já o prometera faze-lo em seis meses e isto a quanto tempo? A rede sanitária de Luanda é horrível e horroroso, sectores densamente populoso da capital ilustra-vivem um quadro doentiamente dantesco – um verdadeiro inferno -, que aponta implacável o dedo acusador ao inábil governo. Certamente JR citou uma sarcástica ironia, ou é um analfabeto consumado o que não acredito, JR não ouviu falar de acontecimentos e feitos na área a nível mundial, JR desconhece a título de exemplo, de que o Brasil, alberga algumas das obras mais notáveis da engenharia de construção civil do mundo e feitos tecnológicos notáveis para beneficio do povo Brasileiro, realizações que catapultou o Brasil para a 7ª economia do planeta, JR nunca ouviu falar dos Emiratos Árabes Unidos e do milagre Dubai na área de construção e organização de cidades (não gosto do termo, centralidade) de um ponto quase zero para a melhor atração turística do universo, não ouviu falar da organização do mundial de futebol pela Africa do Sul e dos feitos deste país para a realização do evento que recebeu os mais rasgados elogios até de sectores mais conservadores e pessimistas do planeta quanto a capacidade de realização da África, e que muito orgulhou e com justificado motivo toda a Africa e os Africanos… ah! Já me esquecia, para o JR os estádios do CAN são os melhores do mundo. Será que JR já esteve na vizinha e “pobre” Namíbia e acompanhou o desenvolvimento do país desde a ‘entronização’ da SWAPO de Nujoma no poder, há qualquer semelhança com Angola?
O Povo especial


Os Angolanos, permitem e vivenciam o inferno literal no espaço geográfico que é Angola. A selvagem e impiedosa corrupção institucionalizada pelo MPLA-JES, não deixa o Angolano ‘sorrir’, o país das cacimbas/tanques de água que contribui grandemente no semear múltiplo da morte principalmente dos mais pequenos, país dos geradores cujo interminável e persistente roncar barulhento (na sua maior parte) estressa a vida de 90% dos citadinos de qualquer urbe de Cabinda ao Cunene. Angola (o seu governo) não consegue 36 anos depois do proclamar da independência ‘dar’ ao povo os dois elementos mais básicos de qualquer governação; Água e Luz, a célebre centralidade do Kilamba não estará brevemente infestada de geradores e lixo? O atual governo de Angola, não conseguiu provar na prática de que a sua governação foi melhor que a governação colonial e que valeu a pena ‘extirpar’ o sistema colonial do solo Angolano, lembram-se do malogrado ‘Cherokee’ morto em 26 de Novembro de 2003, pela guarda pretoriana de JES só pelo facto de o pobre cidadão entoar uma das músicas de MCK, aconteceu tal na era colonial? Se aconteceu porque o ex-movimento de libertação colonial faz precisamente ‘aquilo’ que o tornou no passado um movimento de “libertação” foi para isto que os nossos pais e antepassados sofreram e sacrificaram as suas vidas no “enxotar” do colono, para que o MPLA-JES o substituísse, ou agisse pior que o sistema colonial?


O sector da educação está sem norte, o sector da saúde gravemente doente, mais de 50% da juventude desempregados, empregos só para os expatriados, Angola o El-dourado dos expatriados, prometeram um milhão de residências e vimos a famosa centralidade do Kilamba, privatizado e exclusivamente para os ‘novos-ricos’ enfim quando chegará a vez da esmagadora maioria dos autóctones, isto é dos pobres? … Afinal de contas de que temos de nos orgulhar? É Angola um país especial para os Angolanos? Os zangos, panguilas e Chavolas são lugares especiais?


PORQUE SOMOS UM POVO ESPECIAL? Só pode ser por permitirmos que um único homem; José Eduardo dos Santos e o seu partido o MPLA, conseguiram fazer de Angola o maior esgoto a céu aberto do planeta e o inferno autêntico para os Angolanos em todos os aspetos, quando tinham e têm TUDO para transformar Angola num país “da Alice no país das maravilhas”.


"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." Platão

Nguituka Salomão