Luanda - Há cerca de 4 semanas conheci um angolano em Genebra que comigo trocou diversas impressões sobre o país que ele não visitava desde 1993. Notava-se claramente que mesmo tem um interesse permanente pelo que se passa em Angola, tendo como sua fonte principal de informação as redes sociais e outros locais na Internet como o Jornal de Angola, o Angonoticias e o Club-k.


Fonte: Adalberto Fernandes

As descobertas de um angolano na diáspora

Quis o destino que o meu novo amigo passasse o natal em Angola na companhia dos seus ente-queridos, amigos de longa data, tendo até encontrado um “velho amor”. Ainda assim, o mesmo achou um tempo para colocarmos a conversa, que iniciamos em Genebra, em dia onde me revelou ter feito já grandes descobertas.
 

Passo aqui a partilhar algumas destas descobertas:
 


1.ª Descoberta - Em Angola existe liberdade de expressão: Julgava o meu amigo pelo que lia no facebook e no club-K que todos os órgãos de imprensa (incluindo os privados) eram controlados e censurados pelo governo. Pelo contrário descobriu que o número de publicações que atacam e criticam o governo é superior às publicações cujas linhas editoriais simpatizam com o partido no poder. Não queria o mesmo acreditar que a revista vida que já teve como capa o jornalista Jojo, o cantor MC-K e mais recentemente uma vela acesa simbolizando a falta de energia eléctrica em Luanda pertence a um grupo empresarial detido por figuras bem ligadas ao poder.

 
2.ª Descoberta - O país está a crescer: Pelas mesmas razoes acima citadas, o meu amigo pensou que iria encontrar Luanda em escombros e apenas com algumas obras feitas pela Sonangol e outras empresas petrolíferas. Entretanto concluiu estar perante uma cidade em franco crescimento com estradas novas e dois pólos de desenvolvimento a Norte e a Sul. Ao visitar Cuanza Sul, Malange e Cabinda concluiu também que o desenvolvimento não se restringe a capital e que o investimento em infra-estruturas é bem maior no interior. Ficou também encantado com os projectos agrícolas que viu de relance.
 


3.ª Descoberta - Não é necessário ter cartão do EME para ter um bom emprego: Acreditava o mesmo que seria necessário ser militante activo do partido no poder para ter acesso a um bom emprego. Constatou agora que alguns jovens imbuídos do tal espírito revolucionário que está virtualmente na moda trabalham para empresas públicas e multinacionais de peso. Ele mesmo sem cartão do EME já foi entrevistado por 3 empresas e um ministério e está confiante que receberá propostas de emprego competitivas.
 


Como não poderia deixar de ser, concluiu também que o país tem muitos problemas de gestão e que a corrupção é um mal que merece ser combatido e que os maus governantes devem ser responsabilizados pelas suas peripécias e não somente exonerados.
 

Mas estes aspectos já ele trazia na mente quando desembarcou no nosso aeroporto 4 de Fevereiro. O que mais o marcou foi o facto de se ter sentido enganado por um punhado de compatriotas que não hesitam em passar uma imagem deturpada e unilateral da realidade angolana.