Vocês me conhecem, alguns ainda se lembram do primeiro artigo que escrevi neste Jornal Digital, sobre a senhora que morreu na porta do hospital do Sambisanga, porque não tinha 3000 Kwanzas. A partir daquela data, fui aparecendo neste espaço, assinando temas de carácter social.

Nunca ninguém soube qual era a minha simpatia politica porque não gosto de confundir a ciência, a opinião e a propaganda politica. Vocês sabem disso, por isso peço encarecidamente que me perdoem! Mas como estamos em jornada de reflexão, proponho esta reflexão individual compartida:
Cheguei à Luanda há aproximadamente um mês e meio, movido pela vontade de participar in loco, neste momento histórico que Angola vive: eu queria ver a transformação do meu pais para melhor e queria contribuir para isso. É por isso que vim para Luanda.

Já desde Espanha, apercebi – me que o partido que apresentava propostas mais parecidas com o ideal que eu levo na alma, era a FpD: por isso mesmo, abandonei o Reino de Espanha, deixei o trabalho os estudos, os amigos, troquei os meus sonhos na Europa, e vim viver o meu Sonho em Angola. O meu anseio é Ver a nossa terra desenvolvida e, naquela altura acreditei que as propostas da FpD eram as melhores. Passaram mais de quarenta e cinco dias continuo a acreditar no mesmo.

Com a FpD tive a oportunidade de visitar várias províncias de Angola, não só as cidades capitais como as aldeias mais esquecidas. Constatei, com os meus próprios, olhos, o estado de pena e abandono em que vivem as populações, vivi momentos terríveis e inesquecíveis com elas, e sai de lá com uma só ideia: este não merece isso! Angola também são eles. Infelizmente quando eu falava de Angola, pensava basicamente na terra, no espaço, nas potencialidades, mas agora entendi que a verdadeira Angola somos nós, as pessoas e não se pode pensar no desenvolvimento do país, sem pensarmos primeiro no factor humano. Confúcio dizia que "Um governo é bom quando faz felizes os que sob ele vivem e atrai os que longe vivem." Mas o nosso governo só atrai (os de longe).

São as pessoas de Angola que o actual governo desrespeita e trata constantemente como lixo. O governo tem um braço comprido e outro curto: o comprido serve para roubar e chega a todas as partes; o braço curto serve para dar e só alcança os mais chegados. Este governo, não evidencia o mínimo respeito pela vida humana e fundamento esta acusação também nos seguintes factos:

Poucos dias depois da minha chegada em Luanda, no bairro do Sambisanga (de novo o sambila), um grupo de polícias chegou, encontrou vários jovens (12) a beberem refrescos e cervejas e sem mais, os ordenou que se deitassem de barriga para baixo; em seguida… tiros para cima todos. Assim, sem mais nem menos. Algumas semanas depois os órgãos da polícia apresentaram os seus colegas assassinos, e o assunto ficou por aí. Ninguém voltou a pronunciar-se sobre o caso. Não foram pedidas responsabilidades, nem disciplinares, nem politicas, nem éticas nem raio que o pariu, inclusive os dirigentes, inclusive o (dito) presidente de todos os angolanos, nem se quer se pronunciaram nem para dar os, pêsames à família. Mas casos destes acontecem sempre, aqui, a vida dos angolanos parece não ter valor, só se preocupam quando morre um estrangeiro.

 Recordam-se quando o prédio da DNIC caiu? Desde os primeiros tremores e indícios de que o prédio iria ruir, os polícias tinham tempo de evacuar os presos (mais de quatro horas); só se preocuparam em fugir, sem se preocuparem minimamente com a vida dos detidos que estavam sobre suas responsabilidades Que país!

EU NÃO ESPERO QUE A SOLUÇÃO VENHA DO GOVERNO ACTUAL; O GOVERNO ACTUAL É O VERDADEIRO PROBLEMA.
Por isso voltei, para participar na mudança! Mas como não vou votar (sou da diáspora), peço aos que têm essa possibilidade, de VOTER PELA FpD! Penso que esta é a melhor escolha, porque, porque depois de mais de quarenta e cinco dias de trabalho em Angola, continuamos a acreditar a a Frente Para a Democracia representa a mudança para melhor.

Fonte: Club-k.net