Luanda - Ridicula, sim, é a palavra que classifica a forma de como o partido no “governo” tentou, em vão, humilhar os profissionais do semanário Folha 8. Dirigido pelo carismático jornalista, William Tonet - que se tornou numa das vozes dos angolanos vítimas do regime -, este semanário tem estado, ultimamente,  na "boca do povo", sobre as alegadas  matérias publicadas naquele jornal que afectam as "altas personalidades" do governo.


Fonte: Club-k.net


Para infortúnio dos ofendidos, até agora não se tem visto nenhuma matéria que justifica tamanha choraminga por parte dos "camaradas".  Contudo, o ataque de elefantes a uma folhinha tem sido um dos mais ridículos carnavais políticos de que se tem memória no nosso país, que mais parece um elefante a querer se desfazer de uma formiga que lhe incomoda. E isto é precisamento o que os "camaradas", ardentemente, asseiam: se desfazer do Folha 8!! (e de outros mais, como: do Bloco Democrático, do PNUD, da Rádio Ecclésia, do Club-K,  do Facebook....e por que não.... do Papa!!! Afinal, no final da sua visita, a  mensagem do Papa não foi aquila que o regime esperava: "dai aos pobres o que pertence aos pobres".). Porém, voltemos ao Folha 8 e a história da semana.     

 

Numa nota recentemente divulgada à comunicação social - a Angop, aquele partido classificou a publicação sobre as matérias afectas aos “altos dirigentes” angolanos de “abusiva” e, acrescenta, ainda a nota, que, aquele semanário, “extravassa os limites do tolerável” pela maneira de como aquela jornal, segundo o MPLA, descaracteriza as altas personalidades do regime, lê-se no portal da Angop. No final da badalada nota, o M acusa, igualmente, o Folha 8 de violar o “direito ao bom nome” dos dirigentes do governo e qualifica a linha editorial daquele semanário de “doentia”, dando a entender que o aquele semanário tenha outras intenções para além daquelas que se esperam de um orgão de imprensa.

 

Contudo, o MPLA, esqueceu-se que os angolanos de hoje - jovens, modernos, abertos ao mundo e as novas ideias - já não engole os “sapos” e “lagartos” que este partido quer, com toda força e propaganda, obrigarnos a engolir. Já era o tempo do partido único - pensamento único. Agora, para a infelicidade do partido dos camaradas, nós, os jovens, estamos vivinhos da silva. Pensamos muito sobre o nosso país - não o país que o MPLA quer privatizar, partidizar e desgovernar - mas, aquele país real que amamos. Nesta linha de pensamento, reajo a mais uma recente propagando do M em eliminar uma das vozes das vítimas do regime, o Folha 8, e que tanto os incomoda.


Por ter a coragem de revelar matérias de interesse público, a linha editorial do semanário foi qualificada pelo MPLA como “doentia”. serão os profissionais deste semanário  realmente “doentes”? Por que razão? Por que rejeitam serem "bajuladores" da máquina dos "camaradas"? ou serão “doentes” por que o Folha 8 revelou a verdadeira face dos nossos dirigentes? Afinal, no que concerne a publicação de factos de notícias, nós os consumidores de informação não nos preucupados apenas com aquílo que se noticia, mas, igualmente, com aquilo que não se notícia (por ex. os 32 mil milhões sumidos;  casos de desvios de fundos pelo Presidente da República, etc). Se para o M, o Folha 8 é assim tão “doentio”, o que dizer do jornalismo praticado no Jornal de Angola (JA), na TPA, e na RNA? Serão estes orgãos de informação o modelo de jornalismo a seguir? Socrátes dizia “diga-me com andas e dir-te-ei quem tu és”; e eu diria, “diga-me o que noticias e dir-te-ei quais são os seus objectivos”.


Muito recentemente, o FMI anunciou que faltam das contas públicas de Angola mais de 32 mil milhões doláres, que, dado a ávidez do BP do M em se regojizar pelo “bom desempenho” da comunicação social no país, estranhei-me com o facto de que  este grupo "gigante" dos camaradas não se questionou que nenhuma orgão de informação público noticiou sobre este desaparecimento “misterioso” de fundos do erário público que, se calhar, estejam, bem depositados nas gordas contas bancárias de algum (“alto”) dirigente angolano? Será que o acto de perguntar, questionar, duvidar, e investigar os actos dos nossos governantes passa ser “doentio”? Humm!!! O que dizer se questionarmos os 32 mil milhões de doláres?!!!
Do que dizer, igualmente, do pejo que tem sido o Jornal de Angola, onde, o seu director, José Ribeiro, quase diariamente discarrega afirmações que mais parecem kamikazes sobre a opinião público, quando o que se esperava daquela casa de jornalismo fosse uma cobertura de informação imparcial, isenta e formativa? Mas, todavia, o JA transformou-se no serviço de propagando do partido no governo.


Do mesmo modo, a TPA tem feito um desserviço público. Eliminou da sua nossa nova grelha de programação espaços de análise de informação que muito tem ajudado os telespectadores a formaram a sua opinião sobre os principais assuntos politicos, sociais e económicos que afectam as suas vidas. Um destes programas foi o “Semana em Actualidade” (SA) que, todos os domingos, com a análise de dois jornalistas reputados, Reginaldo Silva e Ismael Martins, ajudavam-nos a compreender as complexidades destes mais variados assuntos.

 

No entanto, como de hábito, com explicações quase inconvicentes - como a desculpa de se primar com conteúdos de “carácter educativo” -, a TPA “limpou” o programa da sua grelha, e introduziu outros programas com caríz mais de entertenimento do que jornalístico. Exemplo disto é o programa "Tchilar", onde se "estimula" o conhecimento com o "som" do dj, que, se calhar, no final do programa, mal consiguirá comentar sobre o que se tivera conversado!!.

 

Na ausência de um espaço de análise de informação - que , verdade seja dita, desde o "enterro" do SA, um outro espaço com tais caracteristicas já não se conhece, ou não se conhecerá, nesta nova grelha da tepeá (e que lhe diga, os programas “Rabugentos”, “Pato”, “Layfar” e idênticos que ganharam tempo de espaço televisivo no intuito de “elevar“ os interesses públicos!!! Imagino se fossem interesses privados !! ou pior ainda pessoais!!), que mais uma vez, e como de hábito, ficou-se aquem das expectativas no que concerne a uma evolução jornalistica.

 

Esta mudança retirou, assim, dos telespectadores a chance de fazerem parte do processo político e democrático, especialmente quando se aproximam as eleições presidenciais, onde os cidadões/eleitores, para melhor decidirem,  deveriam ter uma percepçãõ de cada projecto eleitoral ouvindo de vozes apartidárias como as análises no SA e, até algum tempo, na ZTV (TV Zimbo), que, porém, também, foi à vida. Na ausência do SA, o sentido de contraditório esvaziou-se e, consequentemente, propela-se o propagandistico, o pretensioso e a censura passiva as matérias nos princípais serviços de notícias da TPA.


Surrateiramente, os "intelectuais" do regime têm tido tempo de antena para fazerem as suas análises. Ora o doutor jurista e deputado João Pinto, ora o Prof. Belarmino Van-dúnem, que por vezes, proferem paraceres questonáveis, onde o recurso ao contraditório, pratica exigida nos dias de hoje nos serviços de jornalismo, não encontra espaço nestes orgãos públicos. Se é ridiculo o que esta a fazer ao Folha 8, o que dizer da TPA e os outros orgãos de comunicação social públicos?