Direcção Editorial:
Governo de Luanda boicote imprensa portuguesa

Pedimos vistos para os nossos jornalistas com muita antecedência: em Junho. Esperámos por eles sem sucesso, pois as autoridades angolanas entenderam que não queriam que jornalistas do PÚBLICO entrassem no país. Tentaram mesmo evitar que angolanos colaborassem connosco.

Não fomos as únicas vítimas do boicote do governo de Luanda: os órgãos de informação do grupo Impresa que pediram vistos (SIC, Expresso e Visão) também não os obtiveram. O mesmo se passou com a Rádio Renascença. Nenhuma explicação foi dada por via oficial, mas todos em Angola sabem porque ocorreu esta discriminação: os senhores que mandam no país não toleram a comunicação social livre e independente e não perdoam aos jornalistas ou órgãos de informação que, em algum momento, noticiaram escândalos, reportaram abusos ou se manifestaram, em textos de opinião, contra o regime. E retaliam em conformidade.

O boicote do governo angolano não se deve, portanto, a um “atraso” na emissão de vistos, como esta semana augurou o primeiro-ministro, José Sócrates. E não há “exagero” algum quando se denuncia um bloqueio a órgãos de comunicação social portugueses.
Cabe perguntar se o Governo de Portugal, como acontece noutros países face a circunstâncias idênticas, encetará alguma diligência para obter explicações sobre o que se passou e se fará algo em relação à atitude das autoridades angolanas.

Fonte: PÚBLICO