Luanda - O Gabinete de Imprensa da CNN, em Londres, respondeu, a 7 de Fevereiro de 2012, às preocupações levantadas por Maka Angola sobre os acordos que o regime angolano tem estabelecido com a referida estação televisiva, para a transmissão de campanhas publicitárias destinadas a melhorar a sua imagem no exterior do país.
* Rafael Marques
Fonte: Makaangola.org
À resposta da CNN, Maka Angola apresenta mais alguns esclarecimentos:
“(…) A Lei Geral da Publicidade em Angola, de 30 de Julho de 2002, estabelece que a publicidade de Estado ou oficial deve ser feita “mediante concurso público” (Art. 35º, 1). Essa lei tem sido violada pela Presidência da República ao atribuir sem concurso público, por nepotismo e de forma corrupta, milhões de dólares aos filhos do Presidente para que estes contratem os serviços da CNN.”
Clique aqui para baixar a carta de Maka Angola à CNN (pdf).
A CNN deve lembrar a visita que o chefe da sua delegação na África do Sul, Kim Norgaard, realizou a Angola, em Janeiro passado. Durante a sua visita, o representante da CNN encontrou-se com as autoridades angolanas para discutir as modalidades de uma séria de reportagens a efectuar, destinadas a melhorar a imagem do regime, com base no crescimento económico do país.. A 17 de Janeiro de 2012, Kim Norgaard disse, durante um encontro com dirigentes angolanos, que “foi por este motivo que decidimos manter este encontro com a ministra da Comunicação Social, para que em conjunto elaboremos um plano que nos permita transmitir com segurança ao mundo a verdadeira situação de Angola, contrariamente ao que se passa fora” (Jornal de Angola, 18 de Janeiro de 2012)
Por sua vez, a ministra da Informação, Carolina Cerqueira, reconheceu o projecto apresentado pela CNN como bom e assegurou todo o apoio do Ministério da Informação com “tudo o que for possível, para que estas séries de reportagens sejam feitas com profundidade a nível nacional, para melhor projectar Angola.” (Idem)
É raro um órgão de informação internacional respeitável, como a CNN, engajar-se em acordos formais com regimes, sobre a cobertura noticiosa de determinado país, devido aos padrões básicos de independência e isenção a que está sujeito. Mais problemático se torna ainda este acordo quando o regime em questão, no caso o angolano, orçamenta US $17 milhões para o pagamento de publicidade na CNN International.