Luanda – A febre de recolha de cartões eleitorais, em todo país, nas instituições dirigidas, ou melhor, ligadas ao partido do poder continua a seguir os seus largos passos. O caso mais recente aconteceu no município de Viana, em Luanda, onde a directora do Complexo Escolar Eliada, Brígida da Conceição Mone, exigia dos professores a entrega, urgentíssima, de cópia dos cartões eleitorais para fins inconfessos.

Dulce Ginga ordenou a recolha de cartões de todos docentes de Viana


eliadinha.jpg - 13.78 KbFonte: Club-k.net

A nota assinada por Brígida da Conceição Mone, no passado dia 15 de Dezembro do transacto, e colada dentro daquela instituição de ensino médio – localizada no bairro da Regedoria, em Viana – comunicava, tal como ilustra a imagem em letras garrafais, o seguinte: “MUITO URGENTE – A Direcção do Complexo Escolar Eliada, pede a todos os docentes, para fazerem a entrega de uma fotocópia do cartão eleitoral até dia 20, terça-feira, na secretaria-geral”.

Este portal soube junto de uma fonte segura que, a responsável da Eliada é uma militante acérrima do comité municipal do MPLA em Viana, e pertence o CAP número 73 da Regedoria. Por outro lado, o Club-k soube que através da mesma fonte que esta acção (de recolha de cartões) foi executada pela maior parte das instituições do ensino – estatal como privado – daquele município, sob a ordem da repartição de educação.

“Nós recebemos esta ordem através da repartição municipal da educação que, todos os estabelecimentos do ensino deviam exigir os seus docentes a entregar uma cópia do cartão do eleitoral”, revelou a nossa fonte, acrescentando que “a pura ordem veio do comité municipal do MPLA, na pessoa da primeira secretária, Dulce Ginga”. eliada.jpg - 58.45 Kb
 

De realçar que a notícia fora primeiramente divulgada pela Rádio Despertar, caiu como uma bomba nos ouvidos do secretário municipal da UNITA, Juliano Pedro Chaly, que rapidamente ironizou que “o processo de registo eleitoral foi assaltado por instituições alheias e sem qualquer vocação para o efeito”.


Alguns docentes da Eliada ouvidas pela emissora, manifestaram – na altura – indignação e preocupação em relação ao assunto. Para os contactados, o procedimento viola não apenas o carácter pessoal do documento em questão, mas também o espírito eleitoral que deve ser secreto, credível e transparente. “Como podermos acreditar nas instituições que nos forçam a entregar documentos pessoais e de uso meramente pessoal?”, indagou um professor meio idoso.