Luanda - Aquando da configuração do novo ordenamento político e administrativo da cidade de Luanda, ficou evidente que um dos desafios continua a ser a recolha dos resíduos sólidos. Fazer da recolha, tratamento e gestão do lixo para garantir qualidade de vida das populações e salubridade de Luanda é uma prioridade indispensável.
Fonte: JA
A cidade capital cresceu muito e, em numerosos casos, de forma desordenada. Uma panorâmica à periferia de Luanda, damos conta que esse crescimento foi um facto e tornaram-se evidentes os desafios no que a recolha de resíduos sólidos diz respeito.
Não há dúvidas de que o desordenamento urbanístico, ainda visível em largas partes de Luanda, representa encargos acrescidos para as operadoras encarregadas de recolherem e tratarem do lixo em Luanda. Mas convenhamos que nem sempre a actividade das operadoras de limpeza, acompanhadas ou não de uma devida supervisão da empresa Elisal, satisfazia as expectativas da edilidade provincial e das populações.
A necessidade de colocar ordem nesta área ganhou ímpeto com a visita do governador de Luanda, Bento Bento, à Elisal, empresa que funciona como concessionária e supervisora das actividades das operadoras de limpeza. Era vital, para constatação "in loco" e melhor coordenação, conhecer os desafios que aquela empresa enfrenta, quais os constrangimentos que vive e como ultrapassá-los. Neste aspecto podemos dizer com satisfação que a visita de Bento Francisco Sebastião Bento foi oportuna, porque o estado de coisas em que se encontra(va) a recolha de lixo em Luanda exigia tomada de medidas. Algumas coisas por lá andavam muito bem, mas numerosas outras careciam de uma redefinição. Uma delas tinha a ver com a elevada dívida que existia para com as operadoras de limpeza, um fardo desproporcional quando comparado com a limpeza da cidade.
Os encargos que a governação de Luanda tinha para com as operadoras quando comparados com o funcionamento, a recolha dos resíduos sólidos desde o casco urbano às zonas periféricas, não eram proporcionais. Não é possível continuar a assistir-se ao estado de coisas no tratamento do lixo em Luanda, sobretudo quando os valores para a cobertura da recolha não correspondem à limpeza.
A suspensão, por tempo indefinido, da direcção da Elisal por parte do Governo da Província representa a ruptura com a situação por que passava a Elisal e, por arrasto, as outras operadoras. Luanda, enquanto capital e a porta de entrada para o nosso país, deve conhecer uma nova fase de gestão do lixo. Luanda deve revelar-se como um espelho cujo reflexo satisfaz os seus munícipes, devendo também aproximar, cativar e atrair quem a ela chega.
O acompanhamento às operadoras por parte da Elisal tem de reflectir a nova dinâmica de governação da urbe, traduzida numa resposta que satisfaça as populações. A extensão territorial, no quadro do novo ordenamento, pode exigir uma redefinição do número de operadoras e um novo desdobramento das mesmas ao longo dos cinco municípios de Luanda. Acreditamos que mais operadoras devem ser licenciadas para cobrir a vasta extensão territorial de Luanda. Nesta empreitada, tudo indica que mais meios para a recolha de lixo, tais como viaturas, pás carregadoras e contentores vão ser necessários para os numerosos bairros de Luanda.
Pensamos que é tempo de ponderar-se a construção de mais aterros sanitários, bem como a edificação de empresas que façam a reciclagem do lixo produzido em Luanda. Não temos dúvidas de que grande parte do lixo produzido na capital pode ser reaproveitado, depois de devidamente reciclado, o que urge reflectir sobretudo nesta fase em que pretendemos diversificar a economia. A possibilidade do produto reciclado servir a muitas indústrias e serviços torna urgente repensar-se a gestão do lixo em Luanda, que ascende a milhares de toneladas por mês.
As populações da capital do país têm também um papel importante a cumprir na efectivação da estratégia da governação para fazer-se uma correcta recolha e tratamento do lixo. As campanhas de sensibilização, aconselhamento e outras práticas exemplares devem continuar a ser disseminadas junto das nossas populações. Compreender que o problema do lixo não é somente da responsabilidade do Governo Provincial, da Elisal e das operadoras, mas igualmente das populações, é fundamental para se forjar uma nova consciência e atitude em relação ao fenómeno.
Como primeiro elo da cadeia de produção do lixo, as populações têm imensas responsabilidades na sua gestão. Pensar o contrário apenas contribui para inviabilizar o trabalho das operadoras que, quando devidamente acompanhadas pela Elisal, sob coordenação do Governo da Província de Luanda, limpam bem a cidade. Gerir o lixo de forma que a cidade de Luanda não fique com os resíduos permanentemente expostos e por recolher é possível.