Lisboa - Raúl Carlos Araújo renunciou  as ocupações   que exercia na Comissão Nacional Eleitoral (CNE), em circunstancias inspiradas  pela   indignação   a  ilegalidade que envolve, a presidente daquele organismo,  Suzana Inglês, ao qual  ele não apóia. Araújo  foi reconduzido como membro da CNE a 25 de Janeiro de 2012,  porém desde que começou a sentir  repercussão negativa   de toda “esta ilegalidade”,   deixou de  comparecer  nas reuniões de trabalho.


Fonte: Club-k.net

Prefere  preservar o seu  prestigio

Não fez pronunciamento público sobre o assunto,   por princípios éticos, tendo em conta a sua afinidade partidária (foi na década de 80, director da escola superior  do MPLA vulgo Escola do Katambor)  mas como    justificação, invocou,  aos seus próximos,    que se abdicaria da CNE, para concorrer  ao  concurso público curricular para o cargo de juiz conselheiro do Tribunal Constitucional, ao qual saiu vencedor.


Os princípios  que nortearam o seu  abandono  a CNE    é ajustado  a  denuncia que fez  em  2008,  segundo a qual alguns  magistrados angolanos declaravam sentenças encomendadas. Na altura concluíu  haver indícios “da prática por alguns juízes e advogados de procedimentos irregulares, susceptíveis de tomada de medidas disciplinares e até criminais”.

 

Em razão de tais “princípios” a  permanência deste antigo bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, como membro da   CNE seria por outro lado visto como “cumplicidade ”   ao  quadro que envolve a advogada  Suzana Inglês  o  que, ao mesmo tempo,   poria em causa os seus valores jurídicos  e as   posições quanto ao   comportamento dos juízes    “susceptíveis de tomada de medidas disciplinares”.


Suzana Inglês deixou de ser juíza a mais de vinte anos tendo solicitado para sair para dedicar-se a   advocacia. Os juízes que a escolheram, como Presidente da CNE,  alegam que a mesma nunca deixou de ser juíza porque a exoneração não foi publicada no Diário da República (DR).  A oposição (UNITA e PRS), apresentaram  copia do DR comprovando que a senhora foi mesmo exonerada a seu próprio pedido, em 1994.  Porem, semanas antes  de concorrer para o cargo de Presidente da CNE, Suzana Inglês solicitou  ao Conselho  Superior da Magistratura (CSMJ), o seu ingresso ou readmissão como Juíza. Em círculos de referencia em Luanda, consideram que tal “solicitação de ingresso”  dá  sustento as  queixas de Raul Araújo quanto aos magistrados.  Um exemplo de contrariedade   está numa revelação que o Vice-Ministro da Justiça, João Alves Monteiro disse, no ano passado,  em entrevista a um jornal privado em Luanda de que solicitou a uns anos atrás  ao CSMJ  ingresso  para a magistratura e  está a espera a vários anos a resposta. (Aguarda pela resposta a mais de 10 anos)

 

A decisão de se manter Suzana Inglês  no cargo de Presidente da CNE, ao qual Raúl Carlos Araújo não apóia,  está  reflectida no seu lado maleável ao  poder político.  O seu antecessor Caetano de Sousa,  era menos volátil e questionava  o quadro legal das  “orientações superiores”  que lhe eram baixadas, o que fez com que  José Eduardo dos Santos o afastasse do cargo,  e forçado  a dizer que saia por vontade própria. Caetano de Sousa  ficou, por exemplo, muito sentido   quando dois meses antes  das eleições de 2008, a Presidência da Republica impôs-lhes na  CNE, um engenheiro informático da Casa Militar, Brigadeiro Rogério para substituir  o então director do departamento de tecnologia de informação, Francisco Domingos desta instituição.


A poucas semanas atrás, Caetano de Sousa  na qualidade de Vice-Presidente do Tribunal Supremo, optou por abster-se da avaliação do recurso contencioso que a UNITA apresentou aquele tribunal sobre a situação de Suzana Inglês.  O caso deveria ser apreciado pela Câmara do Cível e Administrativo que o tem como responsável  mas ele  remeteu  para um outro magistrado,  a juíza, Joaquina Nascimento.