A vitória do nosso Povo
Além disso, viemos também discordar com a tese provocadora que descaracteriza o elemento principal desse processo: o Povo. De que o MPLA só teve maioria absoluta porque o povo, ou quem votou no MPLA é imaturo.
Para se defender essa idéia esses especialistas e formadores de opinião deveriam no mínimo, e em detalhe, dedicar-se ao estudo de cada um dos programas oferecido durante a campanha eleitoral por cada um dos partidos. E ainda, deveriam dedicar-se aos estudos da história do povo angolano nos últimos vinte ou mesmo trinta anos. Quais foram os papeis dos partidos de oposição na história de Angola, e qual foi a posição e o papel do MPLA. Indiscutivelmente chegaram a conclusão que o atual vencedor das eleições tem em sua coleção um inúmero sucessos de vitórias, que podemos mencionar aqui sem constrangimento nenhum.
Desde a fundação da nação Angolana o MPLA foi o primeiro partido, mesmo em tempos de guerrilha, na era da luta armada contra o colonialismo português, o único partido que conseguiu unir a Nação Angolana na conquista pela independência . O MPLA declarou a independência de Angola, numa Capital cercada ao Norte e ao Sul, pelos mercenários de guerra mais experiente que o mundo na época temia, muitos deles verdadeiros soldados assassinos de camponeses vietnamitas, e terroristas treinados e financiados pela CIA. Ao Sul de Luanda estava um dos exércitos mas experientes e preparados a nível mundial na época, o exército racista Sul-Africano. O MPLA, partido, que vitoriosamente hoje governa Angola, na época nem exercito tinha, eram jovens guerrilheiros, muitos deles mal treinados, simplesmente guiados pelo desejo de manter a independência de Angola e a Unidade Nacional tiveram que enfrentar todos os grupos que se opuseram a independência de Angola. Incluindo contra partidos como a FNLA e a própria UNITA, que hoje de maneira merecida, está recebendo as respostas de todos os seus atos que andou executando ao longo desses anos todos.
Como partido político, o MPLA foi além das fronteiras Angolanas, apoio as maiores causas de luta contra o colonialismo e o racismo que jamais se travou nesse continente. E não foi simplesmente um apoio teórico, de boca para fora. Sacrificou parte do território nacional e vidas humanas em nome dessa causa, sem ressentimentos e culpas, porque era necessário. Afinal nenhuma liberdade nesse mundo conquista-se mendigando favores ao inimigo. O MPLA fez isso, porque o que estava em jogo era a dignidade, o orgulho e a liberdade do Homem Africano e Negro. Afinal não se poderia conceber ou aceitar que num pais como a Africa do Sul e a antiga Rodésia do Sul, hoje Zimbábue, poderiam em pleno Século XX ser colonizados e escravizados em sua própria terra.
Ao longo dos trinta anos de independência, o MPLA lutou pela unidade nacional, fez inúmeras concessões ao atual partido de oposição com maior votação nas urnas, 10%, a UNITA. Que depusesse as armas para que se chegasse a um acordo. A UNITA de Jonas Savimbi nunca aceitou nenhuma das concessões, ao contrario levou o pais à guerra, dízimo aldeias, deslocou milhões de Angolanos dentro e fora do país. Resumindo provocou a morte de mais de dois milhões de Angolanos numa guerra injusta sem causa, mesmo quando se sabia que o comunismo era um fracasso e que a guerra fria estava no fim, ou não existia mais.
O MPLA deu e continua dando proteções as populações, porque isso é parte de sua missão histórica, está escrito que ele deve agir e ser assim; o MPLA já fazia isso nos tempos de guerrilha contra o colonialismo português. Em 2002 o MPLA, usando como instrumento as atuais FAA, herança do antigo braço armado FAPLA, derrotou militarmente as tropas de Jonas Savimbi, provocando a morte deste último. Sem querer humilhar os sobreviventes da UNITA que seguiram Jonas Savimbi, o próprio MPLA propôs o acordo de país, de tal forma que as tropas e os combatentes das FALAS que sobreviveram não fossem humilhados num suposto gesto de capitulação, que é o que deveria acontecer.
O MPLA, de maneira cavalheiresca e elegante, deu a entender ao mundo que tudo estava sendo feito num acordo de paz, entre irmãos, compatriotas da mesma terra, e de maneira civilizada sem mostrar ares de vitória arrebatadora sobre o inimigo para não humilhá-lo. Nada impedia que o MPLA o fizesse, mas não o fez. A partir de então éramos adversários políticos e não mais inimigos capitais. E não só, o MPLA protegeu os quadros, políticos e entre eles os deputados da UNITA. Primeiro, contra o próprio Jonas Savimbi. E segundo, em parte, contra a própria população que estava cansada dos desmandos dos terroristas da UNITA que seguiram o seu líder.
O MPLA não só deu proteção a essa gente, mas também tornou os mesmos em gente civilizada, deu dignidades a eles, dando empregos e responsabilidades perante o Estado e a Sociedade; coisa que hoje é interpretado como ato de corrupção ou compra desse mesmo partido para com os quadros do Galo Negro. Dar dignidade ao ser humano: emprego, salário digno e condições de vida para que o mesmo sinta-se gente, e não um verme ou parasita, não tem nada a ver com a corrupção que se tem difundido por aí. Como um instrumento que o MPLA usa para atrair em suas fileiras gente a seu favor. Se assim fosse todos esses partidecos que estão aí minguando votos nas urnas já estariam na gaiola comendo a ração que o partido no poder quisesse; porque sabesse perfeitamente que muitos desses agentes políticos da oposição fazem o que fazem para engordar seus bolsos, e ainda, não têm alma ou espírito para suportar qualquer boa proposta de corrupção.
Pode até parecer irônico, mas se tem alguém que precisa de uma oposição de verdade para governar o país e dirigir o mesmo como mandam as boas regras é o próprio MPLA. Dentro do MLPA, de seus militantes, hoje existe mais do que consciência de que uma oposição é necessária, porque ajudaria a fiscalizar a governança e os atos do governo. Desde que essa oposição esteja à altura de cumprir com a missão que o próprio povo ditar nas urnas. Ao MPLA não lhe convém governar e dirigir uma sociedade de onde ele mesmo não tem controle de seus atos e como fiscalizá-los. Assim, o MPLA quer e tem consciência de que precisa de uma oposição, por isso, seria impraticável para o próprio MPLA sair por aí subornando todo mundo, como se tem dito de má fé.
Por último, nos último seis anos o MPLA vem mostrando que pode e tem experiência suficiente para governar o país, tem reconstruído exitosamente tudo aquilo que de maneira cega destruiu-se no passado. E que a guerra é coisa do passado. Foi o partido que comprovadamente mostrou um programa de governo objetivo e com uma alta capacidade de compreensão para a população, sem cair em promessas toscas, ilusões, mentiras e o engano que caracteriza a maioria dos partidos da oposição, principalmente a UNITA hoje de Isaías Samakuva.
O maior observador de todos esses atos narrados é o próprio povo, observador e participante direito do nosso processo político. Que tipo de maturidade tem que ter o observador nesse caso para não concluir que a balança pesa a favor do Partido que está no poder e que merecidamente, sem contestação, ganhou as eleições à 81%.
Eu posso concluir, agora; posso falar em meu nome pessoal, que a imaturidade não está no povo. Está na arrogância de certos analistas, na falta de cultura desses, muitos até com títulos de doutorados e mestrados, tidos como especialistas, vivem e ganham fazendo esse tipo de análises e trabalhos. A imaturidade está na formação política e ideológica desses analistas, mal preparados durante a vida. E o pior, num ambiente cultural e social onde tudo é tem como objetivo o desprezo daquilo que é pobre, simples e humilde; a imaturidade está no ódio aos pobres, o que beira e vem do terceiro mundo, em particular da África; a imaturidade está em que a burguesia hoje vista em forma globalizada não suporta e é alérgica à alegria e à manifestação dos pobres: dos operários e camponeses, daqueles que vivem despossuídos de tudo . A imaturidade está na visão burguesa e reacionária de encarar as coisas. E esquecem-se de que a democracia em Angola está longe de ser uma democracia implantada pela burguesia. Ou seja, o triunfo da democracia em Angola não é um instrumento, caótico e cheio de falsidades que caracterizam as revoluções burguesas do passado . Ao contrário, nossa democracia é um instrumento polido por uma revolução de operários e camponeses que foi concretizada em 1975 com a independência de Angola.
Por isso, pergunto: quem é que disse que uma democracia só deve ter o estilo reacionário e burguês, que existe mundo afora? E que eu saiba, democracia é a vontade do povo, tida como uma vontade suprema que deve ser respeitada, sempre!
E deixem de descaracterizar as pessoas, e uma nação inteira, pelos vossos fracassos e a vossa maneira reacionária de agir! Que a nossa democracia é parte da nossa idiossincrasia. E respeitem-na! Se acham que democracia é imitar os regimes burgueses e supostamente democráticos da Europa Ocidental ou mesmo dos Estados Unidos estão equivocados. Isso em Angola tem as mínimas chances de acontecer. Porque acreditamos que a verdadeira democracia não deve ser induzida com mentiras e desinformações. A democracia não deve ser construída com legislações racistas e xenófobas como aquelas da União Européia; a democracia já mais deve ser concebida a base de mentiras, mentiras que levam a guerra e ao extermínio de nações e povos, como a guerra do Iraque a invasão ao Vietnam; a agressões a países como Granada e Panama, ao bloqueio desumano e fascista de nações poderosas nos seus gestos de superpotências arrogantes e prepotentes que se impõe às outras nações.
Democracia não é dar oportunidades a que assassinos, terroristas, mafiosos, ladrões chequem ao poder só porque existe um princípio que facilite a chamada alternância de poder.
Democracia é o respeito ao um povo, do desejo e da vontade desse povo, é o respeito à lucidez e a razão humana. Os resultados das eleições em Angola são a pura manifestação de que o poder em Angola está nas mãos do povo e é exercido por ele, de que o povo angolano tem cultura política para poder distinguir de onde vem o mal e o bem. É precisamente por essa cultura política e social que os adversários do Povo Angolano e do MPLA não se conformam. E vivem descaracterizando a mensagem do partido no poder como um efeito de propaganda poderosa que vem do mesmo partido. Nós negamos isso! E estamos aqui para informar e explicar de que nem tudo faz-se a base de propaganda.
Assim, na vida além dos valores econômicos que todos perseguimos, desejamos e ostentamos, e temos o dever, e a obrigação de ostentar valores espirituais. É aí onde entra, novamente, o MPLA como professor, informador, incentivador e promotor dos valores culturais da nação do povo angolano, dir-se-ia mesmo promotor e incentivador da alma angolana. Coisa que outros partidos não conseguem fazer. Primeiro, porque são um bando de fracassados e vivem em função de escutar os interesses estrangeiros em prejuízo dos interesses do povo Angolano. Que tal se a partir de agora, se ir a tempo, o Samakuva deixasse de escutar mais o que a imprensa portuguesa diz, para prestar mais atenção aos desejos do povo Angolano. E entre esses desejos os desejos de unidade nacional. Em segundo lugar, nas circunstâncias em que a política e a democracia angolana atravessa e nasceu, todos os políticos angolanos da oposição são tidos como vândalos e um bando de oportunistas, aproveitadores e infiéis aos interesses do povo angolano; gente não confiável. É um verdadeiro retrato da máfia Ocidental Européia de políticos, ou não, que se espalhou, universalizou em nome da mal famigerada globalização. E nós os angolanos não estamos dispostos a aderir isso. E nem muito menos lições de democracia de quem menos deveria dar: o fascismo e o saudosismo colonial português revestidos de democratas.
* Nelo de Carvalho
Fonte: WWW.a-patria.net