Lisboa - São mais de 40 páginas, num despacho exaustivo onde se juntam várias perícias às contas bancárias de Álvaro Sobrinho, presidente do BES Angola, para explicar que o fluxo de milhões não está justificado. .
Fonte: CM
Carlos Alexandre, juiz do tribunal central, que realça nada ter contra o investimento angolano, defende que todos os indícios apontam para branqueamento de capitais e quer manter o arresto dos seis imóveis (no valor de dez milhões) feitos ao banqueiro.
Sobrinho deverá entregar o recurso e reclamar que as casas lhe sejam devolvidas. Já ganhou um recurso onde foi revogada a decisão de Alexandre, ao impor-lhe uma caução de meio milhão.
A dúvida entre o entendimento jurídico é clara. O juiz do tribunal central defende que os rendimentos de Sobrinho não justificam a fortuna. Ganha entre 46 a 166 mil euros por mês, por ser presidente do BES Angola (o banco nunca explicou as discrepâncias entre os vencimentos), mas as suas contas bancárias reflectem fluxos muito superiores.
Na Caixa Geral de Depósitos, por exemplo, Sobrinho tem 10 milhões em activos. E, no BES, chegou a ter transferências, sempre de paraísos fiscais, que ultrapassavam os cinco milhões. As aplicações financeiras são também de vários milhões e o dinheiro multiplica-se a um ritmo que o juiz quer ver explicado.
O acórdão da Relação, que mandava Alexandre fundamentar as suspeitas, deixa a porta aberta a outra teoria. Para os juízes desembargadores, o branqueamento exige um crime na origem.
Crime esse que nunca foi determinado e que poderá levar a que Sobrinho veja o património ser restituído. Refira-se, ainda, que no processo onde se investiga uma suspeita de fraude ao Banco de Angola, Sobrinho foi constituído arguido.