Interferindo no processo de votação quando este ainda estava nas primeiras horas, a vice-presidente do Parlamento Europeu demonstrou, com isso, uma impreparação para lidar com processos eleitorais da dimensão do realizado num país com as características de Angola.
Depois das deslocações que fez a várias províncias, além de Luanda, estaria Morgantini por dentro dos problemas de organização que se vieram a verificar? Será por essa razão que mandou o seu staff convocar toda a imprensa para o Cacuaco e Boavista, dois dias antes do dia do voto, prometendo fazer declarações naqueles dois locais?
Estaria já na mente da euro deputada fazer as declarações desastrosas que produziu quando convocou a imprensa com tanta antecedência?
É puro acaso o facto de o conteúdo das palavras proferidas por Morgantini coincidir exactamente, sem tirar nem pôr, com as expressões utilizadas por Isaías Samakuva junto do supermercado Martal, em Luanda, quando se referiu à “confusão”, falando em francês?
Sabendo ou não, o certo é que as declarações produzidas por Morgantini, que se apresentou ao público angolano, desde a sua chegada a Luanda, como uma pessoa moderada e sensata, poderiam ter o efeito de uma bomba, não fosse o nível de maturidade demonstrado pelas populações que se portaram ordeiramente e com elevado sentido de civismo.
O que ainda está por contabilizar é o número de eleitores que deixaram de ir às urnas depois de ouvirem falar em “desastre” e “confusão” quando se dirigiam para a sua assembleia de voto.
Não é, portanto, de afastar a possibilidade de Morgantini e Samakuva serem os responsáveis por uma parte da abstenção. Isso os estudos especializados confirmarão ou não.
Se se vier a confirmar a sua participação na abstenção, retribuo à Srª Morgantini e aos observadores europeus os “mimos” com que brindaram o Jornal de Angola, na sua avaliação sobre a nossa cobertura eleitoral, afirmando que também eles fizeram uma observação “geralmente tendenciosa”.
Fonte: Jornal de Angola