Está neste caso o Observatório Político e Social de Angola (OPSA) que, num documento posto ontem a circular, faz uma longa e fastidiosa “reflexão sobre as eleições em Angola”. Pondo de parte os delírios sobre o enquadramento das condições gerais em que decorreram as eleições, situamo-nos apenas no atrevimento de quem nada sabe de Comunicação Social e critica injustamente a postura dos órgãos de informação públicos durante a campanha eleitoral.

O OPSA, uma sigla sem rosto mas que vende um peixe putrefacto, defende a “monitoria dos Media”. O Hitler não só defendeu o mesmo como encarregou Herr Goebbels de tratar pessoalmente do assunto. Temos neonazis a olhar nostalgicamente para o passado? Salazar também monitorou os “Media” e encarregou disso a Comissão de Censura que em Angola decapitou o nacionalista “Jornal de Angola” ou o regionalista “O Intransigente”, de Benguela, dirigido por Gastão Vinagre. Quando os exércitos da África do Sul e do Zaíre se preparavam para invadir Angola antes da Independência, houve também quem quisesse fazer a “monitoria” dos noticiários da rádio angolana. Sem vozes livres a denunciar a invasão, era fácil invadir e tomar conta de tudo.

O OPSA, mesmo sem rosto, deixa no seu documento uma traça indelével que tresanda a uma oposição pulverizada nas mesas de voto. E nem sequer se trata de mau perder. É muito pior. São destronados a tentarem acabar de vez com a decência. Queriam “monitorar” a comunicação social durante as eleições?

Os despojos do OPSA atacam directamente o Jornal de Angola. Por tudo e por nada. Dizem que este jornal atacou quem recorreu aos Tribunais a pedir a impugnação eleitoral. É mentira. Mas estamos em total desacordo com o OPSA quando diz que os recorrentes deviam ser elogiados. O elogio da insensatez é para quem percebe da matéria. Nós, nisso, somos ignorantes.

No ataque descabelado ao sector público da Comunicação Social, o OPSA citou o comentário “Tempo de Antena” deste jornal, como algo negativo. Acontece que se tratou de um trabalho técnico e profissional sobre os tempos de antena de todos os partidos. E nada mais que isso. Os resultados eleitorais vieram provar que se tratou de um trabalho sério e rigoroso. Foi pena que os responsáveis pelo marketing eleitoral de alguns partidos não tivessem lido com atenção esses comentários. Se o tivessem feito, hoje não estariam tão reduzidos.

O OPSA, afinal, não observou nada nem viu nada. E mesmo depois dos 82 por cento do MPLA, continua na mais apagada cegueira. Assim nunca serão um observatório, mas apenas mais uma arma de arremesso contra a imprensa e as instituições democráticas. O sector público da comunicação social, nestas eleições, deu mais de 50 por cento do seu espaço a forças políticas que nem um por cento valiam. Esta é uma realidade que só um cego não vê.

Fonte: Jornal de Angola