Cabinda – Era previsível e analisámos neste espaço o que de tão logo, em seguida se passou depois da realização das eleições. Aldina da Lomba ainda assim pelo que demonstrou durante a deslocação do Presidente da República à província de Cabinda, aquando da campanha eleitoral, lhe foi dito, não “ex professo”, mas por aceno/gesto político, que caso conseguisse ficava com a oportunidade definitiva de governar a província onde serão repostos os 10% da receita fiscal adveniente da produção petrolífera.

Fonte: Club-k.net

Era quase como que uma prenda. Caso para dizer “Nihil obstat”, ninguém obstrói/impede. A dama-de-ferro correspondeu às exigências do momento e por sinal mereceu a confiança e agora nada mais resta, senão ser aceite como governadora de todos os cabindas pela confiança que lhe é depositada pelo Chefe do Poder Executivo, quem de facto muito jogou um papel desequilibrador em favor do seu partido quando viajou para Cabinda com fim de auxiliar os seus pupilos que, em abono da verdade, estavam a experimentar dificuldade face a simpatia de Raúl Danda e Fernando Lelo. Mesmo assim Raúl Danda revestido de UNIFLEC conseguiu roubar uma vez mais o tal lugar pelo que contas feitas: 4-1, irreversivelmente. 

Não seria de bom grado politicamente falando que uma pessoa que deu à porfia de si durante as eleições e mas ainda por ser mulher fosse sonegada no afã de ser governadora. Era previsível, ela passou em diferentes frentes. Tem agora em mãos um dos dossiers mais importantes de Angola, isto é, governar a província mais complicada pela sua especificidade.

Aldina confirma assim a sina do poder familiar. Basta saber que ela é também Furtado. O seu irmão já falecido, Dr. Egídio, pai da Miss Angola Egídia Torres chegou a vice-governador da província do Namibe. Actualmente, seu primo Alcides Furtado é vice-governador da província do Namibe. Um dos seus irmãos já falecidos, Carlitos que se parecia com “Che Guevara” militou nas Forças Armadas Angolanas. Era um FAPLA muito respeitado.

Durante muitos anos a sua irmã Amélia da Lomba, insigne escritora militou no MPLA e é membro da UEA. Aldina da Lomba é prima do Zé e do António Furtado. Vale por dizer que vem de uma família abençoada e com alguma tradição para não falar-se do Benevenuto Gomes Cabral, um dos seus membros familiares mais inspirados que Cabinda conheceu. Grande parte dos seus familiares serviu a pátria nos mais diferentes ramos.

Mas que província onde a nomeação de um governador é vivida com muita paixão. Agora não precisa mais de preocupação quanto às pessoas com quem contar para vencer eleições. O mais importante é encontrar figuras provinciais capazes de guindar a província no melhor “estadium” nacional. Mas também é preciso acabar com algum compadrio no que se refere a distribuição das cozinhas sempre que houver alguma actividade promovida pelo governo.

Sabe-se que a Igreja orou muito para que a sua líder chegasse a cargo máximo da província, quantas vigílias para desafiar as más bocas e os invejosos? Mas ali vai uma questão técnica, só técnica e a mercê dos internautas. A Aldina deve continuar a liderar a Igreja ou suspende a actividade pastoral activa enquanto durar o seu consulado num dos governos provinciais mais cobiçados de Angola?

De facto até dá gosto de professar na igreja da “mamã Aldina”, aliás este é o nome que se generalizou sobretudo fase da campanha eleitoral. As autoridades nacionais podem ficar descansadas que no que se refere ao apoio a senhor está lá. Só se pede que os bajuladores e intriguistas deixem de ser algozes para com os demais conterrâneos.

Cabinda vai sendo cada vez mais exigente, só por isso é que não se vislumbra o nome de António Bento Bembe na lista dos indigitados. Muitos ficaram satisfeitos por isso. A maioria dos cabindas quer dentro do país, como fora, ficaram muito contentes, nesta senda está a sociedade civil, e até personalidades ligadas ao regime. Pois então, Bento Bembe e a sua Secretaria de Estado para os Direitos Humanos eram vistos como elementos perturbadores do orgulho do povo de Cabinda no que se refere ao desempenho de que muito se esperava de alguém que mereceu fama por assinar um memorando.

Bento Bembe não tinha calibrado o valor para os cabindas, nem para o país em geral, duma instituição específica que trata-se de abordar os direitos humanos. Viu a coisa apenas numa dimensão familiar, algo de proveito muito particular e que não passava de clube de amigos de infância e de filhos de amigos de infância.

Esfumou-se o nível valorativo duma instituição que muito podia emprestar mais charme político internacional para o país. Há quase dois anos que foi projectada uma orgânica que anexava tal instituição ao Ministério da Justiça, pensa-se que agora é o momento ideal para que tal aconteça. Só por condescendência política é que a secretária de Estado para os Direitos Humanos não se tornou um departamento do Ministério da Justiça ainda no tempo da anterior Ministra.

Julga-se que tinham sido ponderadas razões de natureza política ora ultrapassadas. Rui Mangueira com manancial de conhecimentos que aporta em torno da matéria, conhecimentos estes adquiridos durante a passagem na diplomacia/Relações Exteriores poderá dar conta do recado. Ele é jurista, professor de Direito Internacional, conhecedor das convenções internacionais é nada mais, nada menos, que o ideal tomar conta do assunto.

Na altura havia todo um figurino técnico e um parecer que atinava com razão a extinção de tal órgão como uma unidade autónoma, mesmo porque já não se justificava ligar os direitos humanos a uma pessoa sobre quem ainda impende um mandato internacional de captura.

Por outro, nem mesmo a situação de Cabinda amplamente propalada se compadece com tal tipo de acomodação, de uma pessoa que não representa o peso diplomático como Raúl Taty, Belchior Lanzo Taty, Alexandre Taty, Jorge Congo, Chicaia, ou mesmo para ser-se mais abrangente, Guálter, André Lelo, Macário Lembe, Rock Borges, pessoas de comunicação mais facilitada e capazes de impressionarem mais os que lidam com a situação de Cabinda.

Cabinda é mesmo um caso específico no concerto nacional só por isso é que detém um memorando, mas uma parte signatária não soube chamar para si o melhor protagonismo à questão sublime e de gozo para alguns intelectuais e não intelectualoides que se acomodaram com os cargos quando deviam debater mais à exaustão no sentido de incluírem os outros.

Naturalmente que estes passaram mais tarde dizendo em ibinda que a outra parte signatária era mais astuta por não abrir outras brechas. Claro que a parte reivindicadora é que devia ser mais ágil e não olhar só nos cargos públicos para sobrinhos e amigos que se limitaram a olhar para o seu umbigo.

A retirada de Bento Bembe do Governo é uma saída para a solução consensual de muitas questões no contexto actual do caso Cabinda, no que se refere a captação de mais valências ou gente cabindense no exílio. É “conditio sine qua non” para se continuar com as negociações aglutinando as demais tendências.

Não se deve negar o posicionamento de algumas tendências em Cabinda. Uma delas é a que deixará de existir domingo, dia 30 de Setembro quando os membros do Lumbundunu se juntarem aos demais católicos para a reunião que se augura faz tempo. Dom Filomeno pode assim contar com uma Igreja unida para o bem do seu múnus pastoral.

Fica por se saber o sentimento que vai na alma daqueles padres que viram declarada a sua baixa do laicado. Tal seria a sorte do Padre Brito, Faustino Maria Builu ou kuloka Mbwá, todos eles falecidos? Estão de parabéns o Núncio Apostólico Dom Novatus que entendeu bem o problema, assim como actual prelado cabindense pela humildade demonstrada em acolher os irmãos que se haviam afastado.

Infelizmente, o facto não se tinha revelado no tempo do Dom Ângelo B. hoje representante da Santa Sé em Cuba. No caso hoje premente a Diplomacia Vaticana foi mais conseguida, camaradas, mas também, att., o saber fazer e a militância todos podem ficar num mesmo Executivo local. Portanto, Bento Bembe pode ficar de fora do governo para o gáudio do povo de Cabinda. E questão é meramente política.

Na política não existem amigos permanentes nem inimigos para sempre. Nela há interesse e não amizade. A época do Fórum Cabindês para o Dialogo acabou. Há que renovar as perspectivas do diálogo olhando para a boa governação e pelo diálogo permanente com aqueles que filosofam em torno da questão. Há muita gente polida que iria emprestar um charme político mais eficiente na troca de impressões com o governo.

E Aldina da Lomba pode ser uma mola impulsionadora nesta matéria já que é uma das pessoas do lado governo que esteve sempre presente no mecanismo bilateral do diálogo. É uma mais-valia a emprestar o seu saber quanto mais não seja numa altura em que representa o Presidente da República no terreno.

E continuando a falar da mulher que deixou os homens para trás, no seu consolado, Aldina da Lomba deve ter coragem de contar também com pessoas de tipo Raúl Taty e Rock Borges, Carlos Veiga, pessoas frontais e sem medo de falar a verdade desde que não firam os laivos do bom senso, pois que na governação é preciso também contar com os que por vezes nos ferem com verdade do que com aqueles que nos fantasiam com mentira.

Por outro, é importante referir que mesmo sendo seu irmão, Euclides da Lomba é uma pessoa de reconhecida competência, capaz de mobilizar a todo o instante a juventude e outras camadas da sociedade, é mesmo um dos “ex libris”, quer dizer cartão-de-visita. Por outro, de modo a dar maior mobilidade política e até governativa é importante que não haja muita acumulação de funções da parte de algumas pessoas.

É preciso apurar-se bem os critérios de nomeação das pessoas devendo privilegiar-se a tecnocracia e não só a militância cega. Ficamos expectantes com a forma como Aldina Matilde da Lomba vai arrumar o governo. Atenção o equilíbrio geopolítico. O próprio Presidente aquando da sua tomada de posse anunciou um governo de continuidade e renovação. Este deve ser o padrão em Cabinda em ordem a se pacificar mais a coisa. Porque não descobrir alguns jovens bons e idóneos em matéria de trabalho?

Aldina tem tudo para ser uma governadora história e que encante os olhos dos apaixonados pela política. Os dias que se seguem servirão de barómetro, ver-se-á se o que fez tem a ver apenas com o circunstancialismo eleitoral ou se algo de gema polícia. Existem feitos e vontade manifesta na melhoria de vida das populações, no quadro saneamento básico e infra-estruturas, basta ver o que ela vem fazendo em alguns pontos com um exemplo por demais evidente na Nova-Estrela onde estão algumas pessoas que bem mereciam um pouco mais de atenção pelo facto da referida rua se localizar mesmo nas barbas da administração municipal e não muito longe da sede do MPLA e do governo provincial.

Neste e noutros aspectos a mulher foi mesmo decisiva no que hoje se constitui a felicidade de pessoas que voltam ao convívio com a salubridade, para dizer que na Nova Estrela nasceram pessoas muito importantes e que não deixam nada passar.