Luanda - Estive a ouvir esta noite (segunda-feira) o estratego político do MPLA, João Martins, falar de um suposto aproveitamento político da estiagem por parte da oposição, sem nomear ninguém, para além das vagas referências que fez.

Fonte: Morrodamaianga.com


Percebi mais ou menos tudo, menos qual foi o motivo concreto da encomendada "entrevista" que a TPA nos brindou por largos e generosos minutos, no quadro do tratamento super-VIP que o partido no poder tem direito por parte da média estatal.


Devo confessar que das duas vezes que escutei a "entrevista" nos canais 1 e 2, não fui a tempo de ouvir o principio da mesma, onde deverá ter sido feito o seu enquadramento mais específico.


Mesmo assim, mandam as regras que a terminar a entrevista, tendo em conta o seu carácter especial, o apresentador deveria fazer novamente referência às razões de tais declarações com que o "camarada Jú" parecia estar a querer antecipar algum cenário/movimentação da oposição com o propósito de reduzir/diluir o seu impacto junto da opinião pública e publicada.


Para já, o único comentário que me ocorre, é que esta entrevista foi mesmo uma grande "seca", a traduzir, entretanto, a maior importância que o MPLA está a dar a Oposição nesta nova legislatura.


As jogadas de antecipação, como esta que João Martins acaba de protagonizar,  são próprias do debate político em democracia.


O que já não tem nada ver com a democracia é a ausência do contraditório por parte da comunicação social, sobretudo quando ela tem responsabilidades públicas. Em nosso entender a "curta-metragem" que a TPA nos brindou esta segunda-feira sobre a estiagem em Angola "brilhou" uma vez mais pela ausência não só do contraditório, como também pelo seu "afunilamento", pois entendemos que se poderiam ter ouvido especialistas sobre as questões ambientais, com uma visão menos política e mais científica dos fenómenos naturais que nos afligem.