O clero diocesano, segundo o antigo vigário geral da Igreja de Cabinda, Raul Tati, considera a atitude de abusiva à integridade do sacerdote e de violar os princípios de um estado democrático e de direito que consagra a liberdade de circulação dentro e fora do país. Qualificam ainda a decisão de inusitada e prometem resposta caso não se resolva a situação do sacerdote, num curto espaço de tempo.
Segundo Raul Tati, o clero local não vai cruzar os braços e promete reagir em solidariedade ao sacerdote por se considerar a atitude de insultuosa e uma afronta contra a dignidade do sacerdote e do clero de Cabinda e promete graves consequências caso não se reveja a interdição.
Um mês após de lhe ter sido confiscado e interdito de se ausentar do país por alegadas ordens superiores, Assunção Sevo Agostinho continua retido em Cabinda sem conhecer as razões e os mentores do impedimento que pesa sobre si, de se ausentar do país, segundo os serviços emigratórios.
O já chamado caso padre Sevo, como vulgarmente é identificado não só pelas comunidades religiosas, veio revelar que para lá de uma crise meramente religiosa, pesa sobre alguns sacerdotes da Diocese de Cabinda, nomeadamente aqueles que mais se notabilizam na defesa da identidade da população do enclave, uma perseguição e contas a ajustar com as autoridades angolanas já que segundo se apurou, nem o próprio Dom Filomeno conseguiu tirar a limpo as razões deste caso.
Esta ordem que se diz ser superior e não ter rosto, segundo o antigo vigário geral da Diocese, venha donde ela vier é uma ordem macabra e fere a dignidade da pessoa humana e a resposta não tardará a chegar pois, há em quase toda a parte, uma indignação face a atitude das autoridades e assegura que esta situação pode ter repercussões na vida da igreja local, dilacerada por uma divisão em virtude da nomeação de um bispo alegadamente encomendado pelo Governo.
Essa indignação pode chegar aos níveis de revolta afirma Raul Tati, para quem a interdição de sair do país imposta ao sacerdote pode acarretar consequências muito dramáticas pois, para ele, o padre Sevo representa todo um capital social em Cabinda, quer dentro como fora da igreja.
Num passado não muito longínquo, o sacerdote foi adjunto de Jorge Casimiro Congo na Paróquia de Imaculada Conceição e como pároco da catedral da Diocese foi autor de vários slogans a favor da unidade e identidade do povo de Cabinda.
A sua ida a Madrid, Espanha, para fins de formação, não o afastou da lista de alguns sacerdotes combatidos pelas autoridades e pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé(CEAST) ao lado de sacerdotes como Raul Tati, Jorge Casimiro Congo, João de Brito Maiamba Monteiro e outros tantos que se opõem a Filomeno Vieira Dias como bispo da Diocese.
Esta situação veio agudizar a crise que já se considerava tensa na Igreja Católica local e que levou à divisão da igreja em dois blocos antagónicos. Como consequência, fiéis e religiosas tem-se desmembrado do convívio da Igreja una Santa Católica.
Fonte: VOA