Volta e meia a emotiva, mas não necessariamente intempestiva ou impulsiva, Tchizé transforma um caso pequeno num caso grande. Desta vez o grande caso que ela criou foi notícia por apenas um dia. Pelo menos até ver.
O que se discutia ali naquele dia - o OGE e o Programa do Governo - era demasiado sério. Porém, sem muito para alterar na proposta que o Governo submetera à Assembleia Nacional sobrou tempo a todos os deputados para levantarem as questões que quisessem. Sem qualquer parcimónia a deputada Welwitchia dos Santos Pêgo usou a sua vez de intervir. E fê-lo para questionar o assalto que um canal privado de televisão, ainda na forja, estaria a fazer à televisão pública.
Tudo indica que o tal canal privado de televisão que estará a «sugar» pessoal da TPA é a TV Zimbo. Preocupada com os danos que a investida da TV Zimbo estará já a causar à estação pública, a deputada convocou a atenção da Assembleia Nacional e do Governo para esse fenómeno.
No registo sonoro que a Rádio Nacional de Angola difundiu na sexta-feira da semana passada, mais palavras menos palavras Tchizé dos Santos Pêgo fez-se porta-voz do canal público da televisão. Ela disse que a TPA pode fi car muito enfraquecida se o seu pessoal continuar a ser aliciado pelo tal canal privado que nunca nomeou expressamente.
As inquietações da deputada Tchizé Pêgo são fundadas. À Medianova, holding que controla a TV Zimbo e o semanário O Pais, não faltam recursos. Se até Fevereiro deste ano ela já gastou 25 milhões de dólares em despesas que incluem uma rotativa, residências para o seu staff e afins, não faltarão àquela editora meios para fazer o mesmo em relação ao seu projecto de televisão. De resto, alguns dos seus accionistas, nomeadamente Hélder Vieira Dias «Kopelipa», chefe da Casa Militar do Presidente da República, Leopoldino Fragoso do Nascimento, chefe das Comunicações do Presidente da República, e Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos, são pessoas muito bem-sucedidas em vários negócios.
Por tudo isso, Tchizé dos Santos Pego não poderia ser mais clara em relação às suas preocupações. Porém, ela terá deixado o flanco aberto na medida em que o processo que resultou na adjudicação a seu favor da gestão do Canal 2 foi seguramente menos urbanizado do que aquilo que a Medianova tem feito. Em todo o caso será interessante ver como é que vai acabar este episódio. Tendo chegado primeiro ao mercado da comunicação social com as revistas Tropical, primeiro, Caras, a seguir, e depois com o Canal 2, Tchizé dos Santos Pêgo tem agora o seu primeiro grande teste, numa competição em que a «concorrência» corre mesmo dentro das quatro paredes.
Fonte: SA