Luanda - No quadro da campanha de difamação que o Jornal de Angola enveredou desde algumas semanas atrás contra a UNITA,  o único diário no país, lançou mais uma das suas dizendo que o Presidente da UNITA, Isaías Samakuva escondia no passado cerca de 20 mil solados para tomar o poder. Segue na Integra o texto difamatório da direção de  José Ribeiro e  do assessor português,  Artur Queiroz.

Fonte: Jornal de Angola

Aniversário de Bicesse: Faz hoje 23 anos que o Presidente José Eduardo dos Santos, depois de derrotar as forças do apartheid na decisiva batalha do Triângulo do Tumpo, num gesto magnânimo estendeu as mãos à UNITA com a assinatura do Acordo de Bicesse.

O gesto teve a grandeza dos que sabem vencer mas também perdoar. Em nome da reconciliação nacional, o Chefe de Estado deu uma oportunidade a Savimbi para se reconciliar com o Povo Angolano depois de um longo percurso de crimes de guerra. 

Na edição de hoje revelamos aos angolanos a verdade nua e crua: apenas cinco dias depois da assinatura do Acordo de Bicesse, Isaías Samakuva e Abílio Numa escondiam 20.000 militares da UNITA, fortemente armados, em quatro bases no Cuando Cubango. A operação foi financiada e alimentada pela Inteligência Militar da África do Sul. Os generais Nzau Puna e Tony da Costa Fernandes, quando romperam com Savimbi, denunciaram essa situação. Mas não conheciam a localização das bases onde as tropas foram escondidas, para tomar o poder pela força, no caso de uma derrota eleitoral de Savimbi.

A ONU foi investigar a situação e nada encontrou. A operação secreta resultou. No dia em que foram proclamados os resultados eleitorais, o mundo ficou a saber que o MPLA tinha ganho com maioria absoluta e a UNITA perdeu. Quando isso aconteceu, os 20.000 homens escondidos saíram das bases “Girafa”, “Palanca”, “Tigre” e “Licua” para Savimbi tomar o poder pela força. Em poucos dias ocuparam mais de 75 por cento do país. As FAA só tinham oficiais e as FAPLA foram extintas. Angola estava nas mãos do caudilho e Addalberto Júnior anunciou na Europa que a UNITA tinha vencido a guerra. Valeu, na altura, a Polícia de Intervenção Rápida que fez o papel que cabia aos militares na defesa da soberania nacional.

Samakuva hoje quer regressar ao “espírito de Bicesse”, ao tempo em que escondia 20.000 militares armados para tomar o poder pela força em Angola. Deu um contributo substancial para rasgar o acordo e agora quer voltar à Troika de Observadores, à Comissão Conjunta, à estaca zero nas FAA. O dirigente da UNITA que escondeu o exército que em Outubro de 1992 desencadeou a guerra, agora exige o regresso ao passado. E usa a mesma linguagem de sempre: ofensiva, agressiva, falsa, dissimulada. 

Hoje mesmo Adalberto Júnior e os dirigentes da UNITA ainda tratam o Executivo como o “regime de Luanda”. Continuam a comportar-se como se tivessem ganho as eleições. Não reconheceram a vitória eleitoral do MPLA e do Presidente José Eduardo dos Santos. Se este jornal não tivesse enfrentado a operação mediática de Isaías Samakuva e da sua direcção, lançada neste mês de Maio para “corrigir” a História, hoje a intoxicação e a falsificação teriam conquistado terreno em Angola. 

Tudo o que o Jornal de Angola tem escrito sobre a UNITA e seus dirigentes são verdades puras e cristalinas. Neste jornal não há lugar à propaganda. Isso fica para a Rádio Despertar e os órgãos de informação ao serviço da Oposição que distorcem e manipulam os factos. Nós não pintamos as costas para nos fazermos de vítimas. Não ensinamos manifestantes a desafiar as forças da ordem e a violarem a Lei. Somos profissionais e temos no rigor o primeiro critério no exercício da profissão.

Hoje Angola e o mundo ficam a saber que Isaías Samakuva e Abílio Numa participaram, cumprindo ordens dos serviços secretos sul-africanos, numa operação suja para esconder as tropas e o armamento que trouxeram de novo a guerra a Angola, depois do curto período de paz que se seguiu ao Acordo de Bicesse. O líder da UNITA aianda tenta esconder-se por trás da máscara de “embaixador” que construiu após ter estado a viver à grande e à francesa em Paris. Aos poucos a farsa ganha a forma de tragédia. Ruiu o seu discurso do amante da paz e da reconciliação nacional. 

Samakuva esteve implicado em todas as operações da Guerra Suja da UNITA. A reconciliação nacional só existe se for sustentada pela verdade. Acabou a vida dupla, o discurso ambíguo, a mentira compulsiva. A pele de cordeiro cai quando a verdade é revelada. Os angolanos ficaram a saber quem escondeu tropas e armas nas bases “Girafa”, “Palanca”, “Tigre” e “Licua”. Sabem quem seleccionou os melhores comandantes para actuarem na guerra. Quem escondeu as anti-aéreas, incluindo Stingers, e as armas pesadas. 

O espírito de Bicesse foi trucidado na guerra após as eleições. Samakuva ajudou Savimbi a destruir Angola, a provocar milhões de desalojados, mortos e feridos. Não pode servir-se da reconciliação nacional como arma de arremesso contra as suas vítimas. A direcção da UNITA não quer a democracia, odeia eleições e sempre que pode, torna a vida impossível aos angolanos. Neste 23º aniversário do Acordo de Bicesse isto tem que ser dito. Samakuva e alguns dos seus  colegas da direcção da UNITA podem abrir um novo conflito  se continuarem com a mesmo discurso agressivo  e o mesmo comportamento contário à paz e à reconciliação nacional.