Lisboa - BPI, BCP, Galp, Teixeira Duarte, Mota Engil, NOS (ZAP), Novabase e Ibersol são empresas cotadas na Bolsa de Lisboa com presença em Angola e cuja atividade tem sido penalizada pela depressão profunda em que mergulhou a economia do país liderado por José Eduardo dos Santos. A intervenção do FMI, que poderá ter um programa com uma duração de três anos, é considerada como potencialmente positiva para o sector empresarial.

Fonte: Expresso

"Numa primeira leitura podemos dizer que o facto de o governo angolano ter pedido ajuda ao FMI, e Washington ter aceite, até pode ser boa notícia para as empresas portuguesas, já que cria uma certa estabilização da economia", disse um analista de um banco de investimento português, que pediu para não ser citado. A mesma fonte lembra que o FMI irá, naturalmente, pedir contrapartidas, e duas delas serão certamente a redução do peso do Estado na economia e o aumento da transparência.


FMI em Angola. “Uma boa notícia”, diz Ferraz da Costa


O empréstimo do FMI ajuda à estabilidade cambial, ao investimento e ao aproveitamento do potencial produtivo do país, verifica Pedro Ferraz da Costa.


Pedro Ferraz da Costa só encontra vantagens numa intervenção do FMI em Angola. E espera que as negociações para o empréstimo do FMI sejam rápidas para reduzir ao mínimo “o tempo de incerteza”.

 

A Intervenção do FMI “é uma boa notícia porque introduz previsibilidade na política económica e cambial”, diz ao Expresso Ferraz da Costa. O industrial farmacêutico conta com uma operação em Angola com 150 pessoas que fatura perto de 40 milhões de euros.

CAPTAR INVESTIMENTO

O efeito na política cambial é especialmente importante para quem tem investimentos em avaliação para o país. No atual quadro, “era impossível avançar com um projeto de investimento, tal a imprevisibilidade cambial”.

 

Os efeitos virtuosos da intervenção do FMI far-se-ão ainda sentir na adoção “de decisões politicas difíceis e dolorosas, no reforço da qualidade dos organismos oficiais e num novo impulso para aproveitar o imenso potencial produtivo” de que Angola beneficia.

 

O empresário não receia que a adoção de medidas dolorosas conduza a agitação social. “É preciso que as medidas sejam devidamente explicadas e enquadradas”, diz.

 

A verdade é que o governo angolano já adotara em 2016 “um programa orçamental muito duro, cortando subsídios, por exemplo, nos combustíveis e que vão no sentido das que o FMI certamente recomendará”. Segundo Ferraz da Costa, a entrada do FMI “é mais um passso para Angola se adaptar à nova realidade dos atuais preços do petróleo”.