Luanda - Um grupo de jornalistas do semanário Expansão, que se deslocou à Presidência da República, a fim de fazer o credenciamento para a cobertura das actividades do Presidente João Lourenço em território nacional e internacional, foi alvo de um interrogatório ultrajante, que obrigava a facultar o nome das companheiras, número da ENDE, a cor da casa, o trajecto que realizam quando saem de casa em direcção ao serviço e o restaurante que mais frequentam.
Fonte: NJ
O facto ocorreu no dia 9 de Maio, num dos gabinetes do Cerimonial da Cidade Alta, após os jornalistas terem sido convocados para irem concretizar a solicitação que havia dado entrada há alguns meses, no intuito de os profissionais do órgão poderem cobrir as actividades de João Lourenço sem os empecilhos que a anterior governação impôs aos “privados”.
Sob pretexto de que estariam perante uma experiência que haveria de lhes dar “prestígio”, tratando-se da Presidência da República, espaço onde, uma vez concretizado o processo de credenciamento, poderão ter acesso a contactos privilegiados, os técnicos da Presidência não pouparam nas questões que chegaram a incomodar os jornalistas, que se recusaram a fornecer os dados.
Os quatro técnicos, três senhoras e um homem, que exibiam dois passes de serviço, num dos quais se podia ler as iniciais USP, alegaram que a resposta às perguntas determinaria a aceitação ou não do credenciamento.
Entretanto, os mesmos afirmaram que o facto de o inquérito ter sido concretizado não era garantia de que a credencial haveria de ser entregue, uma vez que, afirmaram, ainda tinham de “averiguar” os dados recolhidos.
“Com quem vive? Onde é que a sua mulher trabalha? Qual é o seu contacto telefónico? Quem é o seu melhor amigo e qual o seu número de telefone? Qual é a marca do seu carro, a cor, o modelo e matrícula? Qual é a via mais fácil de acesso para a sua casa? Como é a casa antes da sua e a que está a seguir? Pertence a algum partido político?”.
Foram estas algumas das questões a que tiveram de responder os jornalistas, à excepção de um, que peremptoriamente se recusou a fazê-lo.
O documento, de cinco páginas, foi depois assinado pelos jornalistas sob a condição de confidencialidade, ou seja, foram proibidos de partilhar a informação com terceiros.
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