Lisboa – Na historia das traições/deserções entre MPLA e UNITA, pouco se registrou casos de elementos do partido no poder que aderiram ao “Galo Negro”. O antigo comandante da policia em Luanda, Superintendente, José Adão da Silva ficou conhecido como o primeiro caso de um alto funcionário do regime aderir a UNITA logo após aos acordos de Bicesse.
Fonte: Club-k.net
Abatido no aeroporto de Luanda
A sua deserção, foi vista na altura como uma traição inaceitável e é ate aos dias de hoje lembrada por altos funcionários da corporação da policia que o tratavam por “Ti Zé”. É lembrado sobretudo pela forma que terminou. Às 19 horas do dia 14 de Julho de 1995 foi assassinado por rajadas de metralhadora quando se encontrava no interior duma viatura no parque do aeroporto de Luanda, altura da chegada a Angola do Secretário Geral da ONU.
Era natural do município de Icolo e Bengo, Província do Bengo, onde nasceu em 1948. Adão da Silva fez o serviço militar no exército português na década de 70, com a patente de sargento. Logo após aos acordos de Alvor, aderiu ao MPLA, sendo depois delegado deste Partido no Waku-Kungo, no Cuanza-Sul. Foi mais tarde admitido nos quadros da Polícia Nacional de Angola. Atingiu o grau de Superintendente, sendo depois nomeado Comandante da Policia Nacional de 1986 a 1988.
Por alegado descontentamento do desempenho da corporação que no seu pensamento denotava ter se limitado a um instrumento ao serviço do partido único, começou a contestar e foi demitido das suas funções. “Por vontade e convicções próprias”, como sempre gostava de afirmar, aderiu à UNITA, começando a desenvolver actividades nas estruturas clandestinas.
Em 1990 é tido como um dos elementos mais dinâmicos para a formação do Comité Coordenador da UNITA em Luanda, que surge em 1991. Em 1992 participa activamente na estrutura do Comité Provincial da UNITA de Luanda e integra a CCPM. Nas eleições de Setembro de 1992 é candidato a Deputado da UNITA pelo Circulo Provincial do Bengo.
Nos confrontos de Outubro/Novembro de 1992, entre os dois partidos beligerantes, a sua casa é totalmente destruída e ele é preso, ficando detido em companhia de outros dirigentes da UNITA, com quem ele sempre esteve solidário e tentou sempre ajudar. Após ser solto era constantemente ameaçado até 1994.
No VIII Congresso da UNITA é nomeado para assumir o Secretariado Provincial do “Galo Negro” em Luanda, com vista à reconstrução da actividade política do Partido após os Acordos de Lusaka.