Luanda – Familiares de uma cidadã angolana de 60 anos de idade, (camponesa) de nome Laurinda Chocalie, denunciam a sua detenção “supostamente ilegal”, desde sexta-feira última (14), na esquadra da Polícia Nacional do Sequele, sob mando do comandante Aragão, município de Cacuaco, em Luanda, por orientação de Fortunato Cameia, gestor da empresa “Grupo Heb-Forc Constrution”. O Club-K procurou, sem sucesso, ouvir a versão dos acusados.
Fonte: Club-k.net
Este acusado de liderar um grupo de supostos invasores de terrenos que procuram a todo custo usurpar o espaço com cerca de 52 mil metros quadrados, da camponesa em causa, localizado nos arredores da centralidade do Sequele. Denunciou ao Club-K Angola um representante da vítima que acompanha o processo desde 1994.
Segundo denunciantes, esta é a segunda detenção “ilegal” da camponesa, na mesma esquadra, movida pelo suposto oficial do Exército, para persuadir a senhora a desistir do terreno que a mesma alega possuir há 30 anos, com provas documentais em tribunal, sob “processo número 29/17-E”.
Fruto da arrogância e tráficos de influências junto das autoridades policiais, tribunais e da administração de Cacuaco, porquanto goza o acusado, Fortunato Cameia, Laurinda Chocalie teria sido detida pela primeira vez no dia 10 de Setembro de 2016, na referida esquadra, onde permaneceu 11 dias, na sequência do mesmo conflito, em conluio do guarda que protegia o mesmo terreno.
De acordo com as fontes, Fortunato Cameia alega ter comprado o espaço na década dos anos 2000, por um lado, e, por outro, defende o terreno como sendo do Estado afecto aos projectos dos ministérios da “Juventude e Desporto, da Defesa e Casa Militar da República”, sem nunca terem sido provados as titularidades pelo referidos organismos do Estado. Esclareceu a fonte cujo nome omitimos a seu pedido.
“O senhor Cameia é usurpador com protecção de altas entidades do município de Cacuaco. Ele nunca mostrou nenhum documento legal nem dos ministérios que ele diz defender. Ele está a vender por talhões. O chefe Hossi militar que tínhamos contratado para nos ajudar a controlar o terreno foi ele que procurou o Cameia para nos invadir. Ele ignora tudo e todos e faz das suas”, disse um familiar que acompanha a detida.
As fontes afirmam que neste processo de esbulho do terreno de Laurinda está envolvido o capitão do exército Pedro Hossi, enquanto chefe do Posto de Comando Unificado (PCU) do Sequele, este que Laurinda Chocalie havia contratado para controlar o seu terreno, após começar a sofrer as primeiras invasões com ameaças de morte, até então por pessoas não identificadas.
Temendo dos invasores, a camponesa, indefesa, recorreu ao referido capitão, Pedro Hossi, para proteger o seu espaço, sendo sua área de jurisdição militar, na altura. O “oportunista” alegam as fontes, não hesitou a proposta da camponesa desesperada na sua protecção, para mais tarde torna-la na sua vítima de “estimação”.
O oficial do exército e chefe da PCU no Sequele aproveitou-se da sua função para extorquir dinheiro de Laurinda, propondo-lhe ajudar na legalização do terreno com apenas 180 mil kwanzas. Laurinda financiou com toda confiança, por medo de perder o terreno para os invasores. Numa segunda proposta, entregou mais 50 mil kwanzas, a pedido do militar sob proposta de efectuar limpeza em todo espaço com cerca de 52 mil metros quadrados.
Para o espanto da camponesa Laurinda, enquanto esperava pela legalização e limpeza do terreno, numa altura em que já havia pago nas mãos do seu protector “Capitão Hossi” 230 mil kwanzas, este apareceu acompanhado de mãos-dadas com Fortunato Cameia, actual suposto proprietário de todo terreno que “chefe” Hossi controlava em nome da camponesa.
Nesta processo de denúncia são citados agentes da fiscalização e técnicos da área técnica da administração municipal de Cacuaco, no mandato do administrador Carlos Alberto Cavuquila. Estes funcionários que ajudaram na falsificação de documentos do terreno a favor do empresário, Cameia, acusando Laurinda Chocalie de invasora de terrenos do Estado.
Avançaram as fontes, o “Grupo Heb-Forc Constrution” havia removido todo seu equipamento do terreno e Fortunato Cameia, (enquanto gestor) orientado a parar com as obras para devolver o espaço à camponesa, pelo antigo governador de Luanda, Luther Rescova, durante o seu mandato, ao tomar conhecimento do processo litigioso há anos em tribunal, provando Laurinda Chocalie como a legítima proprietária do aludido terreno.
Mas, após a exoneração de Luther Rescova para a província do Uíge, dias depois, os supostos invasores liderados por Cameia voltaram a tomar de assalto o mesmo terreno.
“Nós mostramos todos os documentos ao governador de Luanda, senhor Luther Rescova, que por sua vez interveio no caso quando se conferiu que o terreno é pertença da nossa mãe. Orientou a fiscalização e a área técnica da administração de Cacuaco para resolverem o assunto. O senhor Cameia tinha abandonado o terreno. Mas depois da exoneração do governador, eles voltaram com mais força”, lamentou a interlocutora do Club-K.
Os familiares alegam que Laurinda Chocalie ocupa o aludido terreno onde sempre desenvolveu actividades agrícolas há mais de 30 anos como fonte de sobrevivência para a sua família, enquanto camponesa e membro da associação denominada “Tua Kitele Xidi”. Depois do falecimento do seu esposo, resolveu legalizar o espaço requerendo concepção de título de superfície junto do Instituto Geográfico Cadastral de Angola (IGAC), tendo pago auto de vistoria no valor de 207.187,00 kwanzas, conforme a factura n.º 210 de 22 de Novembro de 2016, que prova o auto de vistoria com processo número 986-LA/16. Estes e outros documentos em posse do Club-K.