Lisboa – Quando em Julho de 2020, o economista Carlos Manuel de São Vicente considerou como “infundada” uma matéria do Club-K, que alertava que o mesmo estava a ser investigado por branqueamento de capitais, o antigo PCA das AAA, estava ciente que o seu caso seria “abafado” por conta de um oficio em que a PGR de Angola declarava a sua congênere da Suíça que não havia indícios de “prática dos crimes de corrupção, branqueamentos de capitais”, envolvendo a sua pessoa.
Fonte: Club-k.net
Luanda respondeu que não havia indícios de corrupção
Não obstante ao bloqueio de 900 milhões, as autoridades suíças alertavam que existiam também contas na Suíça em nome de diversos familiares de São Vicente, incluindo da esposa dele, mas desconhece-se se com ou sem o consentimento deles.
Para tirar a limpo o assunto, o ministério público de Genebra, enviou uma carta rogatória (B-20-1149-1) a sua congênere Angolana solicitando a cooperação para diligencias instrutórias no âmbito do processo contra Carlos Manuel de São Vicente, que corria naquela país. A Suíça exigia apenas a cooperação de Angola.
No passado dia 13 de Agosto de 2020, a PGR de Angola que havia se mantido em silêncio desde que recebeu o pedido, finalmente respondeu (através do oficio 022/GICI-CR/PGR/2020) declarando que não existiam indícios de corrupção praticados por Carlos de São Vicente.
“Cumpridas que estão todas as diligencias rogadas, analisados os autos e documentos junto à presente Carta Rogatória, concluiu-se que em Angola não existem indícios da prática dos crimes de corrupção, branqueamentos de capitais, participação econômica em negócios ou qualquer outro crime em conexão com os factos constantes da carta rogatória com o no B-20-1149-1, pelo inquerido Carlos Manuel de São Vicente”, lê-se na resposta da PGR de Angola em defesa do seu cidadão nacional.
Em edições passadas, o Club-K, reportava que “desde que o processo iniciou na Suíça as autoridades angolanas haviam se mantido em silêncio em obediência a planos que visavam o “abafamento” do caso”.
De lembrar que no dia 10 de Julho do corrente ano, o Club-K deu pela primeira vez como manchete a matéria intitulada “Cruzada contra corrupção atinge família Neto” que fora rejeitada por São Vicente negando estar a ser alvo de investigações. Volvidos dois meses, um blog da Suíça trouxe informações do bloqueio de 900 milhões de dólares que São Vicente tentou transferir numa das suas contas onde detinha cerca de 1,1 mil milhão de dólares.
No seguimento da propagação do assunto, a PGR de Angola viu-se desencorajada em “abafar” o assunto tendo para o efeito indicado dois magistrados do DNIAP, João Panguila, e Esperança Manuela dos Santos Jorge Bulica para interrogar São Vicente, que por sua vez decidiram declarar prisão do antigo PCA das AAA.
No passado dia 2 de Outubro, a sua esposa Irene Alexandra Neto, considerou como inocente exigindo a sua libertação imediata por considerar que “a prisão preventiva do cidadão Carlos de São Vicente é, de facto, o cumprimento de uma pena sentenciada no tribunal populista, presidido por agentes do Ministério Público”.
“O meu marido, Carlos de São Vicente, é um cidadão honrado e cumpridor das Leis angolanas. Criou empresas no sector financeiro, do turismo e no imobiliário, que tem gerido sempre no respeito pelas normas em vigor em Angola e no mercado internacional”, escreveu a também membro do BP do MPLA, considerando que “Até este momento ele não foi acusado de nada. Porém, as autoridades que têm o dever de proteger o Segredo de Justiça, alimentam um circo mediático que representa o julgamento e condenação de Carlos de São Vicente, na praça pública. O meu marido está a ser vítima de um julgamento mediático criado artificialmente e alimentado por sectores bem identificados”.