Lisboa – Recaem sobre a embaixada de Angola em Roma, um fluxo de denuncias evidenciando a ocorrência de suspeitas de má gestão desde o ano  de 2019, período em que foi nomeada como chefe de missão Maria de Fátima Monteiro Jardim, a antiga ministra das pescas no governo de José Eduardo dos Santos.

Fonte: Club-k.net

DENUNCIAS DE MÁ GESTÃO E MAUS TRATOS AOS FUNCIONÁRIOS

De acordo com constatações, uma das constantes verificadas pelas inspeções feitas nas missões diplomáticas, é que o seus titulares assim que assume funções procuram tomar vantagens financeiras por via da simulação ou realização de obras de construção geralmente sobrefaturadas ou feitas por empresas da sua conveniência. Assim que chegou a capital italiana, como embaixadora, Fatima Jardim teve como primeira acção a destruição da salão nobre da embaixada transformando-o numa sala visitas. Também desmantelou o auditório desta missão diplomática que passou a ser sala de reuniões, mesmo sabendo que embaixada de Angola tem já uma sala de reuniões.

De acordo com apurações, a diplomata mandou também montar uma tenda nos jardins da embaixada, que de acordo com denuncias, vai contra todas as normas da administração da cidade de Roma que proíbe a fixação nos quintais de algo que distorce a imagem original de um certo espaço da cidade. Invoca-se que a tenda terá custado mais de 100 mil euros.

Quando a tenda foi comprada, dizia-se que tinha largos anos como tempo de vida. Na realidade quase 5 anos depois já apresenta vidros rachados, pavimento dilatado por conta da humidade, fora das despesas de manutenção.

Para além de denuncias de gestão desapropriada, há reclamações de atrasos nos ordenados dos funcionários e outras burocracias que contrariam as despesas não prioritárias. Os corredores da embaixada estão sem iluminação, as camarás de vigilância não funcionam desde há 4 anos, a galeria carece de reabilitação ha anos.

“Nunca há dinheiro para a manutenção da embaixada. Desde a sua chegada, aumentou consideravelmente o seu nível de degradação”, diz uma fonte contactada.

DESPEDIMENTOS E MAUS TRATOS

Tão logo a chegada da embaixadora em 2019, surgiu a pandemia do Covid-19, e não tardou muito tempo que a embaixadora expulsou o guarda com a sua família que viviam num anexo da embaixada.

“Por conta da pandemia era difícil o guarda encontrar uma outra residência, mas a senhora embaixadora mandava recados de pressão para se retirarem o mais rápido possível do anexo, definido como residência do guarda”, relatou a fonte descrevendo que “foi uma coisa deprimente ver uma mulher e mãe fazer aquilo com uma família, cujo chefe labuta na embaixada há mais de 30 anos como guarda e porteiro e hoje a embaixada esta sem um guarda”.

Para além de irregularidades e má gestão Fatima Jardim, é constantemente acusada de marginalizar os funcionários desta missão diplomática de Angola.

Na embaixada angolana em Itália funciona um engenheiro informático caboverdiano. Alega-se que o mesmo terá sido censurado em público por ter se candidato a deputado no exterior pelas listas do seu partido Movimento para Democracia (MpD), oposto a família politica externa do MPLA.

Fatima Jardim é também acusada de ter maltratado um conselheiro da embaixada Antônio Nzita. O diplomata é filho do falecido líder da FLEC, Nzita Tiago, e foi colocado a disposição da diplomacia angolana pelo antigo Presidente José Eduardo dos Santos no quadro de um acordo com uma das facções da FLEC, na altura chefiada por Bento Bembe do Fórum Cabindes para o Dialogo (FCD). Antônio Nzita, trabalhou anteriormente na representação diplomática de Angola junto das Organizações Internacionais em Genebra.

“É um homem incensurável, católico militante, pessoa de bem, mas com a chegada de Fatima Jardim foi declinado ao ostracismo”, diz a fonte lembrando que “o presidente José Eduardo dos Santos inseriu o senhor Antônio Nzita na diplomacia no quadro da procura de uma solução pacifica para o caso Cabinda”.

A antiga ministra das pescas terá marginalizado um outro conselheiro diplomático Carlos Alberto Amaral, descrito como “diplomata respeitável, humilde, conciliador”. Dizem as fontes do Club-K que “Ele (Carlos Amaral), com o falecido Kiala Kia Mateva, trabalhou ao ponto de Angola ser muito respeitada nas Agencias das ONU em Roma. Também foi vitima da senhora que cortou-lhe o seguro de saúde e apoderou-se do seu orçamento. Resultado, até o pagamento da renda da casa onde vivia começou a ter atraso consideráveis”.

APARTAMENTOS

Durante a vigência do embaixador Florêncio de Almeida (Mário Cabral), o Estado angolano comprou 6 apartamentos para os funcionários diplomatas. Com a chegada da embaixadora Fatima Jardim um desses apartamentos não foi atribuído a nenhum diplomata por sua ordem.

“Ninguém habita no apartamento. O antigo adido de imprensa nos últimos tempos da sua missão ficou sem orçamento, passando até dificuldades para pagar as rendas. Ele pediu para que. ficasse deste apartamento enquanto preparava-se para o regresso ao Pais, mas a senhora não aceitou e ele teve que alugar um lugarzinho na cave de um prédio”, relatou a fonte revelando que o apartamento com custos de cerca de 130 mil euros, e é usado como se fosse casa de recreio da embaixadora.

DESATENÇÃO

Para além da alegada má gestão e maus tratos aos funcionários, a embaixadora Fatima Jardim é também criticada por desenvolver uma certa desatenção nos assuntos da politica internacionais e de interferência em relação a representação de Angola no Estado do Vaticano.

Recorde-se que no primeiro dia de Julho de 2022 quando morreu aos 96 anos, na Alemanha, o padre Georg Ratzinger, irmão mais velho do Papa emérito, a embaixadora Maria de Fatima Jardim telefonou para a Presidência da República, em Luanda, alertando que deveria fazer uma mensagem de condolências pela morte do Papa Bento XVI. Fatima Jardim teria confundido com a morte do irmão de Bento XVI devido a semelhança de sobrenome Ratzinguer, interferindo no trabalho da embaixada de Angola junto da Santa Sé.

Criticam-na também pelo conflito que tem para com a pontualidade. Há reparos de que nas cerimonias organizadas pela embaixada angolana, a senhora nunca chega na hora marcada. Faz atrasos de uma hora e nunca apresenta desculpas pela descumprimento da pontualidade.