Lisboa - Recentemente nomeado para o cargo de director de comunicação institucional do ministério das relações exteriores, António dos Santos Nascimento, é citado em círculos diplomáticos como estando há cerca de 15 anos “vetado” de entrar em território sul africano por pesar contra si, o pendente do caso de um angolano que foi misteriosamente assassinado na cidade de Pretória, quando o diplomata exercia às funções de adido de imprensa.

Fonte: Club-k.net

António Nascimento, havia saído numa noite de dezembro de 2018, com o cidadão angolano João Gaspar Neto, na altura funcionário da GAMKE, que se encontrava em tratamento médico na capital sul africana. Na noite do crime, o diplomata foi pegar Gaspar Neto em casa, para ambos tratarem assuntos relacionados a candidatura do então adido de imprensa para o posto de primeiro secretario do MPLA, na cidade de Pretória. No dia seguinte João Gaspar Neto, apareceu morto nos arredores de Pretória com sinais de espancamento.

 

No dia em que o cadáver foi encontrado na rua, o antigo adido de imprensa de Angola viajou na mesma manha para Luanda, onde ficou por algum tempo. António Nascimento, foi procurado para prestar esclarecimentos do que terá acontecido com João Gaspar Neto aparecer misteriosamente morto e com sinais de espancamento.

 

Contactado, na altura, a partir de Angola, António Nascimento disse que não conhecia o falecido e que nunca teve conversa  com o mesmo. Adiantou ainda que (eles, MPLA), não realizavam reuniões de noite.

 

A polícia sul africana abriu um processo número 2263/08. Na altura o inspector do processo de nome Bester, teve acesso as correspondências eletrônicas entre o adido de imprensa António Nascimento e o  malogrado João Gaspar Neto, o que colocava por terra a versão do diplomata de que nunca  teve  contacto com o falecido.

 

De acordo com apurações, António Nascimento nunca foi ouvido pela Polícia de Investigação Sul africana por que  na altura gozava de imunidade diplomática e ao mesmo tempo foi sentido no então embaixador de Angola em Pretória Miguel Gaspar Fernandes Neto, indisponibilidade de ceder  o seu funcionário para o esclarecimento da verdade. Nascimento, cessou  depois funções e levado por Miguel Fernandes Neto para Inglaterra, onde ambos exercerem  funções diplomáticas. Um como embaixador e outro como adido de imprensa.

 

A certidão de óbito indica que Gaspar Neto morreu de “causas não naturais”. Porém, a Polícia de Investigação Sul africana revelou na altura que o malogrado terá sido espancado por sete elementos e o golpe fatal  foi uma faca perfurada no coração da vitima.

 

A Polícia de Investigação Sul africana, admitiu na altura que o antigo funcionário do GAMEX Gaspar Neto terá sido morto por elementos do regime  angolano  e que o mesmo  foi espancado  no sentido de procurarem alguma informação do mesmo e que António Nascimento poderá ter sido usado  para atrair o malogrado para o local do crime.

 

Volvidos estes anos, voltaram a surgir informações segundo as quais o nome de António Nascimento estará na lista de “persona non grata” das autoridades sul africanas. Na última deslocação a África do Sul do ministro das relações exterior Tété Antônio, o diplomata na sua qualidade de porta-voz e então chefe de departamento da comunicação do MIREX, não se fez presente pelo que surgiram argumentos de que a sua ausência foi consubstanciada em receios de que fosse perturbado pelas autoridades sul africanas para eventuais interrogatórios.

 

Em Luanda, onde se encontra, António Nascimento chegou a ser alvo de uma tentativa de linchamento por parte de um dos filhos do falecido João Gaspar Neto, que exigia dele esclarecimento do assassinato do pai. O referido filho vivia na altura com o pai, e foi a ele quem o progenitor se despediu no dia anterior ao fatídico incidente, que estava de saída para ir se reunir com o então adido de imprensa António Nascimento, para tratar de assuntos ligados a conferência eleitoral do Comitê do MPLA em Pretória.


António Nascimento é licenciado em Gestão e Comunicação na Universidade de Harare, Zimbabwé. Para além do actual cargo que exerce de Porta-Voz do MIREX, já desempenhou as mesmas funções nas missões diplomáticas de Angola no Zimbabwe, Zâmbia, África do Sul, e por fim em Londres.

 

Em 2000, ao tempo adido de imprensa na Zâmbia, Antonio Nascimento  viu a sua ficha “manchada” devido ao caso de um jornalista da RNA, Antônio Paciência que foi  assassinado neste país, onde se deslocou em serviço  para uma  cobertura jornalística.