Luanda - O ministro das Relações Exteriores, Téte António, que pareceu inicialmente “grande aposta” do Presidente João Lourenço visando limpar do pelouro do MIREX da má-fama sectarista e propensamente corrupta de que goza, continua a fazer das suas e a tornar-se no “patinho feio” aos olhares das hostes do Palácio Presidencial.

Fonte: Club-knet

Depois de, em Abril passado, o Club-K ter desvendado que o ministro Téte António havia recuado de concretizar a tomada de posse para funções de Consultores à dois antigos ex-embaixadores arrolados em processos de corrupção na Procuradoria Geral da República (PGR), eis que, precisamente, dois meses depois, tudo quanto se sabe é que o retrocesso do ministro não passou de um truque “Teteriano”.


Antes visto com reservas face à nomeação de Arcanjo Maria do Nascimento, antigo embaixador de Angola na sede da União Africana, em Adis Ababa, e Narciso de Espírito Santos Júnior, antigo Cônsul de Angola em Lisboa, hoje o ministro Téte António definitivamente passou a ser olhado como a “verdadeira pedra no sapato” em meios do regime por, ao que consta, não empossar os suspeitos ex-embaixadores apenas por puro calculismo, mantendo-os a funcionar “normalmente” e usufruindo de tudo.


Por outras palavras, o ministro das Relações Exteriores acha-se dono de si, atropela tudo e ainda desobedece aquilo que seria o mais razoável: colaborar para permitir que tais práticas não tenham respaldo na nossa sociedade, dando mesmo forte sinal de que o crime no quintal “Teteriano” compensa (e de que maneira!).


“São tais acções que veementemente condenamos, porque, senão, as pessoas dizem que o Presidente não faz nada”, desabafou uma fonte ligada ao regime, que questiona também das verdadeiras razões por que os dois ex-diplomatas são protegidos pelo ministro das Relações Exteriores.


“Porque é quê eles (Arcanjo do Nascimento e Narciso de Espírito Santos) gozam de tamanha protecção? O que estará por trás disso tudo?”, indaga.
Arcanjo Maria do Nascimento e Narciso de Espírito Santos Júnior respondem na Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP), respectivamente, pelos processos números 48/2018 e 6763/2022.


Arcanjo Maria do Nascimento, que chegou a estar detido preventivamente em Maio de 2018, é acusado por crimes de peculato, corrupção passiva e branqueamento de capitais. Já Narciso de Espírito Santos Júnior é suspeito em crime de peculato e corrupção no período de 2016/21 na função consular em Lisboa.

Espírito Santos Júnior, de ascendência santomense e “primo-como-irmão” do actual secretário de Estado das Relações Exteriores, Victor Lima, um “barão” desde o consulado de José Eduardo dos Santos, foi alvo de duas inspeções ao longo do seu mandato como cônsul geral em Lisboa, tendo, segundo apontava o Club-K, a equipa de investigação detectado, dentre várias infracções, gastos duvidosos, a saber:

1 - Descoberta de uma factura, na qual gastou de forma injustificada um milhão de euros para realização de uma festa com 150 pessoas, na Costa da Caparica, em Lisboa, em alusão ao dia da independência nacional, poucos meses depois de assumir o cargo de cônsul geral.

2- Despesa de 600 mil euros feitas no luxuoso hotel Ritz de Lisboa contraídas num período de 4 meses. Assim que chegou a Portugal, o diplomata instalou-se numa suíte deste mesmo hotel na qual pagava a diária de 1700 euros, e outra de 1000 para a sua filha maior de idade de nome Nariete Wuesa Casimiro do Espírito Santo. O consulado gastava, por mês, 150 mil euros de hospedagem e de outros gastos, em nome da família do diplomata, apesar de o governo de Angola ter comprado uma residência oficial para quem exerce o cargo de cônsul em Lisboa, mas Narciso Espírito Santo se recusava a habitar. Os pagamentos foram feitos por cheque.

3 - Sobrefacturação em contratos, e em compras de mobílias pela
empresa KUATRUS, ligada a uma amiga da esposa. O diplomata terá
sobrefacturado igualmente com a compra de dois tapetes que custaram 75 mil euros cada.

4 - Viagens semanais à Faro, sul de Portugal, com um grupo restrito do seu gabinete (Edgar Neto e Lukenya Casimiro). As deslocações serviam para tomar proveito das ajudas de custo.