Lisboa - Alegadas proximidades do Presidente angolano a um empresário libanês Jean Boustani acusado, em 2018, de “conspiração” pelos Estados Unidos da América, tem sido merecedoras de atenções, em meios de empresas de análise de risco e consultoria que se concentram em questões políticas, de segurança e de negócios em África.

Fonte: Club-k.net

Suspeita de actuar como  testa de ferro do regime

Baseado no Dubai, depois de ilibado elos EUA, Jean Boustani, tem sido referenciado em ventilações de que estaria a atuar como "proxy" de alegados interesses do líder angolano, a par de um outro angolano, general José Tavares Ferreira, descrito como homem da extrema confiança de Lourenço. Fontes do Club-K, indicam que nos últimos dois anos, o general Tavares tem passado mais tempo nos Emirates Árabes Unidos, em operações de negócios.


De acordo com apurações, o empresário Jean Boustani, terá conhecido o actual Presidente angolano, quando este ainda era ministro da Defesa Nacional de Angola. Boustani, era executivo da Privinvest Shipbuilding Investments LLC, uma empresa de construção naval sediada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Quando JL, era o titular da Defesa Nacional, a Privinvest e o Ministério em causa, firmaram, um contrato no montante equivalente em Kwanzas a € 495.000.000,00 (quatrocentos e noventa e cinco milhões de euros), para o fornecimento e assistência técnica de 17 embarcações de patrulha, intersecção e transporte militar, incluindo peças sobressalentes. No dia 29 de Agosto de 2016, o então ministro João Lourenço, orientou por escrito (despacho 448/16) a empresa estatal SIMPORTEX - Comercialização de Equipamento e Meios Materiais, Importação e Exportação, E.P, para celebrar o referido contrato, em nome do ministério da Defesa Nacional.


Em janeiro de 2019, a consultora de analise de risco EXX África, produziu um relatório alegando que a empresa angolana JALC - Consultores e Prestação de Serviços, Limitada, ligada a família Lourenço – “teve um papel” nas negociações que levaram à compra das embarcações.


A referida consultora EXX Africa alertou que Angola poderia enfrentar riscos reputacionais pelo facto do Ministério da Defesa ter feito um negócio com a Privinvest em Agosto de 2016, quando João Lourenço era ministro da pasta.


Neste mesmo mês, teria se casado em Luanda, aos 27 de Agosto de 2016, Jéssica Lorena Dias Lourenço dos Santos, a primogénita do actual casal presidencial angolano. Em meios internacionais que acompanham as movimentações de Jean Boustani, surgiram consistentes reparos, segundo as quais terá sido este empresário estrangeiro a recomendar o renomado estilista libanês Elie Saab para a compra do vestido na noiva.


O estilista Elie Saab é especialmente conhecido pelos seus vestidos de noiva (que custa 250 mil dólares) e de gala, que têm sido usados por muitas celebridades em eventos de prestígio, como o Oscar e o Festival de Cannes.


A nível da lusofonia, o empresário libanês Jean Boustani ficou conhecido pelo seu envolvimento no caso das dívidas ocultas em Moçambique. A Privinvest, na qual ele trabalhou como executivo, esteve também envolvida na negociação e fornecimento de embarcações para projetos de pesca e segurança em Moçambique.


Jean Boustani foi acusado pelas autoridades dos Estados Unidos de conspiração por cometer fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e conspiração para pagar subornos a dirigentes moçambicanos, em conexão com o escândalo que ficou conhecido por “dívidas ocultas”. O mesmo foi preso em 2018 nos Estados Unidos e, em 2019, foi julgado em um tribunal federal em Nova York. Em julho de 2019, foi absolvido de todas as acusações criminais contra ele.


As eventuais ligações de Jean Boustani e João Lourenço voltaram ser objecto de analise nas últimas semanas no decurso de uma visita da primeira-dama Ana Dias Lourenço a Marbella, Espanha depois do período de convalescência. O empresário libanês é mencionado com certa insistência de ter sido a entidade que facilitou a estadia de Ana Dias Lourenço, neste destino turístico popular localizado na região da Costa del Sol, no sul da Espanha.


As alegadas ligações de Jean Boustani ao Presidente angolano tem sido merecedoras de atenções em meios com capacidade de analise estratégica, por haver receios de que a mesma possa prejudicar os esforços de aproximação do regime de Luanda aos Estados Unidos da América.