Madrid - Pela primeira vez na história política do nosso país, estamos diante de um processo de destituição de um Presidente da República. A incapacidade manifesta de poder responder com responsabilidade e seriedade as necessidades que o país apresenta, a par de um conjunto de violações à Constituição, levam o Grupo Parlamentar da UNITA, um grupo multipartidário, integrando o Bloco Democrático e o PraJa, reunido na FPU – Frente Patriótica Unida - a desencadear este tipo de acção extrema com legitimidade constitucional.
Fonte: Club-k.net
O clamor de socorro é diário e está patente em cada canto da geografia de Angola. Depois do roubo do corpo, do funeral da vergonha do pai das outras, do sequestro das eleições através da compra dos juízes, especialmente de nomeações como a da Juíza Presidente do Tribunal Constitucional, da boa manutenção do Manico na CNE, o contrato a vuvulai com a INDRA, depois de tudo isto, surgiu a guerra da Ucrânia que obrigou alguns paises europeus a buscarem o nosso gás natural , petróleo, entre outros, como publicou o grupo de pressão Transport & Environment na sua edição de 25 deste mesmo mês, por estarem de caras viradas para com a Russia, por certo, também amiga do MPLA. A novela é a seguinte: A Europa zangou-se com a Argélia que a abastecia de gás, por empanturrarem de euros o rei de Marrocos, para que surre e impeça a passagem sem quaisquer observação dos Direitos Humanos, as pessoas migrantes subsaharianas que querem tentar a sorte em terras europeias fugindo das desgraças também causadas pela própria Europa. O rei Mohamed de Marrocos em troca destes favores, pediu o controlo absoluto do Sahara Occidental, ex protectorado espanhol, que a Argélia defende. Visto isto, a Argélia fechou a sua torneira de gás à Europa. Portanto Angola acabou sendo, por ironia do destino, mais ainda por opção à Deng Xhiao Ping, aliado estratégico dos inimigos da China e Rússia, seus tradicionais amigos.
Com todo este barulho, algum país europeu, aproveitou a ocasião para cobrar os favores prestados aquando da batalha do corpo do pai das outras, com o nosso petróleo e gás, deixando os nossos irmãos do MPLA em situação completamente constrangedora. O líder do MPLA tentou agradar a gregos e a troianos. Esta bipolaridade, esta a passar uma factura impagável e completamente inassumível ao povo Angolano, repercutida na subida desorbitada do preço dos combustíveis e, por consequência, impacta no mesmo sentido a todos aqueles produtos que necessitam do mesmo para serem transportados ou produzidos. O biscato dos motoqueiros, dos taxistas, entre outros, ja não é rentável. O povo angolano, ficou sem saber o que inventar para poder sobreviver. Os salários brilham por sua ausência, na praça tudo está caro, mesmo com 50 ou 100 mil kzs, não se consegue comprar quase nada. Ainda bem que as crianças andam de férias, porque neste momento contam-se as famílias que poderiam responder aos gastos derivados da escolarização dos filhos e filhas.
As manifestações dos jovens são silenciadas a disparos de mortes. Lá no Huambo, a greve dos motoqueiros terminou com a perda de oitos vidas, de não manifestantes. Em Luanda e no resto do país, até hoje choramos vários mártires, In memoriam Inocêncio de Matos, o Menino Rufino, várias mulheres zungueiras...o governo do MPLA, não foi capaz de dar alguma explicação a nenhuma destas mortes. Nada estranho, porque tem demonstrado que as vidas dos angolanos e angolanas, não lhe importa.
Onde é que está aquele MPLA de jovens fortes, sonhadores de uma Angola livre, progressista, de um governo do povo e para o povo? Onde é que estão aqueles mais velhos que nos inspiravam, que defendiam os ideais do bem comum e da redistribuição da riqueza? Se ainda sobra algum, por favor, que faça algo antes que o MPLA acabe extinto no lixo da história.
Todos vocês andaram com o malogrado José Eduardo Dos Santos, hoje ostentam certas posições graças a ele, seguramente não foi nenhum santo e cometeu muitos erros, mas sinceramente, como foi possível que permitiram que fosse humilhado daquela maneira? Como é que permitem que o povo continue a ser humilhado e oprimido desta forma, até à exaustão? Caminhamos sem travão para um precipício. Tentem terminar com esta insensibilidade. Contribuam para a solução, façam-no por Angola, respaldem, apoiem a iniciativa do Grupo Parlamentar da UNITA, não por qualquer multicor partidária, mas pelo bem do país e pela preservação do nome do MPLA e pela salvaguarda da nossa grande Pátria comum.
Não permitam que um individuo motivado por desejos ocultos e de índole duvidosa, arraste todo um país à deriva. São inúmeros os exemplos em África, poucos ditadores terminaram bem, lembrem-se do Omar Al Bachir no Sudão, do Laurent Bagbo na Costa de Marfim, do Gadafi na Líbia, Alpha Kone na Guiné Konacry, no Senegal a força dos jovens obrigou a desistência do Presidente Macky Sall a tentar concorrer a um terceiro mandato, acabamos de acompanhar o golpe de Estado no Niger, onde os militares ouvindo o clamor do povo disseram basta a ditadura do Presidente Mohamed Bazoum.
Temos um grande país, somos um grande povo, sofremos uma guerra civil sem sentido, porque foi entre irmãos, para a qual esperamos nunca mais voltar, porque nos envergonhamos dela. Perdemos muito tempo de progresso e muitas vidas humanas – o maior capital do país. São escassos os ganhos da paz, senão o mero calar de armas e a oportunidade de realizarmos país. Estamos a vinte e um anos em paz e ainda continuamos a ter crianças fora do sistema de ensino, hospitais incapazes de atender a própria Ministra da saúde em uma simples operação de miomas, as nossas avós deambulam a procura de restos de comida nos caixotes de lixo, estradas incapazes de permitir os escoamentos dos produtos do campo as cidades, jovens sem esperança no país obrigados a dar lengeno para Tuga, Brasil ou África do sul, os nossos avôs atirados lá no beiral sem alguma dignidade, os doentes crónicos desprezados e abandonados. Não somos pioneiros em nada, não estamos na vanguarda de nada, o mundo não conhece nenhuma proeza made in Angola, os corpos das mulheres são violados, prostituídos, abusados e completamente avacalhados, as nossas crianças ja não tem a quem olhar como referências. Meus irmãos do MPLA, esta é a Angola que o vosso líder diz que é favorável e onde o povo tem uma fome relativa. Esta é a Angola que o Grupo Parlamentar da UNITA teve a ousadia democrática de por meio deste impeachement, tentar resgatá-la da deriva e da agonia total e definitiva.
Cabe a vós, militantes do MPLA, juízes e juízas da democratura, deputados e deputadas, decidir, que país querem para vocês mesmos, para os vossos filhos e filhas, netos e netas, e como querem ser lembrados pelo povo angolano.
Se algum dia acreditaram nos valores democráticos, amaram o povo angolano, por favor, actuem com o sentido do dever. Não do dever aos próprios bolsos e benezes – pois está em causa o Ser e não o Ter - senão, com o sentido do dever ao povo que é o “chefe”, o soberano, o dono do país e merecedor de toda honra e toda glória.
Angola primeiro, agora e sempre com dignidade! UBUNTU UMOYA.