Luanda - A integração económica da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) tem sido um tema de relevância crescente para os países membros, e Angola não é exceção, uma vez que acaba de tomar posse da sua presidência pelo Presidente João Lourenço nesta última cimeira realizada em Luanda.
Fonte: VOA
A abertura a um mercado regional mais amplo oferece oportunidades substanciais, mas também apresenta desafios significativos para a classe empresarial angolana. Neste contexto, é vital abordar questões de competitividade, fragilidades empresariais e a criação de um fundo de financiamento inovador para impulsionar os empreendedores nacionais.
A competitividade é uma preocupação crucial para os empresários angolanos que buscam expandir suas atividades na SADC. A entrada em mercados mais amplos exige uma reavaliação das práticas de negócios, produtos e serviços para se adequarem às necessidades regionais. A necessidade de cumprir padrões internacionais e enfrentar a concorrência direta de outros países membros da SADC pode ser um desafio intimidante.
Os empresários angolanos muitas vezes enfrentam dificuldades que limitam o crescimento e a inovação (falando aqui dos pequenos empresários e não dos políticos que têm empresas). Barreiras como a falta de acesso a financiamento adequado, infraestruturas deficientes e um ambiente regulatório complexo podem prejudicar o desenvolvimento empresarial.
Além disso, a falta de conhecimento sobre os mercados vizinhos e a ausência de redes de negócios podem dificultar a penetração em novos territórios, sendo um exemplo de falhanço a ausência de empresários angolanos na RDC ou na Namíbia.
A ideia de criar um Fundo de Riqueza Social, voltado para financiar empreendedores e empresários locais, é inovadora e promissora. Este modelo de financiamento e diferente do Fundo Perdido que o executivo já experimentou em outros tempos, visa aliviar os desafios financeiros que muitos empreendedores enfrentam no início de suas jornadas.
Ao financiar projetos em troca de retornos fiscais e responsabilidade social, o governo poderia incentivar a participação dos empresários locais na economia regional e estimular o crescimento sustentável.
Um fundo de financiamento ao empreendedorismo com foco no retorno fiscal e responsabilidade social dos empresários, pode gerar benefícios significativos no curto e médio prazo. Primeiramente, isso criaria um ciclo virtuoso de investimento, crescimento e retorno para o país, criando um espaço de desenvolvimento da classe empresarial nacional para enfrentar os desafios regionais.
Além disso, ao garantir a responsabilidade social, os empresários seriam incentivados a contribuir para o desenvolvimento de suas comunidades, projetos sociais e a promoção da estabilidade económica.
No entanto, a criação e implementação de um Fundo de Riqueza Social não são isentas de desafios. A transparência na alocação de recursos, a gestão eficiente do fundo e a avaliação rigorosa dos projetos são elementos cruciais para evitar abusos e garantir que os recursos sejam utilizados de maneira responsável e produtiva (evitar erros cometidos no crédito chinês).
A integração económica da SADC oferece oportunidades promissoras para a classe empresarial angolana, mas exige uma abordagem estratégica e adaptativa. Superar desafios de competitividade e fragilidade empresarial é essencial para tirar o máximo proveito dessa integração.
A proposta de um Fundo de Riqueza Social representa um caminho inovador para o financiamento ao empreendedorismo e pode catalisar o crescimento sustentável, desde que seja implementado com responsabilidade e rigor.
Em última análise, a jornada de Angola rumo à integração económica da SADC é uma oportunidade única para fortalecer a nossa economia, aumentar a participação dos empresários locais e contribuir para a prosperidade regional. A criação de parcerias entre o governo, o setor privado e a sociedade civil são fundamentais para enfrentar os desafios e aproveitar plenamente as vantagens dessa evolução económica.
Emerson Sousa.
Escritor e Analista político.