Luanda - A possibilidade de Angola se juntar ao grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tem gerado debates intensos entre alguns analistas de política e economia internacional. Esta perspectiva levanta importantes questões sobre como essa adesão poderia afetar o desenvolvimento econômico e geopolítico do país africano, bem como o impacto potencial das entradas de novos membros que será decidido nessa XV cúpula realizada na África do Sul.
Fonte: Club-k.net
Melhor do que olhar para as hipóteses de Angola apresentar uma candidatura, vamos olhar para as potenciais vantagens que Angola terá fazendo parte dos BRICS:
1- Acesso a Investimentos e Recursos: Ao ingressar nos BRICS, Angola poderia ganhar acesso a uma rede de cooperação econômica e financeira mais ampla. Isso poderia facilitar o investimento direto estrangeiro, a obtenção de financiamento para projetos de infraestrutura e a diversificação da economia angolana.
2- Integração em Cadeias de Valor Globais: Os BRICS são importantes atores nas cadeias de valor globais, e a entrada de Angola poderia permitir que o país se integre mais profundamente nessas redes, aumentando as suas exportações, assim como a sua participação nas trocas comerciais internacionais.
3- Diversificação de Parceiros Comerciais: Angola historicamente dependeu fortemente de parceiros comerciais limitados, olhando para o eixo de cooperação económica que o país experimentou. A adesão aos BRICS poderia oferecer a oportunidade de expandir as relações comerciais com mercados emergentes, reduzindo a vulnerabilidade às flutuações de demanda em mercados tradicionais.
A inclusão de países como a Indonésia, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos nos BRICS, poderia ampliar a representatividade geográfica do grupo e trazer novas perspectivas econômicas e geopolíticas. No entanto, também poderia criar desafios em termos de coordenação de políticas e objetivos, dada a diversidade de interesses desses países e o contrapeso ao bloco ocidental representado no G7 por exemplo.
Os BRICS, em conjunto, alcançam 40% da população mundial, representando 26% do PIB global e possuem uma reserva considerável de moedas estrangeiras, ou seja, é sem sombra de dúvidas uma plataforma apetecível para países em desenvolvimento.
E essa capacidade financeira, poderia ser aproveitada para apoiar projetos de desenvolvimento em Angola, especialmente em áreas como infraestrutura, energia, agricultura, turismo e educação.
Em síntese, a possibilidade de Angola ingressar nos BRICS representa uma oportunidade estratégica para impulsionar seu desenvolvimento econômico e geopolítico. No entanto, é crucial considerar que a cúpula dos BRICS se reserve na observância dos desafios e oportunidades trazidos pela inclusão de novos membros no grupo, uma vez que essa lista de candidatos alcança cerca de 20 países (como a Argentina, o Irão e a Argélia por exemplo).
Ao aproveitar o peso financeiro e a expertise dos BRICS, Angola poderia se posicionar de forma mais vantajosa no cenário internacional, acelerando seu caminho rumo a um desenvolvimento sustentável e diversificado.
E a pergunta que se conclui: estará o governo de Angola disposto a cumprir com os requisitos para essa inserção aos BRICS?
Emerson Sousa.
Escritor e Analista político.