Luanda - As autoridades angolanas não sabem lidar com actos pacíficos e democráticos. Manifestações, saraus, passeatas ou carreatas promovidas por cidadãos que se batem pelos seus direitos consagrados na Constituição vigente e nas demais leis ordinárias da República tiram o sono ao Executivo e deixam-no com os nervos à flor da pele.
Fonte: Club-k.net
Instituições como a Polícia Nacional, Serviço de Investigação Criminal (SIC) e outros organismos paramilitares carregam, humilham e, se necessário for, executam manifestantes, pelas seguintes razões: primeira, estão impreparadas para lidar com manifestações no contexto de liberdades civis e políticas; segunda, são instituições paramilitares preparadas fundamentalmente para situações de guerra convencional ou de guerrilha; terceira, usa, abusa e utiliza-as a seu bel-prazer em decorrência da faculdade de ter estes organismos a sua mercê.
Os agentes das sobreditas instituições, na maior parte dos casos, agem como se de psicopatas assassinos-torturadores se tratassem para mostrar serviço ao Presidente da República e ao seu Executivo.
O Executivo ordenou recentemente ”, por exemplo, que o Tribunal provincial de Luanda julgasse e condenasse cinco activistas, por se terem manifestado. Os activistas foram condenados a penas que variam entre os doze meses e os três anos de prisão.
Entretanto, aqui há uns meses um cidadão de nacionalidade chinesa terá cuspido no rosto de um agente do SIC sem que nada lhe tivesse acontecido, como bem lembrou recentemente o jurista e jornalista William Tonet num vídeo que corre nas redes sociais. Foi presente ao Tribunal e apenas foi condenado a pagar uma multa. Por que? Porque o Executivo não deu “ordens” para que o cidadão chinês fosse condenado e preso.
A forma como os agentes da Polícia Nacional e do SIC lidam com as manifestações e os activistas que as promovem, sugere, também, indícios de psicopatia da parte do Executivo. Ouve falar em manifestações, trata logo de responder com força bruta, não se coibindo de colocar tanques de guerra na rua, se necessário, for com o intuito de intimidar os activistas.
Urge treinar os agentes da Polícia Nacional e do SIC, de modo a lidarem com os activistas sem armas de calibre de guerra. Seria bom (penso eu) se o Executivo pensasse bem nisso.
Esta “mania” de o Presidente da República e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, mandar prender por tudo e por nada, poderá, no final do seu mandato, custar-lhe (muito) caro. A factura poderá ser politicamente (muito) pesada. Se dúvidas há, que se faça uma “psicografia” e se pergunte ao Presidente Emérito do MPLA, José Eduardo dos Santos, como se arrependeu amargamente, na recta final do seu mandato, por ter caucionado a injusta prisão do famigerado caso 15+2.
Quem avisa, inimigo não é!