Luanda - Em 20 de julho de 2023, celebramos o aniversário do nosso querido pai, o general Amos Chilingutila.

Fonte: Club-k.net

Ele era um homem de coração puro e humanista, amigo dedicado aos seus e àqueles que o viam como inimigo.

 

Sempre proporcionou uma educação liberal, mas com limites. Eu, como filho da velhice, como dizem, passei parte do meu tempo ao lado dele, sempre que possível.

 

A política e outros compromissos o ocupavam demasiadamente, mas ele sempre encontrava maneiras de contornar isso para estar junto da família. Lembro-me, aos meus 4 anos, das idas ao Panguila, todos os queridos finais de semana.

 

Sempre fui seu admirador. A primeira vez que viajei foi em 2008, com 8 anos, para Portugal, acompanhado do meu primo Demóstenes, que era homônimo do pai, carinhosamente chamado de "maninho". Após três dias, quis voltar para Angola, pois sentia saudades do pai. Até mesmo durante uma visita ao dentista, recusei abrir a boca, chorando de saudades, e meu primo ligou para meu pai, que me acalmou e assegurou que em breve estaríamos juntos novamente.

 

Em 1987 e 1988, durante a batalha de Kuito Kuanavale no Cuando Cubango, meu pai enfrentou desafios consideráveis, mas sua astúcia fez com que o MPLA recuasse. Lembro-me de suas histórias, inclusive sobre a captura de materiais de guerra cubanos.

 

Nos últimos tempos de sua vida, estivemos sempre juntos. Lembro-me da última vez que estivemos na fazenda na Quibala, acordando ao som do tio Júnior João anunciando a alvorada. Meu pai, com sua pistola castanha, sempre enfatizava a importância da prevenção.

 

Em 2020, diante da pandemia de COVID, meu pai previu o agravamento da situação e propôs mudarmos para Quibala, buscando a agricultura e pecuária. Foram momentos significativos, e, embora nos últimos tempos tenham surgido sinais de sua partida, lembramos com carinho esses bons momentos.

 

Em 2021, ao partir para o óbito do mano Lito, tivemos uma conversa no carro sobre empreendedorismo. Meu pai expressou felicidade ao falar sobre minha iniciativa e incentivou-me a não depender do governo, sugerindo uma parceria com meu primo Júnior.

 

A última vez que ouvi sua voz foi no dia em que partiu para o Senhor. Eu também estava doente. Ele perguntou sobre minha saúde, e ao mencionar que ele estava mais ou menos, meu celular desligou. Após o reestabelecimento, vi uma mensagem que expressava desconfiança nos médicos.

 

Na noite desse mesmo dia, ao tentarmos contato, o celular permanecia desligado, o que não condizia com seu hábito. Às 02:00, a mãe o levou para a clínica, e, após várias tentativas sem sucesso, enfrentei uma recaída e só soube da notícia pela manhã.

 

Nesta data, recordamos algumas coisas sobre ti, pai. Estamos certos de que estás bem ao lado do Senhor. Em nome de todos que te amam sinceramente, enviamos um abraço e desejamos felicidades nessa nova jornada.

 

Da sua família, que o amou e o lembrará para sempre.