Luanda - Já escrevi sobre este tema há algum tempo, mais de um ou dois anos já passaram, mas decidi refrescar algumas memórias resistentes(ou calcinadas?) à mudança.

Fonte: Club-k.net

O que é o tokenismo?

O tokenismo é uma forma de representação superficial que visa dar a aparência de diversidade ou inclusão, mas que, na realidade, não promove uma mudança significativa ou genuína.

Como se operacionaliza o tokenismo?

Em vez de abordar questões estruturais da desigualdade ou exclusão, o tokenismo coloca indivíduos de grupos minoritários em posições de destaque ou visibilidade apenas como símbolos, sem realmente dar-lhes poder ou voz e vez substancial.

Por exemplo, uma instituição qualquer, o governo ou um partido, coloca uma pessoa com deficiência numa das suas estruturas de direcção, ou numa lista de candidaturas, apenas para causar a impressão de haver inclusão no seu seio ou granjear simpatias e votos do grupo supostamente representado, mas na realidade a tal pessoa incluída não tem protagonismo por aí além, sendo que ninguém o ouve ou liga nenhuma, ou não chegará a ser eleita.

Essa prática é comum em diversas esferas da sociedade, desde ambientes de trabalho até meios de comunicação e esferas políticas.

O exemplo referido acima é recorrente na sociedade angolana, a tal ponto que qualquer angolano, ou outra pessoa que conhece a nossa realidade, se lembrará de alguma experiência de tokenismo, tendo visto ou ouvido falar de uma empresa contratar uma única pessoa, ou umas poucas pessoas, com deficiência, como evidência de diversidade e inclusão, enquanto as práticas internas continuam a perpetuar as desigualdades sistêmicas, portanto são exclusivas.

No âmbito político, o tokenismo pode se manifestar quando um partido ou governo nomeia uma pessoa de um grupo minoritário para uma posição de destaque, mas não adopta práticas substanciais, concretas e visíveis para abordar as necessidades e preocupações desse grupo.
Há partidos que têm militantes e dirigentes com deficiência, mas não derrubaram as barreiras físicas existentes nas suas sedes, pelo que os mesmos “incluídos” batem-se com a falta de acessibilidades.

O tokenismo não apenas falha em promover uma verdadeira inclusão, mas também pode minar os esforços para alcançar a equidade e a justiça social.

Ao destacar indivíduos isolados sem abordar as estruturas de poder e as barreiras sistêmicas que impedem a plena participação de grupos minoritários, como o das pessoas com deficiência, o tokenismo perpetua a marginalização e a desigualdade.

Como combater o tokenismo?

Para combater o tokenismo, é fundamental que as instituições e organizações adoptem uma abordagem mais holística e comprometida com a diversidade e a inclusão.

Isso inclui a criação de políticas e práticas que promovam a equidade, o empoderamento e a representação genuína de todas e todos os grupos, em todos os níveis da sociedade.

É fundamental que se reconheça a diferença entre uma inclusão superficial, apenas para parecer que há, e uma inclusão verdadeira e significativa.

Somente quando a sociedade se comprometer com acções concretas e duradouras poderemos construir um país verdadeiramente inclusivo e justo para todas todos.

Nada sobre Nós sem Nós
Nada sem Nós é inclusivo
Inclusão é também conosco
A democracia faz-se com inclusão

Por: Adão Ramos, activista, defensor e formador dos direitos das pessoas com deficiência
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