Lisboa - O ativista angolano Tanaice Neutro deu início a uma greve de fome na Comarca de Kakila, sob o lema "Liberdade ou Morte". A ação, iniciada haá 27 de fevereiro, protesta contra a morosidade do processo judicial em que está envolvido.

Fonte: Club-k.net

Segundo familiares de Neutro ouvidos pelo Club-K, a greve de fome foi motivada pela informação de que o recurso interposto pelo seu advogado ainda não subiu para o Tribunal da Segunda Instância para ser avaliado. Os familiares, alegam que o processo foi engavetado pela juíza Maria Vangui Pascoal, do tribunal Dona Ana Joaquina, por ordens superiores.

 

Tanaice Neutro encontra-se na Comarca de Kakila, local de difícil acesso. A situação se agrava com a gravidez avançada da sua esposa, responsável por levar-lhe alimentação. A cada dia que passa, o estado de saúde de Neutro se deteriora.

 

Familiares de Neutro alertam que, caso algo lhe aconteça durante a greve de fome, o Presidente João Lourenço será responsabilizado.

 

Tanaice Neutro é um ativista conhecido por sua luta pelos direitos humanos e pela justiça social em Angola. A sua greve de fome coloca em destaque a morosidade do sistema judicial angolano e a necessidade de garantir um julgamento justo e célere para todos os cidadãos.

 

Paralelamente, o ativista Luaty Beirão denuncia (em carta publicada pelo Club-K) a conduta da juíza Maria Vangui Pascoal no caso dos presos políticos Adolfo Campos, Gilson da Silva Moreira "Tanaice Neutro", Hermenegildo André "Gildo das Ruas" e Abraão Pedro Santos.

 

Beirão destaca a falta de transparência no processo, incluindo a ausência de acesso à certidão da sentença por 15 dias, impossibilitando a interposição de recurso. Os advogados tiveram que permanecer no tribunal até finalmente receberem a sentença, em outubro de 2023. Até o momento, a juíza ainda não respondeu ao recurso, evidenciando uma manipulação injusta do sistema judicial e uma tentativa de reprimir a intervenção social.