Luanda - "Pula-Pula", tido como "exterminador implacável" ex-agente do Serviço de Investigação Criminal (SIC), afecto ao Comando Municipal do Cazenga, e posteriormente expulso por cometer vários crimes de homicídio, agora segurança privado, na companhia de Isaías Lisboa Aires, empresário e dono do grupo Porto Móvel, estão a ser acusados de matar Misaque João Adão, também conhecido por “Tuyu”, em Setembro de 2023, com três tiros de pistola, sendo um do braço e dois do abdómen.

*Kiamukula Kanuma
Fonte: Na Mira do Crime

O empresário responde pelo processo nº 10791/023-DH, como cérebro da execução no bairro Henda, distrito do Zango 2 – B, município de Viana.


Maria Manuel Adão, de 54 anos de idade, irmã do malogrado Misaque João Adão, disse a este Jornal que, em Setembro de 2023, num sábado, às 19 horas, o “Tuyu” como era carinhosamente chamado, foi baleado a escassos metros de casa, supostamente pelo “Pula-Pula”, que se fazia passar por Flávio, chefe dos seguranças do empresário Lisboa Aires, quando o perseguia de motorizada, depois de há uma semana ter prometido publicamente matá-lo caso ele não abandonasse as terras "que herdamos no nosso Pai".

"Desde que perdemos o Tuyu, vivemos com medo de pensar quem vai ser o próximo", disse para depois acusar a justiça de estar a atrasar com o processo.


"O caso da morte do meu irmão está no SIC, mas o caso das nossas terras está no tribunal e, como se sabe, isso demora algum tempo", reconheceu, referindo que, enquanto isso, Lisboa Aires, está a acelerar as obras, tendo já começado a comercializar as residências.


"Ele é que está a abrir as ruas, já não temos ninguém a quem nos queixar", confessou.


Para ela, a justiça está a ser feita muito devagar, apesar de já terem sido contactados pelos investigadores do SIC que estão a tratar o caso da execução de "Tuyu".


"Só que, aqui no terreno, só há humilhação, ameaças, surra”, revelou, enfatizando que, no mês passado, a vizinha Flora apanhou uma grande sova das mãos do Pula-Pula, à frente dos filhos, até a filha de 16 anos desmaiar. Motivo: Maria estava a vedar o seu quintal com chapas.


“Pula-Pula”, chefe dos guardas com uma estrutura física avantajada, vulgo "caenches", age às ordens do empresário Isaías Lisboa Aires que raras vezes aparece no referido local.


"Nunca o vimos, só ouvimos falar dele", assevera. Francisco Joaquim Sacombuya, outro morador, disse que na companhia do pedreiro e da menina de 16 anos presenciaram tudo.


"Também fui ameaçado, e fugi. Quando regressei a casa, a minha mãe disse-me que o Pula-Pula foi lá e prometeu matar-me quando cruzar comigo", denunciou, exigindo que a justiça seja mais célere para se evitar males maiores.


"Essas terras são nossas, temos aqui este tanque de água que foi construído pelo meu pai, em 1985”, atestou.


De acordo os moradores, Pula-Pula quando veio trabalhar com Lisboa Aires, apresentava-se como Flávio, chefe de segurança do Condomínio que está a crescer aqui "nas nossas terras", mas depois foi descoberto que é o Pula-Pula que ouvíamos na Imprensa.


"Depois da morte do meu irmão, ele começou a exibir-se, comprava cerveja na vizinha do malogrado para nos fazer ver", afirmam, acrescentando que ele anda armado com duas pistolas, faz tiros por tudo e por nada.


Recentemente, foi reconhecido pelos novos moradores que vieram do Cazenga e
que nos advertiram “que este é o Pula-Pula, e não Flávio; um marginal que matou muita gente em Cacuaco e Cazenga", revelaram, precisando que a partir daquele momento, ele faz e desfaz.


O que mais inquieta, segundo os moradores, é o facto de ele ter prometido matar o malogrado como se mata um cão e ter cumprido. E mais: apesar das acusações que pesam sobre a dupla, esta continua impune.


Este jornal contactou o empresário Lisboa Aires, na segunda-feira, 25, através do seu número de telemóvel, mas sem sucesso. De seguida, contactamos o irmão do empresário, apenas identificado como Frederico, que atendeu o telemóvel e prometeu contactar o irmão para responder as chamadas, mas, até a publicação desta matéria sem sucesso.