Luanda - A VAMED Angola continua a coleccionar uma sucessão de transgressões contratuais das empreitadas que tem sob sua responsabilidade.

Fonte: Club-k.net

Depois da denúncia feita pelo Portal Transparência News, no mês passado, com o título "VAMED Angola: Tráfico de influência e labirintos da corrupção", eis que a voz da contestação soou do mais alto mandatário do país, João Lourenço, na última sexta-feira (12.04), durante o acto inaugural do Hospital Geral de Viana, localizado no distrito Urbano do Zango, baptizado com o nome do Bispo Emílio de Carvalho, em homenagem ao Bispo reformado da Igreja Metodista.

 

Aliás, o primeiro sinal de descontentamento foi manifestado pelo PR, no dia 9 de Setembro, a margem da visita de constatação às obras da referida unidade sanitária, cuja inauguração estava prevista para Dezembro do ano passado.

 

Decorridos sete meses, e sem papas na língua, o Presidente da República disse que a VAMED Angola tem violado, sistematicamente, os contratos e, como se não bastasse, teve o descaramento de exigir um valor adicional capaz de construir e equipar um hospital de raiz.

 

"Os contratos com essa empresa não estão a ser respeitados, não só do ponto de vista de qualidade e do cumprimento dos prazos de execução, mas acima de tudo, porque estamos a ser solicitados um valor adicional muito acima daquele que contratualizado. Tão alto que dá para construir e equipar um hospital de raiz.", referiu o PR João Lourenço.

 

Ao que conseguimos apurar, a empresa em causa não tem "ficha limpa". Sob si pesam várias denúncias sobre tráfico de influência e corrupção, que indiciam os crimes de peculato, sobretudo no ramo da saúde, onde se destaca como a líder dos ajustes directos no país.

 

A VAMED Angola é uma empresa austríaca, sediada no município de Viana, capital do país, desde 2013, e a sua estrutura accionista é integrada por indivíduos austríacos e angolanos. Actua, fundamentalmente, no sector da construção civil.

 

Fontes dignas de créditos afirmam que, a ascensão meteórica da empresa que "está na boca do povo" deve-se ao facto de estar ligada a "figuras palacianas", que facilmente conseguem contratos milionários e renegociar a seu bel-prazer.

 

A VAMED Angola conseguiu obter uma relação privilegiada com o sector da saúde através da sociedade existente com o antigo Ministro Chefe da Casa Civil do Presidente da República e actual Embaixador de Angola no Reino da Arábia Saudita, Frederico Cardoso. De lá pra cá, o grupo empresarial austríaco continua a esfregar as mãos de contente, desfrutando de contratos milionários, resultado de justos directos, ou seja, sem concurso público.

 

Sabe-se, porém, que, o cenário vivido na empreitada do recém-inaugurado Hospital Bispo Emílio de Carvalho, é semelhante às obras em curso na província do Huambo, precisamente, o Hospital Militar Regional, no bairro Lossambo, e o Hospital Pediátrico, no município do Bailundo, assim como a construção do novo Hospital Municipal da Catumbela, província de Benguela. As respectivas infraestruturas registam atrasos na sua execução, apesar do Estado ter feito pagamentos atempadamente.

 

Diante do desabafo do PR João Lourenço, uma pergunta se impõe: afinal, por quê razão a VAMED Angola continua a ser privilegiada com adjudicações directas no sector da construção? Até quando a empresa, que de forma recorrente exige valor adicional, vai continuar a coleccionar obras, desrespeitando os prazos contratuais?