LUANDA — O Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola, na capital, está a ser acusado de manter ilegalmente quatro membros da mesma família, detidos a pedido do empresário de nacionalidade chinesa, dono do Shopping Kikolo, no município do Cazenga.

Fonte: VOA

As autoridades negam a acusação e dizem que os três irmãos protagonizaram vandalismo e roubo de oito chapas do centro comercial, em Luanda.


De acordo com relatos na região, tudo começou com uma suposta rejeição de alguns moradores em vender as suas residências ao empresário e dono do Shopping Kikolo, Jack Huang, mais conhecido por “Lin”, para a expansão das suas instalações.

António Chicola, filho de Ernesto Chicola, de 70 anos, diz que o empresário vedou e pavimentou as zonas já confiscadas.

Entretanto, com a chegada das chuvas, as casas não comercializadas, entre as quais a do seu pai e as de outros vários vizinhos, acabaram inundadas.

Em revolta, os residentes do bairro do Compão, no Cazenga, retiraram várias chapas que circundam o centro comercial, fato que não agradou o empresário.

De seguida, "Lin" terá recorrido aos efetivos do Departamento de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP) da Polícia Nacional, que se negou a deter os criminosos, conta a familia Chicola.

As mesmas fontes indicam que Lin, então, recorreu a uma brigada do SIC do Kauelele, que executou a ação.

“Eu também fui recolhido. Quando vi que os rapazes estavam a ser batidos, eu vi que estavam a bater muito nos rapazes. Eu então disseÇ não poderiam perguntar primeiro? A lei não é assim. Só mesmo por perguntar. Eu como mais velho, também com os filhos a serem batidos, eu disse assim, o chinês pagou-vos. Pronto, aquilo foi crime para mim. Também fui levado até ao comando do Kauelele”, afirma Ernesto Chicola, o patriarca da família.

António Chicola, de 34 anos, diz que foram torturados. “Todos os dias éramos torturados, praticamente. Nós vimos o inferno aí. Nós fomos presos, não sabíamos qual era a acusação. Não sabíamos. Nós fomos presos. Não sei o que nós fizemos”, conta.

SIC refuta acusações

Contactado pela Voz da América, o porta-voz do SIC diz que se tratou de uma detenção normal e que os três irmãos estão a ser acusados de vandalismo e roubo de oito folhas de chapas de zinco.

“Na verdade, não foi um sequestro, nem tampouco qualquer ato ilegal. Foi uma detenção, porquanto estes 13 indivíduos, por sinal, membros da mesma família, são acusados de vandalismo e roubo de 8 chapas de vedação do Shopping Kikolo”, defende o superintendente-chefe de investigação criminal, Manuel Halaiwa, acrrescentando que os acusados foram apresentados ao Ministério Público e soltos 10 dias depois.

Halaiwa acrescenta que o empresário e dono do Shopping Kikolo, tal como qualquer cidadão, apresentou uma queixa e, por isso, as autoridades tiveram de atuar.

A Voz da América tentou o contato com Jack Huang, mas sem sucesso.

Entretanto, o Diretor de Asseguramento do Shopping Kikolo, Bráulio Bravo, não querendo gravar entrevista, minimizou as acusações, por considerar que as supostas sevícias não se registaram nas suas instalações.